Os 10 (+) 1 melhores filmes de 2011

Uma das coisas que mais gosto no fim do ano são as listas de melhores do ano, seja ela qual for. Sempre gostei, quando criança acompanhava a sintonia das principais estações radiofônicas para ter a minha própria retrospectiva e ouvir quais foram as melhores canções. Por isso, faço mais uma seleção de minha autoria, os melhores do cinema, mesmo que seja a mais superficial possível, já que assisti poucos filmes nesse ano. Abaixo dos filmes, insiro três explicações de o porquê gostei tanto.

11° Harry Potter e As Relíquias da Morte parte II

° O encerramento da maior saga da história do cinema
° A valorização de personagens secundários
° Cenas finais emocionantes






10° Blue Valentine

° Um dos filmes mais reais que já assisti
° Excelentes atuações
° Cenas memoráveis









09° Shocking Blue

° Uma narrativa precisa sobre o rompimento da adolescência para a vida adulta
° Cenas delicadas que fazem tornar o longa metragem uma poesia audiovisual
° O compromisso com o real, nada é exposto de forma incoerente, tudo tem um motivo, tudo se encaixa





08° O Palhaço

° Uma homenagem ao riso inocente
° A simplicidade trouxe o charme da produção
° Paulo José protagonizando uma das melhores cenas que eu já vi, quando se despende de sua mulher sem abrir a boca, somente com a feição do rosto





07° Meia Noite em Paris

° Woody Allen sabe criar roteiros de cinema como poucos
° Você senta na cadeira e literalmente entra na história do filme, sem se dar conta do relógio
° Owen Wilson está soberbo, o melhor alter-ego de Allen que já vi





06° Melancolia

° É aquele filme que acaba e você tenta recuperar o fôlego de tão intenso que é
° Uma abordagem autoral e instigante
° Metáforas nos diálogos e na tela que acabam atraindo sua mente






05° Rango

° Uma homenagem genial para o gênero faroeste
° Leve, divertido, engraçado, uma das melhores animações que eu já vi
° Se tornou tão bom, já que assisti sem nenhuma expectativa, também é aqueles filmes que você assisti e nem vê o tempo passar





04° Medianeiras - Buenos Aires na era do amor virtual

° Poético
° A narrativa beira a perfeição
° O diretor conseguiu transmitir a rapidez do mundo cibernético para a tela do cinema




03° A Árvore da Vida

° Não é um filme comum, é um ensinamento de vida
° Lindo e tocante, invadi sua alma
° Um experimento audiovisual






02° A pele que habito

° Uma aula de cinema
° Antonio Banderas soberbo
º Uma crítica poderosa ao comportamento humano, surpreendente





01° Cisne Negro

° Natalie Portman
° O melhor epílogo que eu já vi no cinema
º Aquela obra que décadas vão passar e haverá ainda alguém para comentar sobre


10 (+) 1 Melhores álbuns de 2011


Aproveitando a onda de listas dos melhores do ano, peço licença e arrisco dizer o que no meu universo particular considerei de melhor dentro da música. Uma lista nada definitiva, pelo contrário, com as escolhas podendo ser colocada em cheque, até porque não sou nenhum profissional da música e não tenho gabarito suficiente para apontar os melhores de fato. Mas, como um admirador da musicalidade ampla, independente de gênero, sou um entusiasta é preciso de alguma forma colocar tudo que determinados álbuns me causaram ao longo dos meus dias nesse ano que começa a ensaiar o seu final.

11° Thaís Gullin – ôÔÔôôÔôÔ

A cantora não é uma unanimidade por parte da crítica, muitas são as canetas que a definem como um ponto de interrogação, nesse disco a própria parece estar andando a determinada definição, passeia pelo seu bosque musical, com classe de quem está ciente do talento que possui, ao longo do percurso enxergamos alegria e lágrimas. Difícil não ser encantado com a verdade cantada.




10° Marisa Monte – O Que Você Quer Saber de Verdade

Tudo que a Marisa for cantar terão ouvidos que certamente pararão para escutar, apesar de não ser um trabalho genial, esse seu novo álbum segue uma linha que pode ser chamado do mais do mesmo em sua carreira, porém com o hiato de cinco anos, sua voz doce faz lembrar que mesmo parecida com outrora, suas músicas ainda manifestam um bem incrível e conseguem ser mais interessante do que muita coisa que está rolando hoje em dia.


