Texto vazio para uma sexta-feira ensolarada

Saudades são jardins escondidos no fundo do nosso pensamento. Leio essa mensagem exposta no outdoor da avenida dos meus sonhos. De manhã sou recebido por um postal de sol, que urge a raiar no meu deitar ensaiando acordar. Existe mascaras dentro de mim que impendem de sentir.  Não sei dizer o motivo, talvez seja essa palavra, a sua singularidade, possa ter sido afastada por camadas de vento que distanciaram a sua definição do espaço que habito. Lavar, ver o rosto molhado a frente de um espelho, se perguntar se a pessoa que está refletida é a mesma de ontem. São embates do nosso cinema, que a princípio continua sem público, formando cadeiras vazias. Nas salas de cinema do shopping não existem mais lanterninhas, que a princípio eram velhos, dominavam a linguagem cinematográfica, a modernidade tratou de enterrá-los e suprir a lacuna com garotos entristecidos que são movidos por ilusão e odeiam fazer o que fazem, assim, de repente, acordamos numa sala de exposições, rodeado de lamentações, raivas, carências, sexualidade, egoísmo, todos enfileirados ou não, mas certamente banalizados na sua totalidade, bem vindos à desaceleração da sociabilidade humana, não precisa recorrer apenas à internet pra saber que nossos passos estão presos na era do falar sem escutar. E cadê a saudade? Quem ouve? Perdido, estou vendo um reflexo que não se identifica com o dono do corpo. Assim sempre será?  No corredor da mente têm vários de mim, todos pendurados por um cabide que os identificam de acordo com uma circunstância. Respostas vazias são o contra taque que defende a necessidade de ter outras pessoas em uma. Não sei mais o caminho do jardim. Está tudo muito padronizado. 

Sem receio das segundas


Acordar as 11hrs em uma segunda feira implica um sentimento mensurável de saudades do final de semana que não volta mais, ao contrário do dia anterior, a segunda amanhece solitária ao seu redor. Isso pode contaminar o pensamento e fazê-lo agir ao longo do dia, contra si próprio. No entanto, espreguiçar traz à tona a liberdade que uma segunda feira acordada relativamente tarde pode lhe dar. Uma vez li, em um blog, que fazer das segundas feiras um domingo séria o ideal para aflorarmos a paciência e darmos conta do quanto pequeno somos dentro de um universo. Agora escrevendo, vejo que identifiquei a pequinês e alcanço a plenitude de não temer o tempo, fazê-lo correr atrás de mim. Ser coroado o rei, sem o clichê que a palavra a emprega. Mesmo sem muito dinheiro, estando a mercê da condução pública.

Estando na frente do computador, observo vindo milimetricamente do meu lado direito, o mesmo que uso a mão para digitar palavras, um tímido vento se aproximando e invadido o quarto em um sopro só, com a janela aberta, noto que o dia está sorrindo para todos nós, basta aproveitarmos e fazermos o que podíamos e não fizemos ontem. Por culpa de medo, de outros notarem que não somos um mero rótulo. Tudo acaba se tornado uma questão do quanto traímos a si próprio. Acho fundamental, antes de dormir, contabilizar os erros que nos desviaram da realidade que construirmos até o momento, por mais que a vida solicite que uma tristeza chegue ao colo de outro alguém.

A interpretação da tristeza varia e é relida de acordo com a cultura adquirida do sujeito, não adianta reclamar, tem dias que o sol não invade a alma, portanto, estar agasalhando em dias de frio é necessário para equilibrar o seu viver e ter a certeza que só de sorrisos não se chega a lugar, notas tristes fazem um ser. Humano com o sorriso, mas, aprender a encontrar-se em choros faz um ser. Ambos dialogam e necessitam serem sentidos.

Sorriso e choro, assim é trilha, estar presente independente de multidão ou solidão, seja sol ou frio. Somos e conseguimos ir muito além do bem e do mal. Entenda, respire mais. 

