A Vizinha

A vizinha (Hamsayeh): filme de origem canadense e iraniano, dirigido pela estreante: Naghmeh Shirkhan, integra a 34° edição do Festival de São Paulo de 2010.

O interessante é que todos os personagens inseridos na tramas são interpretados por pessoas comuns, que não são atores, inclusive a filha e mãe, são filhas é mães na vida real.

Sinopse:

Por meio de uma gravação modesta: vemos os passos de uma mulher de origem iraniana, sabemos disso, pelo véu usado e pelo ambiente em que ela caminha, é Teerã, Irã.

Nos primeiros minutos corridos da película, pouco se houve, o silêncio predomina nas cenas.

O telefone toca: são ditas as primeiras palavras de Shirin (Azita Sahebjam). Aflita, sozinha acompanhada de um homem na cama, ela sai.

Shirin é uma imigrante iraniana, mora no Canadá, professora de dança, sozinha, longe do seu mundo. Dentro do seu apartamento o mais perto que consegue chegar de sua cultura é vendo os vídeos de sua avó.

Certo dia, pela janela ela observa pela primeira vez Leila (Tara Nazemi) outra imigrante iraniana que entra no carro de um amigo.

                             Shirin tentando estabelecer um laço amigável com Leila 

Leila é a vizinha de porta de Shirin. No corredor do condomínio a professora de dança tenta estabelecer um relacionamento amigável com a nova vizinha, porém, a tentativa e frustrada pela falta de interesse da vizinha em conversar.

A protagonista tem na dança a sua válvula de escape, o momento é único, além de se reencontrar com uma cultura distante, ela atinge a tranqüilidade que o seu rosto anseia e grita a todo instante.

Não demora muito, para ela descobrir a existência da filha de Leila - Parisa (Parisa Wahedi), uma criança de cinco anos, que permanece sozinha no apartamento, enquanto a mãe se encontra com amigos.

A problemática é essa: a mãe de Parisa é jovem e nota-se que a maturidade teve que interromper a sua juventude, por conta de conceder uma filha cedo. A vontade de viver ainda encontra-se em seu espírito, por essa razão as tardes são destinadas para passeios em Bares, Patinações no gelo. As funções se distorcem, enquanto a filha lava a louça, ela brinca de ser menina na pista de gelo.

                                         Shirin fazendo o papel de Mãe para Parisa 

A vida proporciona mudanças a todo instante, o que era travado a não acontecer, enfim se sucede, Leila se rende as boas intenções de sua vizinha, concede um dia de sua filha junto com Shirin, onde apresenta para menina o seu mundo: a academia de dança.

Sempre só, a menina mostra dificuldades em socializar-se com as outras meninas. Naquele instante, apesar dos problemas passados: A vizinha mantém um papel que deveria ser de sua mãe ausente.

Duas mulheres é uma menina. Shirin enxerga em Parisa a filha que o mundo não lhe deu, por meio dela, sente vontade se restabelecer com sua mãe distante e de outro mundo em todos os sentidos. Leila, não quer o rotulo de mãe, sua intenção é preencher sua vida de outra forma, bem longe daquele apartamento. Parisa, não consegue chamar sua mãe de mãe, chama de Leila, triste e só, procura entender quem é o homem que vive saindo ao lado da mãe, começa descobrir cedo a maturidade que precisa ter por ser filha da mãe que tem.

                                               Leila redescobrindo a esperança

Considerações finais:

O silêncio é trabalho constante nessa trama. Poucas vezes, presenciei uma obra tão delicada que sabe tratar do silêncio da forma que trata, junto com uma trilha sonora que se insere de maneira precisa e resulta no dinamismo de cenas que interagem entre elas como se fossem partes de um poema, que nesse caso se chama Vida.

Sincero, simples, e artístico. Para uma estréia, Naghmeh Shirkhan orquestra sua visão de mundo por meio do seu filme. Discuti relações humanas, conflitos de mãe e filhos, o fato da migração, o vazio da solidão e finaliza seu argumento mostrando a esperança.

Ela não poupou os detalhes nas cenas, nas metáforas. Em tomadas lindas nos ensina a gostar mais e mais de cinema, numa fotografia artística mostra que o mundo da protagonista está voando por cima dela.