09° Lenine – Chão

Lenine é um cientista da música popular. Sem o uso de bateria e com a inserção de alguns artifícios musicais nada convencionais, como o toque de um coração, o cantor pernambucano carrega seu ouvinte numa outra dimensão.






08° Gui Amabis – Memórias Luso Africanas

Produtor musical da cena alternativa de São Paulo chamou artistas do calibre de CrioloTulipa RuizCéu e Lucas Santana para fazer um registro musical e quase antropológico sobre as nossas origens portuguesas e africanas, regado de muito afrobeat. 




07° China – Moto Contínuo

Um álbum bem feitinho que esbanja despreocupação e em nenhum momento tenta ser mais do que é. Além de notarmos ao longo das faixas a queda do suor que o artista deve ter derramado para gerar vida a obra. A intensidade da voz cantada está nos versos, na afinação dos instrumentos. 





06° Filipe Catto- Fôlego

A princípio ao ouvir as faixas de Fôlego terá a certeza que se trata de uma cantora com o timbre de voz forte, parecido com a Gal Costa ou Maria Bethânia, mas não se engane, pois a potência musical vem de um gaucho que através do seu canto emociona seu ouvinte, declarando seus amores, seja com suas canções autorais ou as interpretações de clássicos da musica popular brasileira. 


05° Rodrigo Ogi – Crônicas da Cidade Cinza

Sem dúvidas esse foi o ano do rap nacional e ao vermos essa empreitada no futuro, teremos a certeza que esse momento tratou-se de um ponto crucial. Ogi faz parte da nova safra do gênero, conseguiu retratar por meio do seu álbum todas as peças do quebra cabeça chamado São Paulo. Um disco para ser lembrado nos próximos anos.




04° The Do - Both Ways Open Jaws

O único álbum internacional presente na lista, para ser franco esse foi um ano no qual posso dizer que noventa e cinco por cento do que eu ouvi era música brasileira, no entanto, a magnitude de Both Ways Open Jaws, desse grupo metade Frances e Finlandês,  foi capaz de subverter meus passos e ter me levado a outro universo.





03° Bárbara Eugênia – Journal de Band

No momento que ouvi esse álbum me encantei com a voz delicada de Bárbara. Nesse seu primeiro trabalho solo as suas canções mostram sua ousadia e inquietude em não fazer parte de um rótulo. Uma afilhada do Cidadão Instigado, com essa referência já vemos sua ousadia.






02° Criolo – Nó na Orelha

Criolo ao lançar esse álbum deixou de ser apenas um rapper para se tornar um cantor importante dentro da história da música popular brasileira. Apesar de existir uma indústria cultural tentando gerenciar seu novo percurso, o artista do Grajaú fez uma obra prima que certamente estará na lista de muitas pessoas ao encerrar esse século, como um dos trabalhos fundamentais para a música brasileira.





01° Leo Cavalcanti – Religar  

Se a música é a companheira de sua vida, as canções de Religar foram as mais precisas, que diversas vezes tocaram a alma, primordiais durante o ano inteiro. Esse álbum, propriamente é do ano de 2010, precisamente de dezembro, porém nenhum disco tocou mais no meu ouvido que não esse. Além de esteticamente ser uma grandiosidade, que o artista consegue interligar  numa canção, vários pontos da existência  de um individuo. 

A bola é minha

O Santos perdeu de uma forma vexatória para o Barcelona na final do mundial interclubes, em, todavia o time santista já havia perdido antes mesmo do apito inicial do juiz, os sintomas de uma possível derrota surgiu na escalação de sua equipe, optando por um esquema tático, do qual nunca havia experimentado antes., evidenciando o tamanho do  medo por enfrentar uma equipe dita pela maioria como coisa de outro mundo.

E, apesar do brilhantismo mostrado pela equipe catalã, compartilho com a mesma opinião de outrora e sigo novamente na contra mão em não idolatrar uma equipe de seres humanos mortais, passíveis de erros e acertos, no entanto, sei que contra fatos não há argumentos, a competência do Barcelona é evidente.

Porém o que chama atenção, a minha em especial, não são os números obtidos, mas os fatores que cercam as entrelinhas, nesse quesito sou um admirador assíduo dessa equipe, por serem tão comprometidos e deixarem de lado a vaidade e respeitarem a verdadeira protagonista do futebol que é a bola.

