Para que rotular? Basta estabelecer a normalidade sem definições que por si só clamão por preconceitos

Antes de tudo, quero deixar bem claro que não sou preconceituoso, pelo contrário em meu mundo utópico, imagino todas as pessoas vivendo, respeitando qualquer diversidade demonstrada, porém uma leitura me fez abrir caminhos para obter possíveis respostas de o porquê ainda existir ações contrarias aos homossexualismos. 

O nome do livro é: A política para não ser idiota escrito pelos filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro.  Tal pensamento veio a minha mente devida, uma constatação feita por Cortella sobre a falta de posicionamento político coletivo, sua opinião é por ter ocorrido uma substituição do termo indivíduo pelo individual, ou seja, a sociedade está presa em questões de âmbito privado, causando um deslocamento direto na vida política. 

Quando empregamos a palavra Individual para ser definida, pensamos ser uma questão de caráter singular – a interesse exclusivo de uma única pessoa, sem a possibilidade de inserção alheia. Com isso, abre- se uma questão já relatada por um teórico de Frankfurt – Herbert Marcusedefensor e criador da teoria de padrões de comportamento.  

Termo antigo usado pelo teórico, para identificar determinações da indústria cultural sobre o comportamento humano. Que leva o individuo a crer que tal ação utilizada é a sua identidade, mas não é uma definição comportamental, que diz a respeito do individual.

Sendo assim: eu não posso acreditar no homossexualismo, como também no heterossexual, por que o rotulo não é sobre a identidade, é sim um padrão de comportamento, sendo assim: uma classificação de comportamento além de abdicar do coletivo, existe nela, uma forte e estreita relação com o preconceito – em geral, usando outros exemplos como “comportamento musical”, podemos identificar um pré-conceito estabelecido por se tratar de uma manifestação diferente das consagrada: - exemplo: “Pessoas que gostam de Emocore, dentro da sociedade existe uma recepção negativa diante desse subgrupo”.

É a opção sexual não é identidade – não pode ter um indivíduo ao perguntado sobre qual é a sua identidade, que responda minha identidade e ser heterossexual. Não, identidade determina estado físico – exemplo: uma pessoa alegre, brava ou persistente, definições abstratas de sentimento, enfim – ser gay ou heterossexual não condiz como a identidade, se refere ao comportamento, que desde já pode ser levado a existir pelas mais distintas razões.

Um ser humano está apto a experimentar qualquer tipo de condicionamento sexual, ou seja, não existe uma restrição física, o que existe é um manual comportamental que está inserido de acordo com as varias esferas da sociedade, que dependendo da situação, pode se direcionar: a uma questão, sócio- econômica, passando ao exemplo rotineiro do falso julgamento sobre a moralidade comportamental que segue caminhando de gerações (sempre intocáveis) e finalizando a uma questão de determinações de outros grupos em cima do interesse do individuo.

Por isso acredito que o fato de assumir ser “Homossexual” você está inconscientemente propagando o preconceito, que historicamente estão ligados a rótulos.

É evidente que as pessoas se encaixam como objetos dentro de sua opção sexual, porque sempre existiram pré- estabelecimentos de como se comportar e dentro desses, existe uma forte negativa ou positiva em ser diferente do padrão estabelecido.  Indo mais longe, fazendo parte de um rótulo você se estabelece como publico alvo de algum nicho especifico da publicidade e sucessivamente do consumo.

Mas, como viver em um mundo sem rótulos e definições? Isso é uma questão que vai além de mim, o que eu sei, e, é evidente em certas classificações o dano é reparável, só que no caso dos homossexuais, fatos mostram que a situação se complica cada vez mais, sem haver uma conscientização da própria categoria, em deixar de se isolar em um nicho especifico e sim, mostrar que de fato se relacionar amorosamente com um semelhante do mesmo sexo  não é nada surreal, é sim, corriqueiro desde os primórdios, onde e quando essa ação ocorria não existia pré-definição.

Enquanto houver lutas de classes isoladas e não o real debate sobra à verdadeira igualdade e a opção de se viver fora do comportamento encontrado no eixo-consagrado e que fique clara a importância deste não ser rotulado em um condicionamento individual e ser sim uma opção, o preconceito existirá. Porque, essa palavra chamada preconceito está enraizada em todas as classificações e as pessoas nascem com preconceitos não mais por ser descontente da ação especifica, mas sim, por ser levado a crer de varias fontes, que determinada manifestação tenha passado por cima do seu falso valor, o qual a sua vida toda foi doutrinado a aprender.

Homem Perfeito

Eu quero, você - eu quero, tudo: te conhecer, beijar, sentir teu corpo, completar duas semanas, pedir em namoro, quero ser a culpa da briga, ser o motivo do choro, ser o sorriso da sua manha, te dar conselhos, perder meus amigos e ganhar o seus, quero que durma aqui, no meu apartamento, pra mais tarde ser seu, quero, dirigir para vocÊ, fazer comida, seu prato preferido, limpar a casa, lavar sua sujeira, eu quero, tudo. Quero lhe dar múltiplos orgasmos e pagar a sua conta, discutir a relação, quero lavar tudo, da sua calcinha a uma blusa que goste, quero lhe dar banho,  passar o rodo, sufocar voCê ligando, em horário comercial, quero perguntar, como foi seu dia? Na sua chegada. Quando estiver fora, quero preencher a nossa caixa postal, dizendo, dizeres de saudades, sufocar você em um quadrado, onde te contemple todos os dias, do ano, mínimo e mesmo assim, para mim, não é suficiente. Eu quero, você, assim quando casarmos, buscar e levar nosso filho na escola, para te dar descanso e no farol vermelho, a cada parada te ligar, em horário comercial, para te dizer, dizeres de obsessão, quero, gostar menos de mim, para o meu gostar ser só seu e assim, quando encontrar a TPM, usar-me, xingar-me - não ligo, eu quero ser o homem que você sempre sonhou na sala escura do cinema quando era adolescente, com você do meu lado eu sou você,  sendo você eu sou perfeito, quero você, pensar a frente, de nós dois e pra sempre cozinhar, limpar, transar, buscar, ligar, pagar, ser bonito, assistir, fazer compras, ser amigo, dos seus, fazer, o que gosta, andar onde, no shopping comprar, comemorar anualmente você, existir em mim, assim, nas bodas de prata ser o motivo, pra você saber que eu fui perfeito. Mas no dia seguinte das bodas, estarei envenenado por você, porque pela primeira vez descobriu que a perfeição sempre morre e do lado de fora do seu ego existe um mundo.