Na seção que eu assisti a diretora estava presente, ao final do longa-metragem ela sintetizou o o motivo que a fez realizar essa obra. Suas palavras foram: Eu já vi, eu já presenciei e ainda guardo curiosidade sobre isso, eu gosto disso. Pronto, não precisa teorizar muito, é isso, gostar, viver, ter curiosidade. Cinema é isso. Obrigado Shirkhan por ter presenteado-me com determinada obra de arte, desde "Virgens Suicidas e Encontros e Desencontros", ambos de Sofia Coppola, que eu não vi uma reprodução tão honesta com o silêncio que é a vida. 

Cinema Alemão: Anjos de Asa Suja

O plano que deu errado:
                                              
Segunda feira havia programado assistir Copia Fiel do cineasta Abbas Kiarostami", pela 34° edição do festival de Cinema de São Paulo de 2010, portanto, estava apreensivo diante da conclusão de determinado plano. No entanto, é sempre tem esse, no entanto: descendo a escada e se aproximando da bilheteria do Cine Livraria Cultura me deparei com um bilhete de um tamanho suficiente para brochar qualquer um que tinha a mesma intenção que eu de comprar aquele ingresso, o tal bilhete tinha as seguintes palavras: “Copia Fiel – 17:50 – esgotado”. Pensei puta que pariu, vi aqui a troco de nada, nem fudendo vou ficar esperando até as 20 horas para assistir a próxima seção que era: Bróder.

E, detalhe naquele instante, o relógio apontava as 17:00 horas.

Andei pelo corredor do Conjunto Nacional e pensei de novo: há se eu conseguisse assistir outra seção a tempo de estar presente para as 20 horas, sendo assim, cosegueria assistir dois filmes. E, foi isso que aconteceu, dei uma olhada rapidamente no guia de da amostra, é iniciei a procura de uma produção que possibilitava a manobra.

Fui parar no Cinema Unibanco Arteplex da Augusta de baixo. A película em questão era: Anjos de Asa Suja, uma produção Alemã, dirigida por Roland Reber.


É o filme começa:

Cinema lotado historia começa: a qualidade da obra era próxima de um vídeo caseiro, sem brincadeira. Assim, os primeiros créditos aparecem sob a tela. O plano aberto do inicio me faz lembrar  do longa metragem “O declínio do império americano”.  

As personagens aparecem: Lucy (Antje Mönning), Michaela (Mira Gittner) e Gabriela (Marina Anna Eich), trata-se de anarquistas que auto classificam-se “anjos”, andam por ai sem destino em suas motos, sem regras, com o único intuito de adentrar em um mundo prazeroso.

                                              Lucy explorando sua sexualidade

Na verdade, nesse inicio, Lucy que é a protagonista ainda espera cair nas graças da dupla e assim conseguir de fato entrar para a turma das “luluzinha revoltadas alemãs”.

As meninas preenchem sua vida, lendo livros, fazendo ensaios fotógrafos e andando de moto.

Se forem realmente anjos, a metáfora é a seguinte: as motos são para elas as suas verdadeiras asas que indicam o poder de serem donas de suas próprias vidas.

                                                   A verdadeira Asa dos Anjos

Depois de a dupla deparar com o conteúdo escrito no diário pessoal de Lucy, elas exige da dona uma prova de força para fazer o ritual necessário para ser aceita.

Pilotando seu jipe só de lingerie rumo ao lago da cidade, no local, tirar a roupa e nadar pelada.  Eu sei, loucura, mas isso acontece.

A partir desse ponto: a protagonista entra em um mundo sem leis, numa exploração do sexo sem limites, sem amor, visando o prazer próprio. A dupla nutre um sentimento de curiosidade em torno das atividades da amiga, sempre observando as relações amorosas dela.

Com diálogos atravessando uma linha tênue do curioso para o repugnante, a narrativa passeia pela descoberta interna da própria Lucy, no sentido da sua própria verdade, da verdadeira essência dentro dela. Ela deixa bem claro quando canta mais ou menos assim: Eu não sei quem eu sou...

         Lucy - Michaela - Gabriela sentadas sendo responsáveis pelos seus próprios destinos

Em outra fala, Michaela diz: Somos Anjos, filhos de Deus, estamos na terra há muito tempo, o próprio se cansou de ficar lá sem fazer nada, nós que estávamos cansados também, fomos embora, encontramos aqui (Terra) o nosso lar e vivemos pelo prazer, sendo assim a nossa forma de protesto.