Apesar de serem famosos e donos de salários milionários, não deixam de ser proletariados do futebol, trabalhadores que levam a profissão a sério, outro dia ouvi numa rádio esportiva que a equipe no dia de uma partida em sua cidade não deixa de treinar e pós-treino são liberados para almoçarem com suas famílias, com o horário estipulado para retornarem próximo ao horário da partida oficial.

São assuntos assim esquecidos pela a maioria das pautas esportivas que estimulam o meu interesse, além do consolidado trabalho de base - em revelar jogadores, sem falar no senso de competitividade que encontramos na face de cada jogador e por que não dizer da concentração coletiva, que através dela vemos a aplicação tática demonstrada nos jogos.

Entretanto, vou parecer contraditório agora, quando tamanha jóia é valorizada de uma forma suspeita, visando bens invisíveis e ao mesmo tempo procura distanciá-la a colocando em um pedestal longínquo de nossos passos, acabo não conseguido enxergar beneficio algum. Em outras palavras é gozar com o pau do outro. A nossa imprensa causa isso em seus receptores, a sua maioria. 

A equipe catalã é formidável, no entanto esta longe de ser coisa de outro mundo, até porque quando se tem um objetivo há frente, virão inúmeras derrotas para enfim conseguir alcançar vitórias, argumento parecido, exposto por Neymar pós derrota, que a nossa porca impressa não chegou a divulgar nem no rodapé de suas veiculações. Visando somente as palavras que vende: “Nós da equipe do Santos, hoje aprendemos a como jogar futebol” quando na verdade essa frase faz parte de um contexto apagado pelos porcos da notícia.  

Contexto esse, que particularmente foi o melhor momento da decisão, uma fala que para os desprovidos de sensibilidade pode suar como desculpa de perdedor, mas na sua essência diz sobre entender o percurso da vida, que saiu mais ou menos assim de sua boca, segundo Neymar “Nós da equipe do Santos, hoje aprendemos a jogar futebol, no entanto, não devemos desvalorizar a nossa chegada nesse mundial, as nossas vitórias para chegar aqui, porém perdemos, mas indo de encontro a uma entrevista que ouvi do Josep Guardiola, que dizia que para chegar aonde chegou houve inúmeras derrotas. Por isso vamos aprender com essa derrota e fazermos de tudo para voltarmos ano que vem aqui”.

Não foi o poder divino que concedeu ao Barcelona a sua maneira de jogar, foi através de trabalho, derrotas e continuísmo ideológico que fizeram a equipe ser a número 1 do mundo. Se houver disposição, força coletiva e objetivo, outras equipes podem ser a equipe catalã, não só restringindo no campo de futebol, saindo, em nossas profissões se houver a soma de fatores que achamos ser a ideal para fazermos chegar ao nosso objetivo, também podemos ser o Barça. É tudo uma questão de para de achar que o outro pode ser e você não, ficar se exibindo pela qualidade alheia, imune de força para mostrar a mesma qualidade ou supera - lá.

O próprio Guardiola na sua entrevista coletiva disse que só tentou fazer o que o nosso futebol brasileiro sempre fez. Por minhas palavras é tratar a bola bem.


No final das contas, a imprensa te conta mentiras, é você acredita e repassa pra frente


Normalmente quem defende a idéia de que a equipe do Barcelona esteja anos a frente da equipe do Santos nunca assistiu um jogo sequer do clube catalão, na verdade sua opinião vem pautada diretamente pela esquizofrenia da nossa impressa jornalística, que segue insistindo nesse eufemismo estrangeiro de valorizar o que é do outro e desvalorizar o que é nosso, simples assim. O diagnóstico é esse, sem erro de errar. No entanto, é evidente que a superioridade do Barcelona existe, porém para deixar claro novamente, não com essa escala gigantesca que os veículos insistem em jogar a nossa goela abaixo, o seu status de melhor time do mundo emerge em conquistas realizadas e no entrosamento que está consolidado há diversas temporadas.  

Se fossemos exemplificar os jogadores, do lado catalão encontramos o segundo melhor jogador de futebol do mundo, Lionel Messi, que mostra com seus dribles o seu refinamento para desequilibrar uma partida, além de reunir em sua particularidade, talento e objetividade necessária para ser o protagonista de seu clube, além da grande estrela, existem jogadores que são excelentes coadjuvantes, Iniesta, Xavi, Villa, Pedro e Daniel Alves, além do badalado Frábegas na reserva, estão longe de serem bichos papões do futebol, ou seja, monstros sagrados do esporte que serão eternizados por suas individualidades, no entanto, o grupo usufruí bem do já citado entrosamento, que é o grande segredo desse sucesso, em outras palavras, coloque mão de obra parecida com a que tem atualmente no clube espanhol e adicione temporadas jogadas juntas e terá esse Barcelona.