O Discurso do Rei (The King's Speech, 2010)

A dificil briga de vencer o medo

Alguém já dizia: sobreviver é fácil, viver que é difícil – argumento de bastante solidez que pode sim, ser usado para determinar a ciência do viver. Diante de tal pensamento, sinto-me a vontade de concluir um fato: todo ser humano sente, sentiu ou vai sentir algum tipo de medo, que acaba tendo uma ampliação maior e se transformando em problema real, podendo prejudicar diretamente as varias esferas do viver – tornando evidente uma barreira nunca alcançada do indivíduo contra o seu medo. A solução para essa questão vem com a paciência de ter no amanhecer de cada dia, a comprovação da diferença.

Já que todos são familiarizados com o tema (medo), dessa forma, o longa-metragem “O Discurso do Rei” é recomendando para todos, mesmos aqueles que devem estar contrários da minha afirmação e nesse exato momento devem estar pensando: “Eu sempre venci o medo de uma maneira bem fácil – Nunca tive grandes problemas com isso”. Para esses, só resta o seguinte discurso: - Então, bravo homem, sua vida é um tédio, para não dizer merda.

O medo é importante para evoluirmos como seres humanos – para determinados momentos de nossas vidas sabermos como foi gratificante a nossa transformação e a vitoria contra aquilo que nos restringia e oprimia.

Deparando-me com essa projeção, que concorrerá a 12 estatuetas do Oscar (incluído a de melhor produção do ano) e, é dirigido por Tom Hooper, um cineasta britânico, ainda desconhecido por aqui (Brasil), tive uma grata surpresa, bem diferente da expectativa gerada pelo meu imaginário, na minha mente se tratava de mais uma trama inglesa, na qual tinha diálogos chatos e tentava mostrar a superioridade de ser britânico.

Não que a história seja imparcial, o roteiro tem certas tendências fervorosas, segue em cada cena tentando humanizar a figura do rei George VI. Porém, existe uma regra em se fazer uma filmografia, que é uma linha tênue, entre o natural e o clichê. Quando bem realizado, a grosseria e os estereótipos são descartados, para dar passagem ao natural, (com perdão de Abbas Kiarostami) chegando a uma cópia fiel.

É quem não gosta de assistir uma produção baseada em fatos reais e sentir-se um transeunte do relato, pois, Hopper mostrou maturidade em retratar os anos de 1934,1935,1936 e 1939 – o tempo que ocorre o drama pessoal do pai da atual Rainha Elizabeth II.

Sinopse:

Parece que o medo e o trauma responsáveis pela gagueira de Berty (conhecido assim pelos íntimos) - George VI (Collin Firth) - (o até então Duque de York), foi construído desde sua infância, por intermédio de uma relação complexa com o seu pai, o até então Rei George V.

Casado com Lady Elizabeth Bowes –Lyon (Helena Bonhan Carter), com quem tem duas filhas, o Duque segue sua vida colecionando fracassos em relação a sua oratória, refletindo em uma imagem degradante perante a família real e os súditos Ingleses.

Em uma quase “obsessão”, juntamente com sua esposa, na tentativa de sanar seu problema, procura os diversos fonoaudiólogos da região, no entanto, acaba se lamentando a cada nova consulta. Agravando ainda mais a gagueira.

Com o estado limitado e as opções de cura se evaporando, ele procura Lionel Logue (Geoffrey Rush) – veterano de guerra, dono de uma excelente dicção, que a ajudou no tratamento de casos semelhantes com o do rei.

O diferencial de Lionel é que ao contrário dos outros profissionais, ele cutuca a verdadeira ferida do problema, ou seja, em vez de se apegar a métodos e mitos ultrapassados, sua forma de trabalho é simples – primeiro: descubra seu medo, segundo: lute contra eles e terceiro: o vença.

Berty, sem a familiarização da temática de Logue, hesita no primeiro momento em ceder o tratamento, em contra partida, sente-se sobrecarregado e cobrado por sua posição real. Ainda mais, com a morte do seu pai e com a lacuna deixada por seu irmão Edward (Guy Pearce), que seria o sucessor do trono, mas por uma paixão fora dos padrões reais, abdicou-se do poder, o transformando no rei.

Só que o rei precisa discursar para seu povo e o agora George VI, sente-se mais acuado diante de tanta incerteza e por esse fato, Lionel reaparece, o ajudando em seu discurso decisivo, que anunciava a Inglaterra inimiga da Alemanha de Adolf Hitler. O inicio de uma nova guerra.


Considerações finais – A competência de Firth

Pode ser um relato de uma personalidade real, mas até as pessoas nobres transformados em mitos, sofre com suas dificuldades. É, o que o roteiro escrito por David Seidler mostra a cada trava de diálogo entre George VI e Lionel, a constante luta de se perder o medo, do enfrentamento direto com seus demônios. Acho impossível, alguém ver essa história e não se familiarizar com a figura acuada do rei em determinado momento da vida.

Como também acho improvável ao termino da projeção, não chegar ao senso comum de que a atuação de Colin Firth é antológica. Se ele, já tinha mostrando seu talento interpretado um professor gay tentando recomeçar a vida em “O direito de Amar”, dessa vez, ele chega ao ápice de um ator, conseguindo esboçar diferentes sentimentos, a cada fragmento do olhar, no tom de voz, no seu comportamento – em sua atuação enxerguei o medo, a raiva, o receio, a paciência, o afeto, a gratidão, o comprometimento, a nobreza, a timidez, o desequilíbrio, o equilíbrio, a dúvida, o amor e a coragem.

Quero que fique bem claro, não estou sendo efusivo, digo de uma só vez: sei que Javier Barden (em relação o grande concorrente dele na corrida do Oscar a melhor ator) imortalizou o seu novo personagem, não assisti seu novo filme, mas pelos excelentes comentários, sei da competência do seu papel, porém, Firth há muito tempo vem colecionando trabalhos bem sucedidos e o seu Oscar já passou do tempo. Nesse trabalho, ele merece ser colocado, num patamar de excelência a nível de Al Pacino, Robert de Niro, Brad Pitt, Sean Penn e Jack Nicholson.