Aplicando o desapego a todo instante, sozinha a protagonista descobre quem ela realmente é: nessa hora, ela já pode ser declarada um Anjo de Asa Suja.

Maluquices Finais:

O longa-metragem terminou bem antes do previsto, com isso caminhei tranqüilamente na direção do outro cinema a tempo de assistir a seção das 20 horas do filme Bróder.

Enquanto a produção alemã. Eu não tenho o porquê de criticar escancaradamente ela, pelo fato da sua trama ser um tanto diferente. Quero assistir mais filmes diferentes, sou diverso em relação ao cinema. É um bom exercício ver obras com intuitos que passam longe do convencional. Valeu a experiência.



Bróder

      

Não é brother, é mano porra
Não se fala brother, se fala mano, quem diz essa parada é Macu (Marco Aurélio) interpretado pelo ator Caio Blat. Considerei uma resposta para a elite ou qualquer ser fora do âmbito da favela, periferia e afins precários que a retrata de alguma forma e em algum lugar , refletindo em uma abordagem caricata, distorcendo até o talo essa já sub-cultura predominante nos eixos pobres do Brasil.

O filme Bróder e dirigido por Jeferson De. Roteirizado pelo próprio com ajuda do escritor Ferrez e de Newton Caniito. Estrelado por Caio Blat, Silvio Guindane, Jonathan Haagensen, Cássia Kiss, Ailton Graça, Du Bronks e Grande Elenco.

O reprimido virou rei, ganha poder no discurso na trama, em contra partida o longa metragem não é rico em recursos técnicos, (não importa) em compensação é um grito que surge do campão vindo de um povo descriminado o tempo todo e quem sabe a vida inteira.

No 34° festival de cinema de São Paulo, tive o privilégio de assistir a seção da película, juntamente com a presença do diretor, além de conter uma parte do elenco e da produção.

Bem vindos ao Capão !!!

                                              Macu descendo a escada de sua casa

As cortinas vermelhas se abrem, quem não conhece o cinema cultura (falecido cine bom brill) conclui que estamos diante de um belo palco teatral, no entanto não, se trata de um cinema , o nde o saudosismo está presente, lá é fato.

Após uma propaganda qualquer, já vemos um imensidão de Morros, algo parecido com os existentes na cidade maravilhosa, porém me identifico logo, de baixo vejo muros pixados. É capão redondo nego.

Macu fecha seu humilde barraco e num amistoso caminho ladeira a baixo cumprimenta os iguais, crianças, senhoras, nada o difere do bom humor. Visita por acaso sua mãe, Dona Sonia, uma cozinheira de mão cheia.

Dentro da cozinha, ele se depara com uma surpresa e o publico também, e seu aniversario e sua mãe prepara uma festinha. Após a descoberta conhecemos Seu Francisco (Aiton Graça) seu padrasto e pai de sua Irma e seu irmão mais novo. Por um motivo tolo, eles discutem, dai temos a idéia que trata-se de um desafeto.

Pela câmera: uma passagem rápida pelo centro da cidade, em seguida o metro metropolitano indica a estação Capão Redondo, Pibe (Silvio Guindane) desce, amigo de infância do protagonista, caminha rumo à festinha.

Depois, dona Sônia avisa para seu esposo : Chamei o Pibe e o Jaiminho (amigos de infância) Também chamei, a vizinha e o pastor.

Jaiminho (Jonathan Haagensen) aparece na trama junto de seu empresário, o avisando que não vai para um restaurante luxuoso e sim para a casa da madrinha Dona Sônia, comer uma feijoada esperta.

Jaiminho é jogador de futebol, joga na Espanha, garoto prodígio, vive a expectativa de uma convocação para Copa do Mundo, após virar profissional deu uma sumida e abandonou a sua comunidade quase sem querer. A fama chegou, quase ninguém da comunidade entende.

                                                         Jaiminho - Macu - Pibe 

O reencontro acontece, os três amigos voltam a estar juntos no mesmo mundo, onde conheceram o lance da amizade. Num jogo de bilhar, conhecemos melhor Napão (Du Bronks), personagem que surge com a sua marra, falando gíria, se desentendendo de premissa com o jogador de futebol, reflexo da inveja, que por sua vez o faz falar para o dono do bar: Porra, porque não tem foto minha nesse bar, e so term do jogador? Maco aparece é responde: Porque você é feio.