Portanto, é claro que uma parte da imprensa através de seus comentários e suas escritas poderiam ser confundidos com dramaturgos, por criarem enormes melodramas em relação a esse possível confronto entre a equipe espanhola e a brasileira. Já do lado santista, vemos um time que mostra jogadores igualmente competentes em suas funções coadjuvantes, como Arouca (um injustiçado por não ser o volante titular da seleção brasileira), Danilo, Elano, Borges (Outro que deveria ganhar uma chance na seleção e usar o entrosamento com o Neymar ao nosso favor) e guardada as incríveis proporções Henrique mostra-se conciso e trabalha bem em coletivo, em compensação a velha zaga praiana mostra insegurança, logo dificuldade é pode ser um ponto para perder o titulo.

Com tudo, há dois jogadores essenciais e diferenciais que podem ser a arma para o êxito da vitoria santista, o primeiro: Paulo Henrique Ganso que aos poucos vem conquistado há velha segurança e mostra através de sua concentração uma visão de jogo soberba, além de sua técnica unido de tranqüilidade, um jogador diferenciado, daqueles meio campistas que evidentemente estão em escassez no futebol mundial. É para finalizar, o melhor jogador do mundo atua no clube santista, Neymar, com pouca idade, já escreveu seu nome entre os melhores do futebol, mostrando uma diversidade impressionante, junto a mesma objetividade de Messi, que do lado brasileiro está recheado de segurança, diferente do argentino que em algumas partidas desaparece.  Se fossemos se apegar a esse detalhe, ao de jogadores que podem fazer a diferença, Santos está ganhando por dois a um. Não tenho dúvidas, o craque brasileiro por meio de sua genialidade vai fazer o mundo inteiro testemunhar a sua arte e dar a resposta merecida a FIFA, por ter fechado os olhos e não tê-lo elegido entre os três melhores do mundo.

Quando o Santos ganhar do Barcelona, o quadro vai se inverter, a mesma imprensa que glorifica o time de estrelas espanhol estará no seu computador, rádio e televisão glorificando os meninos da vila. 

Eu viveria pra sempre numa tarde de sol


Às vezes não precisamos de tanto, abrir a janela e ser iluminado pelo sorriso do céu basta numa tarde de sol. Paralisar o pensamento, ouvir o nada surgir tendo em vista o sol batendo em você a quilômetros de distância do mundo, gratifica a existência, resplandece a situação. Talvez a minha escrita contenha um sentimento intimista de saber o meu tamanho no universo que habito. Em suma, acaba sendo uma questão de tentar ser amigo do tempo, de vezes não ligar para o tédio que tenta, muitas vezes bate, rebate nos meus passos solitários de uma semana tranqüila. Um ciclo se fecha e outro se abre. Um produto é desfeito e outro é comprado. Mas, poucos entendem a beleza de uma tarde de sol. Do dia que se encerra, da madrugada que aguarda a sua vez, horas antes, enquanto a arquitetura tentava ser onipresente nas nossas vidas, na claridade de uma praça escondida sorrisos inocentes eram dados. Não saiu nos jornais. Nem eu mesmo vi. Muitas também não viram, mas também não me escondi e uma janela que se esconde do sol não pode ser levada a sério, não há ar condicionado que tire o brilho de uma segunda feira ensolarada gritando sobre nós. Agora, imagine durante as horas presas na sua janela de concreto, quantos sentimentos ao ar livre não foram anunciadas. E você, julgando ser interessante por saber qual será a sua próxima aquisição desliga o cérebro para isso. Quem está indiferente aos recursos naturais também não pode ser levado a sério, a preferência  é ouvir o barulho do código de barra sendo lido. Eu não, poderia viver pra sempre numa tarde de sol.

Qual é a moral da história?



Tenho um visinho que pensa em sexo 19 horas por dia.

Não bastando o ocorrido, outra vez no pronto socorro, na primeira hora do dia foi avisado pelo medico que estava sobre suspeita de anemia. Cabra porreta, esse meu visinho, não é mesmo, entristece e vezes esquece do próprio paladar e o mau trato de sua mão ao nós cumprimentar, entrega que és um soldado de prontidão, pronto para estar em jejum se precisar. 

