O novo Rap Nacional

A lembrança percorre os meses anteriores para apurar qual assunto foi recorrente na pauta cultural nesse ano que chega ao seu final, contrariando o seu passado de isolamento, o rap nacional através de novos artistas conseguiu atingir constantemente as páginas de diversos veículos.

No entanto, a direção nem sempre andou para esse lado, o diagnóstico era outro, o distanciamento a mídia pautava o percurso do gênero musical, que passou a década passada sendo sinônimo de marginalidade. Na linha de frente, Os Racionais Mc´s conseguiu a sua notoriedade sem apelo midiático algum, através dos próprios fãs que disseminavam e cantavam suas músicas aos quatro cantos da cidade. Além do grupo hegemônico, outros nomes se prendiam dentro do nicho, abrindo exceções a poucos veículos, tornando muita qualidade quase invisível, conseqüentemente descriminalizada. 

Ensaiando remodelar o muro de isolamento, nos meados de 2000 surge Sabotage, morto em 2003, mas que através de seu carisma aproximou outras musicalidades ao rap, já preparando, mesmo inconscientemente o cenário para a atualidade.

Há exemplo do rapper paulistano aparecia aos ouvidos da maioria casos como Mv Bill e Rappin' Hood, entretanto faziam parte de uma minoria, sem o poder midiático necessário para redistribuir outros exemplos.

E a atualidade mostra o contrário, o rap nacional alcançou a auto-estima e vem quebrando o paradigma que enfrenta durante anos. Artistas da nova geração caminham construindo novos versos que não se limitam a questão social, temas impensáveis em outrora e que saem de suas rimas agora, como o amor, a vida e amizade fazem parte de um novo repertório que visa consolidar-se na música brasileira.



A dupla principal dessa empreitada, Criolo e Emicida, literalmente invadiram os noticiários esse ano, ambos protagonizaram publicações e foram capa de uma considerável revista nacional, participaram e foram entrevistados em diversos programas da televisão, semanalmente eram lembrados em notas nos veículos impressos e se não basta-se o burburinho acabaram premiados nos principais prêmios da música popular brasileira. Definitivamente são os rostos desse novo momento do gênero, porém a luz do túnel não acaba com eles, outros artistas começam a ganhar espaço midiático , destaques para Rodrigo Ogi, Lurdes da Luz, Flora Mattos, Flavio Renegado, Projota, Rashid, Karol Conká, Rael da Rima e Pentágono.

Se antes a logística dos shows era feita para os espaços periféricos, atualmente ocorrem muitas apresentações em casas tradicionais do centro da cidade, como o Studio SP localizado na Rua Augusta, o que ocasionou a popularização das músicas, porém, convenhamos que o gênero ainda manifesta em boa parte da sociedade o preconceito, em compensação as conquistas estão se consolidando para rebater a desconfiança.

Alguns consumidores de música dizem que o motivo principal para ter ocorrido à mudança foi por conta do advento da internet, um agente determinante na vida artística da nova geração, sem as ferramentas virtuais o gênero estaria fadado ao afastamento de sempre. O que de certa forma é verdade, em contra partida a mentalidade do novo rapper se modificou, o pensamento que culmina é a liberdade que a música emprega, sem restrições, ou seja, um direito social.

Parecido com um garoto que enfrentou o medo e alcançou as suas primeiras pedaladas em uma bicicleta, o rap abandonou a sua zona de conforto e deseja alcançar voos maiores.

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