Final de campeonato em plena lanchonete com direito a Nouvelle Vague


Deixe o saber e o pensar restrito e guardado dentro de uma monografia entregue em algum campus por ai – disse ela em pleno turbilhão de teorias que saiam da minha boca. Era como se ela estivesse ausente da própria vontade estando presente fisicamente na minha frente sentada na cadeira daquela lanchonete. Os ouvidos não estavam dispostos a prestarem atenção no que eu dizia. Obviamente que o corpo tinha planos, vagarosamente a cintura se mexia na cadeira, aqueles olhos estavam distantes, sentia. Saltitantes.

A complexidade se estendia aos quatro cantos daquela lanchonete. Percebi que o ambiente torcia silenciosamente para meu êxito carnal. Por dentro daqueles rostos angustiados havia uma criança querendo redescobrir a sensualidade afastada pelo tempo.

O antigo e previsível senso comum impregnava aquele espaço, da TV passando a novela repetida, dos talheres bem organizados sobre a mesa, das cervejas com marcas famosas e algumas estrangeiras para esboçar diretamente o entretenimento boêmio nada diferenciado.

Está certo, fugi descaradamente da troca de olhares que ali rolava, mas era verdade que não tinha acordado naquele dia com o intuito de transar com a pequena. A modernidade ao invés de alegrar  meus dias, estava me deixando na pior, tirando o meu sono. Quem diria a regalia mais charmosa de outrora está démodé nos tempos da curtição saturada.

Infame - pensei. Na mente, rolava o atestado: a conversação, a prosa sobre cinema ou musica, ou tantos assuntos que poderiam entrar em voga, podendo ser a pré-liminar do eterno chamego não interessava mais as pequenas, hoje, trata-se de filosofar ou ser culto demais. Não sei onde foi parar a menina que varava a noite, e na medida correta se embriagava e deixava cair dos lábios pequenas gotas de vinho barato, recriando a cada orgasmo conquistado um dialogo clássico da Nouvelle Vague. Ou melhor e não preciso viajar a Europa, cadê a que sentia tesão por saber que era inspiração da poesia de alguém?

Me fale a direção da janela onde posso espiá-las? Não há tempo pro olhar curioso, há sempre um novo orgasmo a sentir. Orgasmos se tornaram efêmeros. As mulheres tão pouco são sacanas quanto a Cleópatra foi, está tudo padrão, vou à farmácia ver se encontro uma mulher que me cure do marasmo dos dias atuais. Pobre do homem que nasce hoje, vai precisar caminhar como o Frodo Bolseiro para achar uma galega que vale a rabada.  

Se ainda parecer dúvidas quanto o diagnóstico, arrisque e tente colocar na vitrola, o velho hino, o que ajudou milhares de casais a eternizar a intimidade dupla, “Jê t`aime, moi non Plus”, verá que até de antiquado será chamado. O clichê de hoje e o bom gosto de ontem. Vaidade burra.

Das meninas e dos meninos, a cena impactante é quantidade, se apagaram da lousa a qualidade. Sexo de verdade, nem a augusta vende mais. O tempo tratou de esconder os últimos clitóris que valessem a curiosidade da língua.  

A garota moderna tem pulso forte, o que é bom, confesso, mas não necessita a auto-afirmação de perguntar aos outros se é gostosa? Perde o encanto rostos angustiados!  Entenda, que a mulher que brigou e conquistou os direitos estampados por cima do decote podendo ser visto no retrovisor do carro parado no transito e a mesma que esta perdida dentro da ditadura da estética.

Tira o botox rapariga. Celulite não é câncer.

O que me acanha é se deparar com um discurso machista dito por lábios delicados. Isso me faz pensar porque o Fred Kruger não invadiu meus sonhos.

Uma matilha de garotas encorajadas e padronizadas por uma falsa malandragem.

Foda é ser mulher, já tentou? Poderiam dizer as feministas coladas no radinho, entendo que há certa razão na afirmação das madames. A história diz por si só que houveram desventuras aplicadas na espécie, só fala pro desencanto partir quando noto que um bolinho de carne vale mais apena do que uma mentira escultural, corpo de modelo, ex-bbb, capa da playboy. A arte de se encorajar na hora do banho corre longe quando vejo na vitrine que uma ex- bbb qualquer pousou novamente peladinha. Quem são essas donas? É tudo manipulação, querem controlar o seu tesão.