Continuando a tratar do seu trabalho, destaco duas cenas, nas quais o espectador certamente sentirá um breve arrepio no corpo, por conta da sua novamente frisada: antológica atuação. Na primeira cena que senti a obrigação de citar nesse texto é a briga dele - o até então Duque contra o seu Irmão que tinha acabando de se tornar Rei – numa cena, onde seu irmão tira sarro de sua gagueira – percebe-se um sentimento de inferioridade passada por Firth que vai além do que se vê na tela, sendo que a sua reação ao ser reprimido por seu irmão mais velho foi sublime e consegue ultrapassar todos os limites da distância e chegar ao expectador.

Na segunda cena, dividindo a maestria com Geoffrey Rush, ocorre quase no final da película, (atenção spoiller) – acontece o esperado discurso, dentro de uma sala radiofônica, numa breve dramaticidade provocada pela trilha sonora ao fundo – com a ajuda de Rush – que rege o discurso do rei como um maestro, Firth tem colapsos recorrentes de nervosismo, cautela, segurança e paciência. Causando a emoção no publico. Nesse momento, se concretiza a vitoria do ser humano contra o trauma. O mais impressionante e na cena seguinte, depois do discurso, em que ocorre à transformação do personagem - de um cara cheio de questões, para um verdadeiro líder, que estava pronto para reinar.

Em certos momentos do filme tive a impressão de estar observando um quadro artístico, por conta da sutileza da fotografia de Danny Cohen, que conseguiu reproduzir a época.

Vou confessar, para isso vou pegar emprestadas algumas palavras do Ronaldo, se estiver pensando no jogador (o fenômeno), acertou, no qual escreveu nessa semana o seguinte sobre o programa esportivo Globo Esporte e Jogo Aberto. “O globo esporte do nada faz tudo, enquanto o JA do nada faz porra nenhuma” Mesmo, não tendo nada haver com o que estou escrevendo hoje, achei interessante a definição dele sobre o nada com zero de expectativa, que acabou surpreendendo-o positivamente e negativamente. Aplicando no meu caso, “O Discurso do Rei”, pensando no sentido da minha falta de expectativa – conseguiu fazer tudo. O relógio marca 02:52 hrs nesse exato momento, estamos no dia 28 de janeiro, em pleno final de janeiro e já afirmo que vou dormir feliz por ter assistindo um dos melhores filmes do ano.

Os Indicados ao Oscar 2011

Neste ultima terça feira a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, divulgou a lista dos indicados ao Oscar 2011, que será realizado no dia 27 de fevereiro no Teatro Kodac, em Los Angeles (EUA).

Eu li à tarde em um blog segmentado de cinema no qual não me recordo, uma definição perfeita para o atual momento da cerimônia - o trecho definidor é: “A não tão mais esperada lista dos indicados ao Oscar ...” - A festa do Oscar tem tradição, o que é fato, no entanto, se limita e não consegue alcançar a massa americana – em especial os jovens, seu principal drama na pós-modernidade: passar pela natural transformação de uma época para outra. Outro fato que não ocorreu.

A lista dos indicados desse ano foi revelada, nenhuma surpresa, nada de ambicioso, injustiças aparecem, como sempre, para marcar registro nas conversas de bar. Tudo esperado e concluído como a previsão já intocável - CERTA, formula que se repete a cada ano, filmes parecidos com outros de outras época, ganhando espaço na mídia. Assim é academia, um prêmio que, ainda de uma forma tímida, ostenta decadência.

Um dos pontos altos que favorece o enfraquecimento da cerimônia em relação há outras décadas, é a idéia “genial” para não descrever uma palavra de baixo calão – (sigamos assim com a ironia) de aumentar o numero dos indicados a melhor filme – de 5 pra 10 – lembrando os tempos aureos da premiação.

Uma descarada, jogada de marketing atual, para aumentar o faturamento de determinado filme que se encontrará na listagem dos indicados.

Nesse ano, outra cartada foi usada a fim de alcançar o já tão velho objetivo – rejuvenescer a audiência – fazer o jovem gostar de assistir o Oscar, colocar como apresentadores da festa os astros “jovens” James Franco e Anne Hathaway. Basta saber, se isso mudará algo:

Agora, você que chegou até aqui, deve estar achando o seguinte de mim – “Nossa ele odeia o Oscar” – entretanto, devo estragar a sua previsão, com a seguinte constatação “Eu adoro a cerimônia, assisti-la é um habito que faço anualmente desde pequeno”

Apesar de enxergar a sua decadência, sou persistente – para não dizer masoquista, com todos os clichês que ainda permanecem, com todo o conservadorismo, com toda jogatina de marketing, eu ainda acho o ápice estar lá. Sou tão 100% Oscar, que acho que de todas as festas mundiais, ela só perca pra Copa do Mundo – se me perguntarem Olimpíadas ou Oscar. Respondo a segunda opção fácil.

É sobre a falta de rejuvenescimento da premiação, é devido o velho problema que sempre ocorreu no Brasil, lembro que quando acompanhava o Oscar na minha infância e na adolescência, era raridade, não se tinha um exemplo parecido, enquanto ficava na expectativa, a galera toda se encanava com outras coisas, “bem mais legais”.

Ou seja, no Brasil só quem acompanhava e acompanha o Oscar era  ou é retardado de cinema como eu – tinha e tem que gostar de cinema pra conseguir aturar duas horas e tantas, e teve anos que o ápice do relógio chegou a ter duração de cinco horas, para assistir uma festa que se fala americano e que ainda está cheio de piadas nas quais você e eu jamais vai entender – completamente.

Para completar a minha “quase já teoria” sobre a sua decadência, afirmo – o que ocorre atualmente nos Estados Unidos é o que sempre aconteceu no Brasil, agora lá, uma terra acostumada com a produção cinematográfica, esta havendo o mesmo: só quem assiste a maior celebração de cinema do mundo, é, quem, é retardado por cinema, no sentido clássico do gosto, explico: para quem ainda espera aquele determinado lançamento de Allen, Scorsese, Tarantino e etc – para quem perde horas de sono por ter ficado admirado com a qualidade técnica de um filme como “A Origem”, como outros que ficam dias,perplexos pela atuação de Natalie Portman em seu novo filme, enfim, as rotulações são imensas, mas todas no campo cinematográfico.