Vigia dos decotes alheios. Sobrevivente das madrugadas recentes. Um legítimo sacana aposentado.

Por meio do seu mérito trabalhado já conheceu o alfabeto inteiro, vejam que até com a letra y, a assanhada adotada pelo nosso idioma, o cretino teve já seus gracejos.

Nelson Rodrigues, que nada, um sacerdote comparado ao meu visinho anônimo.

Feito aqueles defensores que assistimos nos filmes hollywoodianos, reverto a breve prosa e digo antes da sua leitura vulgar e moralista a inocência do meu visinho, argumento como defesa, que a sua sacanagem se restringe à privada, portanto, cada um que limpe a sua.

Antes mesmo de classificarem a tiração de sarro como bullying, os produtos vendidos relacionados ao tema não passavam de pó enquanto o meu visinho sentia o peso de suas orelhas achatadas e sua ausência de fala, em pleno ambiente ditatorial em que o sexo cedeu espaço para o medo e a sacanagem ficou escondida na gaveta, aguardando a liberdade abri-la.

Labuta amigo, em dias difíceis meu visinho não atravessou a rua, permaneceu na mesma calçada, alcançado dias cibernéticos. Dias, que segundo o próprio são vazios e responsáveis por aflorar a sacanagem de outrora contida. Relaxa meu visinho, amigo, batalhe pelo seu orgasmo de cada dia, esqueça do passado, do presente tardio e futuro distante e morra ereto, feito um vigilante que tu és.


Inquietos, 2011, EUA - A Pele que Habito, 2011, Espanha

“O que os filmes “Inquietos” e “A pele que habito” tem em comum? Há não ser pelo fato que assisti ambos no mesmo dia. Aparentemente não são produções que demonstram semelhanças, no entanto, se formos aos bastidores da questão encontraremos a competência de seus diretores, tanto Gus Vant Sant quanto Pedro Almodóvar são criadores de um cinema que mostra em sua gênese a qualidade, o que conseqüentemente instiga o seu público. Duas histórias que certamente não sairão da minha mente por muito tempo.

Se Inquietos utiliza-se do silêncio ao seu favor, A pele que habito grita em nossos ouvidos quase que a película inteira, como se quisesse nos acordar de um sono profundo. Porém, ambos penetram nossos interiores com questões a se pensar pós seção, seja as nuances que beiram ao magistral de uma simples troca de olhares do filme de Gus ou os momentos de tensão da história de Almodóvar, digna a salvas de palmas, que se estivesse vido o mestre do suspense Hitchcock certamente daria ao seu colega de profissão. Observando rapidamente, uma obra ensina para não se perder tempo, que cada hora vivida pode ser preciosa em nossas vidas e a outra coloca em cheque a importância real da nossa estética, da nossa sexualidade, se somos assim porque temos a nossa imagem ou indefere, se fossemos quem não somos o que nos guiaria? Séria a nossa alma? Eu sei, você já viu ou leu esses temas em outros lugares, publicações e etc, entretanto, permita-se, ser levado a essas duas histórias singulares e marcantes. Sua mente vai agradecer.

Costumo dizer que quando uma manifestação artística é generosa e ensina o seu espectador, nesse caso o cinema, as imagens que são transmitidas já dizem por si só, não vai haver palavra suficiente que irá aproximar da magnitude vista. Com os recursos técnicos impecáveis, universos que tiram o espectador da cadeira e literalmente o teletransporta, trilhas sonoras, oras cativante, oras densa e que estão amarradas perfeitamente com a excelência das cenas, as duas produções precisam ser vistas e celebradas. Também vale ressaltar as atuações soberbas de Mia Wasikowska como Anabel em Inquietos e Antonio Banderas como Richard Ledgard em a Pele que habito. Do mais, é só ir ao cinema e garantir a experiência.


O novo Rap Nacional

A lembrança percorre os meses anteriores para apurar qual assunto foi recorrente na pauta cultural nesse ano que chega ao seu final, contrariando o seu passado de isolamento, o rap nacional através de novos artistas conseguiu atingir constantemente as páginas de diversos veículos.