Tempo sempre vem, tento avisar, mas não escutam, vai fazer o que?

Deve estar no mar a raiz da verdadeira fêmea, sei disso, pretendo descer a serra o quanto antes, enquanto não tenho dinheiro da gasolina, contrario a torcida. Para um cara assim, que nem eu, ser barrado no diálogo é o fim da possibilidade de acordar olhando para a intimidade alheia no recanto espelhado, marcando gol com direito a placa de honra, dada na saída, por meio das balas mais saborosas da cidade.

Tomei decisão. Olhei nos olhos descrentes de metáforas, entupidos de vontade de quantidade, neguei, ela ouviu um não saindo da minha boca, acabei por ficar. Sessão da tarde a vista, bigode - serve um bolinho de carne para mim. Ouço as vaias do estádio.

O dia que Amy Winehouse da Favela Morreu!


O seu nome era Creusa, os íntimos a chamavam de Amy Winehouse da favela, apelido dado por tanto se desgastar no caminho da polêmica. Residente desde sempre em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, junto com um irmão e uma avó dividia um barraco de madeira nas margens de um rio, com dois cômodos apenas, uma cozinha, que tinha um pequeno banheiro e uma sala que a noite se tornava o quarto de dormir, desse jeito se virava deus sabe como, mas o certo é que não deixava de fazer o seu rolé. Isso era sagrado.

Mulata com o corpo avantajado, gostosa que só, freqüentadora ativa dos sonhos noturnos das mentes cabulosas dos garotos da quebrada, viu o seu sucesso passar fronteiras é ir de trem da leste até o centro da cidade, com um bilhete único contado era admirada de cabo a rabo, do cobrador da lotação até o bacana engravatado na Love Story.

O telefone sem fio serviu para espalhar a notícia, a velha e mais eficiente comunicação que nunca falha ajudou o seu primeiro hit ganhar as noites paulistanas, “chupo como ninguém” logo se proliferou e os gringos se derreteram, saíndo dos Jardins, Higienópolis e Oscar Freire aos montes, mais gordos do que nunca e o que parece, todos com suas amáveis e bem sucedidas particularidades capitalistas se reconhecendo no desejo, pois assim é aplicado na prática, aquele velho ditado dito pelo meu avô até que faz sentido, na putaria, independente do clero, posição política, classe social todos se identificam.

Com o seu hit tocando em todas as rádios corporativas, Creusa, perdão, Amy, escrito assim no seu próprio cartão pessoal estava na crista da onda, aos 26 anos, havia sido promovida de mais uma caixa para uma prostituta de luxo. Conseguia em um dia de programa, o triplo a mais que em seis meses trabalhado no mercado. No entanto, aos arredores do seu ponto, na frente da Love Story, uma misteriosa e intrigante questão era colocada aos quatro cantos pelos profissionais do sexo. Como uma garota com cabelo esquisito conseguiu esse sucesso repentino? Divagação de Leonor, travesti que ficava ruas abaixo do ponto da nova estrela da cidade.

Odiada por suas colegas e pelos peões que não tinham mais condições de pagar o programa, assim era a vida da diva nas localidades, em compensação, a cada mês passado, se tornava mais vista em eventos, restaurantes cobertos de luxo e até casamento de socialite a bela marcava presença, estava mais batida do que ex-bbb. Porém, o sucesso tem sempre suas armadilhas, da mesma forma que os engravatados gostavam de seus serviços seu desejo por cocaína só aumentava. A cada intervalo de uma gozada, de uma lamentação, de um evento novo, a mulata de São Miguel entrava no banheiro e cheirava, começou cheirando duas onças, quando notou estava cheirando seu programa.

Pessoas ao redor da moça, diziam que o seu problema não era as drogas, mas, a sua escassez de empreendedorismo, já que a cada programa o seu colchão contabilizava uma grana alta e poderia muito bem mudar de ares, em contra partida, a coitada até tentou, ajuntou, comprou bicicleta para o irmão, só que do dinheiro ajuntado viu nota por nota parar na mão do traficante.