Com o advento da Web 2.0, em especial as mídias sociais – o interesse do publico mudou- hoje em dia você consegue o mundo dentro do seu apartamento, basta ter uma cadeira pra sentar e um bom computador para mexer. Com isso as velhas mídias funcionam cada vez mais como simples entretenimento – dizer que o cinema ira morrer é errôneo, no entanto, a evidencia da sétima arte se direcionando – cada vez mais ao mundo da inclusão digital e da vida pós moderna veloz é fato. Sempre no intuito de preencher e falar sobre o comportamento do ser humano atual.

Bingo! Por esse motivo a cerimônia do Oscar não se adaptou ao cenário atual. Se quiser continuar firme e forte vai ter que deixar de ser conservadora é premiar filmes com o teor Nerd-Jovem. Não adianta, incluir em sua apresentação dois rostinhos bonitinhos e achar que tudo vai melhorar – precisa premiar sucessos e deixar de molho por tempo indeterminado o antigo preconceito do cinéfilo chato, que acha que filme bom é só aquele que tem baixo orçamento, baixa renda e que tem sofrimento do começo ao fim.

Porque não premiar “Bastardos Inglórios” – “Bons Companheiros” – “Batman- The Dark Knight”,  verdadeiras obras primas para melhor filme? - Porque ainda esquecê-las?  Porém, não precisa ser só obra prima a ganhar ou ser indicada. Porque não indicar como melhor produção – “Homem de ferro” -“500 dias com ela” “Scott Pilgrim contra o mundo”? – Pra que tanta besteira em torno do mundo cinematográfico. Que indicassem até Crepúsculo, mesmo que seja somente por uma jogada de marketing, mas saia do convencional, mude a fórmula, que venha um marketing diferente do atual.

Para os cinéfilos de Plantão não se iludam, achar que o Oscar tinha e tem obrigação de premiar obras primas como “O Profeta” – “Irreversível” – entre tantas outras produções estrangeiras é utópico. O local da celebração já diz tudo – Estados Unidos – Los Angeles – é um troféu para os melhores de Hollywood, então que premie de fato os melhores americanos– independente de gênero.

Pelo que eu vi dos indicados desse ano, ainda está em tempo da academia pagar sua divida com a década passada, escolhendo "A Origem" como melhor filme desse ano e  sendo assim, apagar algumas escolhas desapropriadas, no que diz respeito a critérios duvidosos na hora de apontar o vencedor de melhor projeção. Por ser um divisor de águas na cultura pop, cinematográfica, por conter quase tudo (tirando o 3-D) que a imensa possibilidade cinematográfica possibilita para se fazer um filme. Não escolher o filme de Nolan como o melhor é ter mais uma injustiça na história.

Mas, antecipo a previsão, é constato, a trama dos sonhos , não vai ganhar de melhor longa-metragem do ano – tenho quase certeza, porque como escrito muitas vezes acima, Academia de Artes e Ciências Cinematográficas é previsível.

Abaixo, segue a lista dos indicados e a nas cinco categorias principais (Filme, Diretor, Ator, Atriz, Ator e Atriz Coadjuvantes) tem o meu palpite e um de fora que poderia ser colocado e do por que eu acho isso.


MELHOR FILME












Palpite: Como "A Origem" - não vai ganhar - é por uma questão de intuição mesmo em achar que o Discurso do Rei também não vai ganhar, apesar de ser o longa com o maior numero de indicações, no total 12. Querendo aproximar a cultura vweb 2.0 a festa - o registro sobre o facebook ganhará. Pra mim ganha "A Rede Social"

De fora que poderia integrar a lista: Eu ainda não assisti, mas todos mundo que assistiu gostou, dos mais renomados críticos aos simples expectadores- o que me resultou em uma enorme curiosidade pra ver Kick Ass- Quebrando Tudo. Seria demais, se integrasse a lista dos indicados a melhor filme do ano.



MELHOR ATOR







Palpite: Tenho a certeza que Javier Bardem fez um grande trabalho, como também fiquei feliz com a indicação de James Franco, um grande ator que sempre foi injustiçado pela crítica. No entanto acho que eu e a academia pensamos iguais nesse caso, não premiar Colin Firth pelo rei gago em "O discurso do Rei" - do qual eu não assisti, mas por uma cena tive a certeza da qualidade de sua interpretação, seria um erro comparado com o do ano passado, onde o mesmo Firth - com uma atuação antalogica perdeu o Oscar para Jeff Bridges. Nessa ano poderia ser o troco.

De fora que poderia integrar a lista: Há quem diga que Leonardo DiCaprio é só carenta em sua interpretação, é pelo cara ser galã leva estigma de pessimo ator. Mas protagonizar dois filmes no mesmo ano, um de Scorsese - "A Ilha do Medo" e outro de Nolan - "A Origem" não é para qualquer um. Outro injustiçado como tantos, que poderia facilmente integrar a lista de indicados a melhor ator.


MELHOR ATRIZ







Palpite: Natalie, Natalie, onde seu nome figurar entre os indicados de qualquer premiação tu merece ganhar, pelo simples fato de ser você. Também não assisti, mas andei lendo pelo mundo virtual, que esse papel de Natalie e denso, da forma que a academia gosta. Por isso, novamente eu e a academia temos a mesma opinião, pelo menos é assim que aposto. Natalie Portman ganhadora de melhor atriz.

De fora que poderia integrar a lista: A franquia Hary Potter é a maior que já existiu, em termos de faturamento, fato - no entanto no Oscar ela nunca conseguiu se quer uma indicação a filme do ano - o que para muitos poderia acontecer nesse ano, mas pela jogada de marketing do estudio em dividir o filme em duas partes não ocorreu, a esperança permanece ao ano que vem- 2012. Sendo assim, o que deixaria os fãs da saga satisfeito e ainda por cima atrairia mais o publico jovem para cerimônia, além de ousar e não se restringir apenas a marketing. Sim, porque não inovar é indicar Emma Watson (a Hermione) como melhor atriz, não fiquem perplexos. Mas Watson é um belo exemplo de evolução. É somente a garota que levou nas costas o ultimo filme da franquia.