No entanto, a direção nem sempre andou para esse lado, o diagnóstico era outro, o distanciamento a mídia pautava o percurso do gênero musical, que passou a década passada sendo sinônimo de marginalidade. Na linha de frente, Os Racionais Mc´s conseguiu a sua notoriedade sem apelo midiático algum, através dos próprios fãs que disseminavam e cantavam suas músicas aos quatro cantos da cidade. Além do grupo hegemônico, outros nomes se prendiam dentro do nicho, abrindo exceções a poucos veículos, tornando muita qualidade quase invisível, conseqüentemente descriminalizada. 

Ensaiando remodelar o muro de isolamento, nos meados de 2000 surge Sabotage, morto em 2003, mas que através de seu carisma aproximou outras musicalidades ao rap, já preparando, mesmo inconscientemente o cenário para a atualidade.

Há exemplo do rapper paulistano aparecia aos ouvidos da maioria casos como Mv Bill e Rappin' Hood, entretanto faziam parte de uma minoria, sem o poder midiático necessário para redistribuir outros exemplos.

E a atualidade mostra o contrário, o rap nacional alcançou a auto-estima e vem quebrando o paradigma que enfrenta durante anos. Artistas da nova geração caminham construindo novos versos que não se limitam a questão social, temas impensáveis em outrora e que saem de suas rimas agora, como o amor, a vida e amizade fazem parte de um novo repertório que visa consolidar-se na música brasileira.



A dupla principal dessa empreitada, Criolo e Emicida, literalmente invadiram os noticiários esse ano, ambos protagonizaram publicações e foram capa de uma considerável revista nacional, participaram e foram entrevistados em diversos programas da televisão, semanalmente eram lembrados em notas nos veículos impressos e se não basta-se o burburinho acabaram premiados nos principais prêmios da música popular brasileira. Definitivamente são os rostos desse novo momento do gênero, porém a luz do túnel não acaba com eles, outros artistas começam a ganhar espaço midiático , destaques para Rodrigo Ogi, Lurdes da Luz, Flora Mattos, Flavio Renegado, Projota, Rashid, Karol Conká, Rael da Rima e Pentágono.

Se antes a logística dos shows era feita para os espaços periféricos, atualmente ocorrem muitas apresentações em casas tradicionais do centro da cidade, como o Studio SP localizado na Rua Augusta, o que ocasionou a popularização das músicas, porém, convenhamos que o gênero ainda manifesta em boa parte da sociedade o preconceito, em compensação as conquistas estão se consolidando para rebater a desconfiança.

Alguns consumidores de música dizem que o motivo principal para ter ocorrido à mudança foi por conta do advento da internet, um agente determinante na vida artística da nova geração, sem as ferramentas virtuais o gênero estaria fadado ao afastamento de sempre. O que de certa forma é verdade, em contra partida a mentalidade do novo rapper se modificou, o pensamento que culmina é a liberdade que a música emprega, sem restrições, ou seja, um direito social.

Parecido com um garoto que enfrentou o medo e alcançou as suas primeiras pedaladas em uma bicicleta, o rap abandonou a sua zona de conforto e deseja alcançar voos maiores.

Um mergulho no concreto


Dias passam sem ao menos darmos conta do ponteiro. Doenças apagam o sol da nossa motivação que julgamos ter sido uma comprovação de que podemos mudar o tédio. Não podemos. O marasmo padece no percurso como pedras são encontradas no asfalto desgastado por andares tristes que constroem uma semana. Solitário não sou eu que sei muito bem o quanto meus passos não querem seguir o previsível, vazios são vocês que enxergam no automóvel o mesmo valor de um sorriso sincero que surge desprendido de cifras. Como poderei ser alguém que conquista e deseja estar imune do tédio?  Há frente de uma realização vem o despertador que tocando na manhã seguinte chamando para respirar outras conquistas, no meio dessa ordem chega o “buraco” vagarosamente insistindo que é preciso conquistar outras coisas, entristecendo a nossa existência. Seja o que for, faça o que tiver que fazer, porém a primeira ordem é fugir do tédio, gastar sem precisar, evitar a si mesmo, ser engrenagem da vitoria. Como posso relaxar se nós sabotamos a si mesmo querendo ser o vencedor a toda vez quando passamos a chave na fechadura da onde habitamos? O tempo corre. Não corro, vivo a vida antes de tudo por acreditar na poesia de quando acordamos. Se ganhar impõe vitorias infinitas, prefiro dançar ao lado do quem nem sei o que seja, mas que faz repensar nas coisas que você julgou ter sido verdade, que na preguiça colocou o cérebro pra deitar sem averiguar a verdade do boato. 



LinkWithin

Related Posts with Thumbnails
Return top