A mulata aos poucos foi perdendo sua coroa, de repente voltou a ser mais uma, o seu preço reduziu depois de ser pega cinco vezes roubando o cliente, para graça própria a polícia não foi chamada, restou apanhar calada nos cinco casos.

Prestes á completar 27 anos, a garota que também fazia um ano vivendo de prostituição, estava abandonando o luxo pra viver de realidade, seus programas não estavam mais caros, dizem as más línguas que em troca de um pino abaixava suas calças ou abria sua boca, dependia muito da proposta, mas nada era subitamente imudável. Bastava o desejo pela brisa florescer e as coisas acontecer.

No caminho para goma, a vaidade cedeu lugar para a fragilidade, seus olhos que ensaiavam sorrisos pelos olhares de terceiros, insinuava cansaço e pedia paz dentro de si. Estava sendo vítima da indústria capitalista que a criou, a droga foi lhe apresentada pelos mesmos empresários que hoje dão as costas para o seu sofrimento, toda vez que a encontra embriagada na esquina do fracasso.

Cheia de frustrações e sem dignidade, porque sobreviver pesa, os seus dias a engoliam, para o barraco não voltou, ficou no ar, ninguém sábia onde a moça tinha indo parar. Foi encontrada morta, esfaqueada em um quartinho de ilusão, pessoas próximas falaram que á noite passada a gritaria sobressaiu, parece que um homem alto e cheio de fantasia na oratória havia-a prometido uma viagem para Roma, onde voltaria a ser garota de luxo, no calendário marcava dois meses que a fala não passava de promessa, irritada a rainha quis reempossar a coroa, só que a faca encostada no seu coração não quis nem saber se era verdadeiro o pedido.

Por coincidência, as que o destino prega na gente, a desconhecida Amy morreu no mesmo dia que a sua chará famosa faleceu. Enquanto tablóides do mundo inteiro procuram razões pelo ocorrido, a avó da mulata nem sequer sabia do paradeiro de sua neta. No momento que a nossa televisão era vomitada por “notícias” e “acompanhamento” diário da super glamorização do velório da britânica, a produção do Brasil Urgente recusava noticiar informações do cadáver da desconhecida, achando melhor e de mais valia veicular vinte quatro horas do caso mais famoso.

Anônima, sem o charme midiático para passar, com a mesma idade da outra, sem capa de revista, entretanto, com uma obra grandiosa, brasileira legitima, seu rebolar fazia a festa dos marmanjos da cidade, pórem, morreu sozinha, sem o brilho merecido. Dizem por ai que a cada morte de famoso é encoberto dez mortes comuns, no mínimo.

O que a nossa mãe não nos contou o que seriamos


Eu sobrevivo as paisagens que passam
sobre mim dispenso o olhar
cego, Só existo
nas paredes e nos braços
estende-se
as horas que anulam
sobrevivo, mas não valido
a mente
sem pensar
o olho
sem notar
as paisagens solidões
são cenários
pra distâncias de mim mesmo
quinto dia útil
tiro o cartão
compro ilusão
consumo me embriaga
bêbado de sacolas de shopping
voltando
paisagens são despedidas pra chegar em casa
cego, continuo
feliz, por enquanto
amanhã, acordo cedo
esperando o vale
mais uma dose de consumo
por favor!

O brilhante Andy Kaufman

Foi graças a cinebiografia dirigida por Milos Forman que fui apresentado a obra do artista americano Andy Kaufman, que, diga-se de passagem é interpretado brilhantemente por Jim Carrey, causando no expectador definitivamente o sentimento de fazer parte do Mundo de Andy, que acabou sendo o nome da película filmada em 1999.

Através da narrativa somos levados a trajetória do artista, da infância ao sucesso, das polêmicas a decadência.

O interessante na vida de Kaufman é a forma como ela se desenvolveu. Cheia de altos e baixos.