MELHOR DIRETOR






Palpite: Ver Darren Aronofsky como indicados é muitoseu " bom - Não seria injustiça se ganhasse - mas pelo currículo um pouco maior e de ter recentemente perdido com o O curioso Caso de Benjamim Button" - David Fincher - do injustiçado "Clube da Luta"- uma obra prima esquecida pela academia. Vai ganhar o prêmio de direção do ano com sua produção menos brilhante "A rede Social", já que isso é um estigma da academia premiar determinados caras com sua obra menos qualificada como uma forma de retratação do tempo. Exemplos não faltam - Scorsese - perdendo com "Os Bons Companheiros" , mas ganhando com "Os Infiltrados. Dessa forma Darren ainda terá tempo de ganhar com alguma projeção modesta, para retratar o esquecimento da academia com sua obra prima " A Fonte da vida"

De fora que poderia integrar a lista: Para mim, Christopher Nolan deveria ter ganhado prêmio de direção em Batman - The Dark Knight, e também deveria receber o troféu pela "A Origem", ao menos ser indicado, mas a academia comente um dos seus piores erros que certamente entrará pra história, não dar a minima para o cara que conseguiu chamar atenção de todos os gostos cinematograficos. Conseguiu fazer um blockbuster pensante.



MELHOR ATOR COADJUVANTE







Palpite: Christian Bale faz um papel do jeito que a academia gosta, denso, cheio de dramaticidade - o que o torna favorito. Geoffrey Rush deve ser o adversário que mais incomode Bale, pelo fato de ser queridinho da academia, com essa indicação, coleciona 3- uma na qual até ganhou o Oscar de melhor ator por Shine - Brilhante. Porém ainda acho que Bale ganhe, por ter ganhado o Globo de Ouro e por seu personsagem se enquadrar no padrão - Faço esse tipo de personagem tenho a certeza que ganho o Oscar. Se ele realmente ganhar, vai ser legal já que há dois anos atrás viu seu excelente Batman perdendo vez para o ainda mais excelente Coringa de Heath Ledger, inclusive na premiação. Uma coisa que é importante resaltar, é que não vai demorar muito para Jeremy Renner ganhar um Oscar, já que com essa indicação, também se torna um queridinho da academia, com essa é a sua segunda indicação - a primeira foi no ano passado a melhor ator por "A guerra ao terror".

De fora que poderia integrar a lista: Joseph Gordon- Levitt merecia uma indicação por seu papel em "A Origem" - já que Jeremy Renner conseguiu ser indicado por que não indicar o Gordon Levitt - que há muito tempo vem fazendo um bom trabalho.


MELHOR ATRIZ COADJUVANTE







Palpite: Essa é sempre uma categoria na qual eu viajo sem saber ou conhecer as opções, e nesse ano não é diferente, tirando Helena Bonham Carter e Amy Adams, o resto das atrizes não conheço. Portando, esse sera o meu palpite mais sem nexo de todos. Por uma questão de saber que é uma boa atriz, acho que quem vai ganhar sera a Amy Adams.

De fora que poderia integrar a lista: Carey Hannah Mulligan que faz Winnie a filha de Gordon Gekkoe (Michael Douglas) e namorada de Jacob Moore (Shia LaBeouf) no Wall Street - O dinheiro nunca dorme - poderia integrar a lista de atrizes coadjuvantes. Gosto muito do trabalho dessa britânica - que fez Inimigos Publicos, Entre Irmaõs e Educação, nesse ultimo onde foi indicada a melhor atriz, no ano passado.


MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

A Origem
Minhas Mães e Meu Pai
O Discurso do Rei
Another Year
O Vencedor


MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

127 Horas
Toy Story 3
Bravura Indômita
Inverno da Alma
A Rede Social


MELHOR ANMAÇÃO

Como Treinar Seu Dragão
O Mágico
Toy Story 3


MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1
A Origem
O Discurso do Rei
Bravura Indômita


MELHOR FIGURINO

Alice no País das Maravilhas
Io sono l’amore
O Discurso do Rei
The Tempest
Bravura Indômita


MELHOR FOTOGRAFIA

Cisne Negro
A Origem
O Discurso do Rei
A Rede Social
Bravura Indômita


MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Biutiful (México)
Dogtooth (Grécia)
Em um Mundo Melhor (Dinamarca)
Incendies (Canadá)
Outside the Law (Hors-la-loi) (Argélia)


MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL

Como Treinar seu Dragão
A Origem
O Discurso do Rei
127 Horas
A Rede Social


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

“Coming Home” de Country Strong
“I See the Light” de Enrolados
“If I Rise” de 127 Hours
“We Belong Together” de Toy Story 3


MELHOR MAQUIAGEM

Minha Versão do Amor
The Way Back
O Lobisomem


MELHOR MONTAGEM

127 Horas
Cisne Negro
O Vencedor
O Discurso do Rei
A Rede Social


MELHOR EFEITOS VISUAIS

Alice no País das Maravilhas
Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1
Além da Vida
A Origem
Homem de Ferro 2


MELHOR EDIÇÃO DE SOM

A Origem
Toy Story 3
Tron: o Legado
Bravura Indômita
Incontrolável


MELHOR MIXAGEM DE SOM

A Origem
O Discurso do Rei
Salt
A Rede Social
Bravura Indômita


MELHOR DOCUMENTÁRIO

Exit through the Gift Shop
Gasland
Trabalho Interno
Restrepo
Lixo Extraordinário


MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM

Killing in the Name
Poster Girl
Strangers No More
Sun Come Up
The Warriors of Qiugang


MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Day & Night
The Gruffalo
Let’s Pollute
The Lost Thing
Madagascar carnet de voyage (Madagascar, a Journey Diary)


MELHOR CURTA-METRAGEM

The Confession
The Crush
God of Love
Na Wewe
Wish 143

Bom - é isso, dia 27 de fevereiro vou acompanhar a 83ª edição da cerimônia do Oscar - ver nas categorias principais, onde errei e acertei. Depois posto minhas considerações. Vale apena destacar que na categoria melhor documentário do ano: "O Lixo Extraordinário"- uma coprodução brasileiro-britânica - rodado em duque de Caxias- Rio de Janeiro é umas dos indicados. Um filme que aborda a relação do artista plástico Vick Muniz com os catadores do lixão do Jadim Gramacho. O documentário é codirigido por João Jardim, Lucy Walker, Angus Aynsley e Karen Harley.

De Pernas pro Ar

Antes de deixar minhas impressões sobre o longa - metragem brasileiro “De pernas para o ar” é importante ressaltar o tipo de trama que a cerca, ou seja, - (melhor ainda) – quando se vai ao cinema assistir um filme desses de antemão já sabe o conteúdo que o aguarda – sendo assim, os ingredientes são: 80 % de dose de piadas que entrariam facilmente no programa humorístico Zorra Total, com 15% da simpatia garantida que a protagonista – nesse caso a Ingrid Guimarães, tem de sobra para deslocar indivíduos brasileiros para ver dela o mas do mesmo e sobrando 5% da história manjada – significando que só de enxergar a capa do filme, você já tem uma idéia de como começara e terminará. Corte pedacinhos, coloque no liquidificador e bata – pronto! – Essa é a formula do filme bobinho que não diz nada há ninguém, mas que mesmo assim, por anos – tem o seu espaço garantido.

Sabendo desse diagnóstico, não sai de casa e fui ao cinema com minha namorada – para ver uma obra de arte- tinha a idéia suficiente das limitações da produção que eu iria assistir – é que o primeiro filme do ano, visto no cinema em 2011, não seria como planejado – se não foi o novo movie do Clint Eastwood, com o seu “Além da Vida”, que fosse o “De Pernas pro Ar” de Roberto Santucci - diretor de Belline e a Esfinge – adaptação do livro escrito pelo titã, Tony Belloto.

A trama ocorre no Rio de Janeiro – narra à vida de Alice (Ingrid Guimarães), uma empresaria bem sucedida que é casada com João (Bruno Garcia) e mãe de Paulinho (João Fernandes).

Prestes a ser promovida, ela tem sua vida de pernas pro ar – o que parece é que Alice, ao longo de sua vida, abdicou da sua vida pessoal para fortalecer a profissional, resultando em um conflito direto de áreas, na qual a pessoal saiu perdendo, quando descobre que o seu marido quis dar um tempo na relação.

Partindo desse princípio, pouca desgraça não é suficiente, sua vida é desmoronada de uma só vez. É a carreira profissional no qual tanto cuidava também entrou na dança. Por descuido do acaso, na entrada de seu condomínio, ela troca sua caixa que continha explicações de uma campanha de marketing que apresentaria em sua empresa, por uma caixa parecida que tinha adereços (objetos) sexuais de sua vizinha extravagante Marcela (Maria Paula), que é o seu oposto, - resultado: na decisiva apresentação que seria o fator para ela subir de cargo, ela estragou tudo ao abrir a caixa e todos os presentes se depararem com diferentes tipos de acessórios – causando sua demissão.


No fundo do poço – Alice acaba tornando amiga de sua vizinha Marcela – concretizando o velho ditado – “Os opostos se atraem”, com essa parceria inesperada, ambas estendem sua amizade e se tornam sócias, se transformando nas empreendedoras do sexo. “Desdobramentos” – o que eu tinha me referindo do texto ocorre, é no final todos permanecem felizes para sempre, transpondo realmente o clichê da frase na tela.

Os créditos finais sobrem e as cenas cortadas aparecem, o que me levou a crer em uma coisa: as cenas que não foram aproveitadas no decorrer da película são melhores que as usadas. Com toques humoristas bem mais sacados, ao invés de piadas mastigadas ou estereotipadas que se pode ver ao longo da produção.

De pernas para o ar é sucesso de público, segundo o site Filme B, de 31 de dezembro a 02 de janeiro, o longa chegou à marca de 2.231.595,00 de bilheteria.

Eu poderia protestar aqui e evidenciar que o público brasileiro só consome filme que o impende de pensar – historinhas manjadas que foram realizadas com o intuito de faturar. Mas vou contra corrente, ou melhor, vou com a corrente do sucesso. Esses fatores são certos, o povo tem facilidade com o que é fácil, porém sempre, e, eu sou um desses que sempre cobrou equilíbrio e continuidade ao cinema brasileiro e sendo assim - “De pernas pro ar” de certa forma ajuda um bem maior que é a produção cinematográfica brasileira conseguir tirar no imaginário brasileiro que filme brasileiro seja sinônimo de favela, sexo e palavrão. Resultando: na auto sustentação da indústria cinematográfica brasileira.

Ainda utópico – mas ver a galera rir do começo ao fim com uma produção nacional é muito gratificante, mesmo que essas piadas poderiam entrar facilmente no Zorra Total. “O filme não é uma obra de arte, não é nada (em muitos casos nem entretenimento é), é limitadíssimo em todas as funções básicas do cinema, Ingrid não é uma Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Gloria Pires e tantas outras atrizes competentes do cinema brasileiro. Mas mesmo assim – valeu apena assistir e sabe por quê? Porque levar as coisas a serio é um saco, além de dar muito trabalho.

Dinâmica

Dentro do elevador, saio, ando, corredor, acho, número 56, bato, abrem, entro, vejo uma mesa branca, sento, coloco minha mochila na cadeira do lado da que sentei, abrem, um sorriso, espera, só ouço isso, espero, silêncio, dinâmica a vista, oco, batem, entra, mulher, senta, do lado da minha mochila, na última cadeira, ela coloca a bolsa – que é dela- dinâmica, prestes a começar, na sala fechada, analista, profissional pra avaliar, vaga disponível. Esperamos, conversamos, eu e ela, dois estranhos interessados na vaga conhecida repentina, mas não se conhecem, dois adversários do momento, a vida os colocou ali, lá eles são números, juntos podem ser par, separados impar, são impar, mesmo juntos, silêncio de novo, chamados, entram, apresentação, analista, julgador, coloca uma barreira, deixa claro sua natureza profissional,, conquistas, ego, acima,  seu objetivo - contratar um número impar. Não se envolve, dois números juntos impar, não se envolve, pergunta, respondo, pergunta, responde, perguntas, respostas, de ambos, aperto de mão, o analista não se envolve, ele é doutrinado pelo mercado, que é intangível, diante de nós o cara que julgou nosso serviço a venda e detêm o titulo de analista – também se torna intangível  e não se envolve nunca. Eu e ela, que juntos poderíamos ser par, somos impar – saindo junto - a porta abre, promessa a vista, vamos embora, comprimento a todos os presentes, boa sorte, dizem, não vejo de quem, mas escuto, longe, perto da saída, saímos, eu e ela na porta da frente que abre, é branca, depois fecha, elevador espera, entramos, dizemos tchau pro porteiro, abrimos o portão, saímos, cada um pro seu caminho, cada qual com a sua esperança, sonhos intranqüilos - promessa de um novo dia, destino, mercado, não dá – pra fugir – ser impar no meio de pares é sina.