Vanguardista no humor, por seus personagens, destaque para o pseudônimo Tony Clifton e sua forma singular de conduzir suas piadas, entretanto, desde sempre, sua negação por ser rotulado como um comediante sobressaiu confundido muito o seu público, o auge para tanto, foi quando no seu show de humor, ficou horas lendo um romance para platéia, exemplo de uma inquietação por inovação que moveu o seu legado.

A produção pontua bem o lado questionador do indivíduo, nos colocando algumas vezes em dúvidas se o que estamos vendo na imagem trata-se da realidade, já que a mentira é um aspecto gritante na característica do artista, que a usava para se contrapor a fantasia do show business.

A imprensa americana, a televisão e o receptor, como a sociedade da época em geral presenciou e ajudou a contrariedade de uma figura midiática que parecia estar a todo o momento pedindo socorro de um fardo que impuseram ao seu trabalho. No entanto, até a sua morte em 1984, o seu caminho parecia ser construído milimetricamente, mesmo no auge de sua decadência.

Ao final da película não tem como não dizer que Andy Kaufman estava a frente do seu tempo, todo o seu repertório artístico se tornou fragmento de muitas escolas do humor que conhecemos e vemos hoje em dia na televisão: seja nacional e internacional.

Carta Aberta pra Tulipa


Tulipa cante, cante mais, me perdi no seu aroma invisível e não quero ser chamado pra acordar. Se desafinar não reparo o ocorrido, digo mais, evoco palavrões se tiver gente falando mal aos quatros cantos de sua doçura. Oh Flor, minha linda tulipa, ouvir o seu cantar já me deixa feliz. Embora esteja nos seus versos há um ano exatamente, não vou mentir, teu amor é dividido, por demais fui adormecido e no caminho entediante dos trilhos do viver encontrei uma certa Gullin, na ocasião que nada parecia sair da rotina chegou Thaís prevenida, na medida segurando minhas mãos, sem apoio do escribas, me levou ali no mundo de Alice, voando no tapete voador sem desculpa interrogado pelo olhar certeiro do ferroviário respondi aham aham. Ouvindo estou aprendendo aos poucos que prefiro os nossos sambistas as besteiras americanizadas. Hoje bebo açaí, larguei a coca-cola já faz dois dias, eu sei to ligado, decisão repentina dá nisso, sem crédito para reação. Reaja criatura divina, mostre seu lamento, além do mais, não é só de ôÔÔôôôÔôô que a gente vive, se estou atolado na lama sentirei a meleca até o calcanhar. Lendo meu jornal recordo, sou Eugênia. Barbara aqui, lá, co lá, no andar cansaço do compromisso de abrir a fechadura e encontrar o meu banhar, limpando a lama do ouvindo, sinto agradecido de ter sido apresentado ao cantar dessa galega, glorioso, o tempo é mesmo curioso só depois de revisitar uma mesma canção que lembramos que não somos mais aquele menino que um dia andava pelo asfalto de toda vida, amigo, precioso, o tempo, fica nos observando, no instante mais íntimo de nosso viver, deixando de fora aquela mágoa vencida que ficou pra traz. Eugênia séria ser poeta? Enquanto meu vizinho sente o conforto de um automóvel eu não acelero as conquistas, paciente faço igual o tempo. Espero ouvindo, sentindo o gole dessa vida cantada. Já confesso que estou indo longe demais, logo agora, chegaria numa história de fogo, derretido por esse amor, esquece-te desse penar, ajoelhe-te, chupa-me e agradece a quem te machuca por essas confissões. Eu sei Deus dói demais, mas o melhor ainda é se queimar do que viver numa solidão radiofônica. Minha brava brasileira se o acaso me fez ser Negrine no ouvindo há de ser por causa de Alessandra, imagine só, seguimos pelo meu pensar que a exclusividade só acaba dando certo no sonhar. Por uma faixa fui fascinado pelo talento da moça que nem exerce o seu cantar. Como é gozada toda essa cachaça, esse giro e o amor. Não sei ser, não tem latido que faça só te escutar. Às vezes quando segue o silêncio do intervalo do seu repertório caminho pelo corredor do meu aparelho, viro a esquerda e volto pra Céu, vagarosamente no cangote me achego no silêncio no espreguiço desse orgasmo vocal. Ual, chego à parte mais íntimas da minha carta aberta. Debruço-me no minuto que não vou mais relatar nenhum sonho egoísta da minha parte. Alias vamos ser sinceros, prometo que não carece arrependimento na leitura, antes do derradeiro, prossigo diante dessa minha vontade involuntária de não acabar o inacabável, o nome é Gal, estranhamente pela Costa obtive notícias do vagabundo do meu coração preenchido pela maturidade descoberta, não faltando esperança num momento em que se quer guardar o mundo em si próprio, o vulto sonoro dessa mulher faz meu dia ter tudo o que quer. Falsa baiana que me engana ficando parada no samba, não mexendo e nem nada, tu não sabes deixar a mocidade louca, mas o destino é cruel, com esse passado não é que me faz apaixonado. Eu não rio porque sou São Paulo. Vou estacionar sem carro, por hoje a escrita dorme, mas sigo viagem, mesmo parado terminando minha confissão. Poderes que vão além do meu ouvido alimentando a minha alma. Não ligue Ruiz, só te divido, mas mesmo sendo adormecido quero te ouvir. Muito mais. Lembre-se que fui apresentado para seu jardim no dia que deixava voar o passarinho chamado Tié. Abraços e beijos de quem sonha e vai continuar sonhando com tua flor musical.