O pecado da rua

Olha lá
Embaixo
Na Augusta
A rua
Com ela 
Sozinho
Com todos
Para ver
O ardente jovial
Crescer
Meu pecado, Seu
Vício 
Da rua
Aquela
Do baixo
De todos
Pecadores
Sozinha
Olha lá
Vai ver
Quem?
Eu e você
Descendo
O pecado
Em uma ardente excitação jovial

Os incompreendidos

François Truffaut dirigiu o seu primeiro longa-metragem – Os Incompreendidos, em 1959, baseado em sua própria infância numa França marcada pelo autoritarismo dos país. Ajudando assim, a criar a Nouvelle Vague – um forte movimento artístico do cinema francês.

Antes de ser cineasta, Truffaut era crítico de cinema pela revista francesa Cachiers Du Cinema, diz a lenda que um dos motivos para qual ele resolveu largar a profissão de crítico foi por causa de uma aposta com o seu sogro, que o desafiou a fazer um longa-metragem - sendo assim nasce "Os Incompreendidos".

                                                     "Vivendo quase aprisionado"

Em um ambiente pós-segunda mundial, o método de ensino da escola francesa era regido pelo autoritarismo  - a soberania total do professor sobre os alunos. Dentro do âmbito familiar não era diferente a repressão também intermediava a relação de país e filhos - no qual o filho tinha que por obrigação abaixar a cabeça diante de qualquer decisão tomada pelo pai.

Dentro desse cénario encontramos Antoine Doinel (Jean- Pierre Léaud) - o alter-ego de Truffaut. Reprimido na escola e pelos país, não demora muito tempo para o garoto se complicar diante de tanta repressão, refletindo em diversas reações, como: roubo e suspensão escolar

Sem querer entender o motivo a qual levou o filho a cometer tamanhos atos, o pai de Doinel o entregou a polícia, no intuito de ser internado em um reformatório. Desdobramentos ocorreram e o longa se fecha (finaliza) diante de uma cena antológica - quando o menino observa pela primeira vez o mar - transparecendo que sua vida a partir daquele momento pode ser tão imensa quanto o mar - naquele instante de frente ao mar ele conhecia e sentia pela primeira vez a liberdade.

                                                     " Avistando a liberdade"

O fato é que o menino não perdeu a liberdade ao ser detido em um reformatório , ele nunca  a obtve ,desde cedo conviveu aprisionado, castrado de evolução , negligenciado por todos que faziam parte do seu mundo. Dessa forma suas ações levariam para o mesmo lugar - a fuga.

Com um tema que permeia até hoje na contemporaneidade - o autoritarismo dos país em cima dos filhos e a complexidade da relação entre eles, ao final do filme soube a fala que dizia na entrelinhas qual era o resultado da falta de dialogo no comportamento paterno: uma mentira profunda. Nos momentos finais, Doinel respondendo a uma pergunta da psicóloga do reformatório, que pergunta o porque mentia para os país, em sua resposta, ele diz : eles não acreditam mesmo, então prefiro mentir. 


                                                         
De uma trilha sonora discreta porém encatandora - a trama segue na mesma linha - um registro bem simples que conseguiu superar as expectativas da época e se tornar uma obra obrigatória a qualquer um que goste de cinema.

François já mostrava  em seu primeiro trabalho o quanto brilhante seria em sua carreira e assim o tempo tratou de constatar. 

A esperança dos dias

Acordados. Fato.  – com despertador ou influenciados por uma ansiedade de renome esperança? 

Não se sabe direito porque e como, mas a cama amanhece sozinha. De todos.
Pra começar, o trajeto é o mesmo do lado perdido da cidade. Pode se ouvir passos progressistas de suas próprias vidas rumo e na direção de um recomeço. Antes, uma parada. O galo nem cantou é logo a frente um desafio – o teste – o cardápio dos dias pode ser escolhido, busão, perua, trem ou metrô, escolha, mas antes um atento – aviso prévio: qualquer opção resultará no mesmo paradigma – lotação, pessoas vindo de vários cantos em um mesmo canto querendo sair rumo ao centro, ou seja, transporte público violento.  Escolho: metrô. O já velho animo conhecido no acordar é testado durante o caminho todo rumo à esperança de um novo amanhecer. Pessoas tumultuadas - aposentado, estudante, desempregado, trabalhador, bandido, uma diversidade só encontrada em São Paulo, terra da oportunidade. Quem não é paulista, é não conhece o horário de rush, ao ser deparado com uma situação dessas, jura e confunde a já normalidade cotidiana com um carregamento de Bois, todos esmagados, indo ao centro da cidade, com o intuito de ser vendidos. Estação da Sé – a inércia corporal ocorre, sem uma força física consegue-se sair do vagão – baldeação - sentido Jabaquara- duas estações: São Joaquim desce. O antigo passo progressista já não é tão forte – pós - guerra metropolitana – os passos agora desfrutam a liberdade acalcada ao sair do metrô.  À frente a chance: - Força Sindical – Centro da Solidariedade – instituto que distribui vagas de esperança. Ao entrar o segundo teste: senha e fila – aproximadamente 90 pessoas juntas, com a mesma promessa. O tempo mínimo de espera, não se sabe. Nunca se sabe. Quem não espera?  Parti sem nada. Silêncio e espera, espera e silêncio. Alguns aproveitam para colocar a leitura em dia, outros improvisam e conseguem dormir, quem ta acompanhado tem no seu acompanhante um atrativo, assim segue:  vice e versa, fones de ouvidos são vistos em diferentes orelhas. Cada senha esperando ser chamado. Cada esperança sendo apagada com o tempo – a espera. A massa não fala – só espera. Predominado a esperar sem falar.  Nesse tempo, a espera. O livro já foi lido, o sono já foi batido, a conversa não há mais e os fones de ouvido estão enferrujados ao ouvir a mesma música. Os atrativos são trocados, se antes tínhamos distração para esperar, com a chegada do canal de televisão que está ali para registrar o ambiente, nós somos transformados em atrativos para cobrir a lacuna da pauta sobre emprego do telejornal – com isso o gerente do instituto da Força Sindical, aparece pela primeira vez no espaço onde estamos esperando há horas - para conceder uma entrevista e pontuar as qualidades do instituto – o engraçado é que o seu surgimento se deve a uma autopromoção, contrariando diretamente o lugar no qual trabalha e que prega Solidariedade – Fraternidade – Companheirismo – Ética. Que comparecesse antes para informar as senhas o porquê da demora. Senha chamada – mais um passo – caixa chama: - pergunta seus dados e sua profissão – a senha responde – caixa procura esperanças – pequena espera – caixa fala: hoje não há esperanças de acordo com o seu perfil – senha responde e sai. Desce a escada sem progresso e com a promessa perdida. Pronto pra escolher o cardápio dos dias.

Junior – o menino que mora na praça da sé que quis ver a posse da primeira presidenta mulher no primeiro dia do ano



Apresentação:

Mas um ano se foi e um novo surge, o povo renasce novamente, Junior permanece na mesma. Morador de rua desde os 5 anos - hoje, no primeiro dia do ano, sua face cansada mostra sua adolescência perdida, que ninguém encontra mais nas ruas. Com uma trajetória desconhecida, se tornou andarilho do centro antigo. Sem registro e sem nome verdadeiro, continua sem condições básicas, aquelas em que cedo aprendemos na escola ser direito civil de todos. Vive não se sabe como, drogado, solitário, foi batizado por seu companheiro de rua, “Zé do Buraco” que o apelidou assim por ter surgindo na rua cedo - pequeno.

Intenção:

Sua festa de réveillon aconteceu numa viela, usando crack, brisando sozinho a brisa do asfalto sem ninguém pra reprimir, não era invisível na multidão, se tornou por minutos o dono da cidade. Amanheceu, sujo, perdido, reprimido pelos poucos que estavam no local, sendo alvo de medo, de ofensa por gente pobre que nem ele. Na padaria ouviu não pela água pedida, nesse momento, viu na televisão que seria a posse do novo Presidente da República, sem saber por que, quis ver essa cerimônia, era novidade, nem sabia que cerimônia ou posse existia, só sabia o nome da presidenta, porque viu o local onde mora, infestado de santinhos de Dilma Roussef ... Em um mundo onde a informação pula no seu colo, ele não sabia de quase nada, só sabia roubar pra sobreviver e mantinha o hobby do crack pra poder sonhar. Nunca votou e provavelmente nunca votará. Os minutos passam e Junior não conseguiu fazer a correria para ver a posse, a cidade estava quase solitária, havia alguns estabelecimentos abertos e todos que tinham televisão, expulsavam-no com o mesmo discurso dizendo assim: - sai daqui moleque não tem comida pra você. Partindo, Junior ouvia dos indivíduos que acabará de lhe expulsar as seguintes opiniões “políticas” sobre o discurso transmitido na televisão: - Essa coisa do pré-sal deve ter mutreta é coisa pra esses corruptos ganharem dinheiro – Quero ver essa Dilma acabar com os problemas do Brasil. Até, para uma mente sem conhecimento como a do menino, a sociedade no qual era excluído passava por uma forte crise de incoerência – ele não sabia o significado da palavra incoerência, mas tinha na mente que não fazia sentido tudo aquilo, pessoas maltratarem ele e seus iguais e ainda sim cobrar melhorias para um político. Ele achava estranho, a população se achar politizada justamente nessas épocas onde a política querendo ou não era o centro das atenções de todos os brasileiros e, contrapartida , durante o ano inteiro esse mesmo povo se mantinha distante diante dos acontecimentos políticos ocorridos, pensando em outras coisas. É claro que ele não pensou com essas palavras, mas sabia disso, porque ouvia muito a conversa dos outros e sempre testemunhava os mesmos assuntos: resultado da semana do campeonato brasileiro – quem vai sair do big brother e da fazenda – quem matou quem na novela das 8. Assim, seguiu ele de bar em bar, tentando ver a tal posse, ainda não sabia por que queria ver, mas tinha a certeza que pouca coisa mudaria em sua situação. Nem número ele era, fazia parte de uma estatística pública e acadêmica. Pra poder dormir em um local "um pouco" descente, tinha que chegar à porta do albergue de manha para ter moradia no dia seguinte. Enquanto isso, em Brasília, Dilma falava de bons resultados e um país emergente rumo à perfeição, Júnior queria crescer, trabalhar, parar de roubar, melhorar também – mas não tinha espaço, sofria com preconceito humano. Cadê a melhora? – palavras ditas por ele quando finalmente conseguiu enxergar de longe na televisão de uma sapataria aberta, Dilma chorando e enaltecendo a evolução brasileira. Não demorou muito pro sapateiro lhe expulsar da porta. Caminhando rumo à praça da sé, encostou-se à parede onde dorme e viu por debaixo de sua coberta um pedaço de um santinho perdido e amarelado pelo tempo, onde havia a imagem da nova presidenta, de repente veio à tona a lembrança do motivo a qual quis de qualquer jeito conferir a posse presidencial, foi o Zé do buraco que havia falado há  quatro meses atrás que aquela mulher do papel poderia fazer história no Brasil, se tornando a primeira mulher a comandar o país, queria presenciar a o fato histórico, fazer parte de algo pela primeira vez em sua história, porém, sabia que não fazia parte do todo e nunca fará – na verdade sem ter a consciência, teve uma intuição que nada mudaria quando viu que ao lado da nova Presidenta José Sarney presidindo a cerimônia e presente no mesmo ambiente  personas como Fernando Collor e José Genoino. Ao dormir concluiu que a política brasileira caminha e vai caminhar de acordo com a inércia capitalista e dentro desse cenário tupiniquim o preconceito vigora e o sentimento do individualismo está cada vez mais presente no asfalto. Mas, claro que não pensou com essas palavras, entretanto sabia disso. 

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