Sedução ( Cracks )

Produção Inglesa, de 2010. Roteiro e direção: Jordan Scott. Com: Eva Green, Juno Temple, María Valverde e Imogen Poots.

Quando esquecemos por alguns segundos a tradução brasileira e nos concentramos ao título original da nova produção da cineasta Jordan Scott, conseguimos encontrar mais sentido na história vista. Adaptada do romance da escritora africana Sheila Kohler's, que leva o mesmo nome do longa metragem, Cracks, definitivamente é um retrato da feminilidade duramente oprimida, que se racha vagarosamente e se contrapõe aos costumes consagrados.

Em um cenário inglês dos anos 30, notamos um colégio interno feminino distante, preenchido por regras e o conservadorismo ativo da época. Em contra partida de tanta ideia consagrada, encontra-se a professora Mrs G (Eva Green), mostrando ser uma mulher diferente e que procura causar reflexão em suas alunas, exaltando a todo instante a importância do desejo a frente da racionalidade.

De todas suas alunas, a que se destaca é a jovem Di Radfield (Juno Temple), uma garota que encobre suas feições frágeis com atitudes rígidas perante as amigas e que mantém na imagem da professora um modelo próprio para o futuro.  No entanto, o ambiente e a rotina se modificam drasticamente com a chegada da espanhola filha de aristocrata, Fiamma (María Valverde), que guarda dentro de si uma experiência vivida que se mostra ausente nos quatro cantos do internato.


A chegada da espanhola interfere diretamente na estruturação das relações dos personagens e o desdobramento causa o conflito entre as três personagens. Todas com seus demônios, ausências, mágoas e sonhos e que são trabalhados ao decorrer de cada cena. Mostrando que o sentimento de uma pode passar por cima de outra, causando a exposição das rachaduras sendo quebradas ao nosso olhar. Literalmente visceral.

Seja para qual lado o espectador tende a seguir, o difícil é ver a história completa e no final não ter seus minutos de reflexão. É certo, que assuntos vistos e banalizados no telejornal são expostos na trama de uma forma sutil e delicada que dominam as imagens do começo ao fim.

Visto pelo olhar de alguém que não é critico, e sim um cara que assiste filmes, teve como reconhecer a referência de seu pai, o cineasta famoso Ridley Scott, principalmente na forma que foi ambientado a época, porém as semelhanças param por ai, existe um cuidado, uma naturalidade nessa fita que certamente não foi herança paterna, mas uma herança materna, risco a dizer de uma mulher sensível.

Um belo conto sobre o próximo passo, o fim da inocência rumo a novas possibilidades.  




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