Momento importante, que serve para ser pontuado: o envolvimento de risco do protagonista com esse personagem.

A casa de dona Sônia é humilde, a gente não repara a bagunça, com uma trilha sonora de peso, que vai desde Jorge Ben até Racionais Mcs, nos envolvemos no churrasco, oramos com o pastor antes da refeição, comemos, discutimos, tiramos a limpo o passado e o presente.

                                                Napão trocando uma idéia com Macu

Talvez nesse momento seja identificado o primeiro indício constatador, que o protagonista caminha rumo ao seu proprio precipicio, uma linha tênue do perigo e da morte.

Os planos mudaram para Macu, desdobramentos ocorrerão. A elite surge discretamente. O trio vai dar uma volta ao verdadeiro parque, rodeado de prédios enormes e carros blindados. 

                                Macu - Pibe - Jaiminho lembrando da infância distante

O destino mostra que a trajetória dos três amigos não se casa, três laços diferentes um do outro, resta apenas o momento único que a vida os proporcionou, as vezes nessa vida, é assim, só contamos com os breves momentos que podem se tornar eternos.
                                     
De dentro pra fora

Pós seção, inicia um debate do publico com o diretor e elenco presente de 15 minutos: Em suma, houve declarações que transcorria a emoção mostrada por uma parte da platéia que figura nesse contexto social ou que trabalha socialmente em alguma comunidade carente.


                                                          Jefferson De - o diretor

O diretor disse o quanto foi difícil realizar essa produção, os atores disseram o quanto foi satisfatório estarem inseridos no projeto. Um trabalho de verdade. Feito por homens que momento algum estereotipou a comunidade do capão, ou seja, tudo ali registrado é real, os trejeitos, o vocabulário, as ações, os conflitos, as relações, tudo mantendo o equilíbrio preciso.

Bróder é preciso, no nosso momento atual, como Cinco x Favela foi preciso. Ambas produções marcam um registro no qual o poder de voz é para um povo reprimido pela sociedade do consumo. De antemão não aspira ser uma obra prima, se limita no seu parâmetro social ,mas nem por isso é menos grandiosa.

Caio Blat mostra o seu engajamento na escolha de papeis,  consegue fazer um malandro periférico com uma perfeição rara. Silvio Guindane é um excelente ator e merece ser reconhecido pela população. Jonathan Hageensen se redime de sua participação no reality show da Rede Record. Cássia, Aiton, é o grande elenco são excepcionais. O rapper Du Bronks mostra seu lado cênico e atua pela primeira vez.

Jefferson De, estréia nas telas do cinema em seu primeiro longa metragem, aparentando não dar a mínima importância para os críticos de cinema. Com uma idéia na cabeça e uma câmera na mão nos mostrou o seu argumento final por meio da película.

O intuito não educar, não é ser favela. Escola boa faz educar. Favela não é sinônimo de crime. O filme remete a lembrança da situação precária existente ao qual  o poder público cruzou os braços diante disso, porém, também é muito mais, nós mostra a humildade de um povo  que vive  tranquilo em um bairro, que há anos detém o apelo (o mito) criminoso, portanto, quem é cego sai do cinema falando mal, quem tem coração se emociona durante a seção inteira.

Quem se vê se identifica, que não se vê paciência né mané, vai viver fora do seu luxo domiciliar, que talvez um dia, quem sabe ...

Abaixo uma entrevista do diretor:

Os Bons Companheiros


Os Bons Companheiros

Luxuosa realidade fictícia se misturado com a triste realidade real

Viver pouco como um Rei ou muito como um Zé, frase do trecho da letra Vida Loka Parte II do grupo de rap “Racionais Mcs”. Bom, se alguém costuma acompanhar este espaço, estará se perguntando. Porra, o que a letra dos racionais tem haver com a obra prima de Scorsese? Na verdade têm tudo haver, essas palavras simbolizam o mundo criminoso, no seu sentido mais social.

Ou seja, ninguém nasce um criminoso, em algum determinado momento, o indivíduo é reflexo das inúmeras distorções de valores que o cercam em seu cotidiano. Funciona da seguinte maneira: A sociedade reprime, faz descaso, não vê soluções cabíveis na modificação do ser humano que comete erros ilícitos perante a lei determinante de algum país. Em contrapartida, no lado de fora do moralismo: a rua, os valores foram distorcidos, ninguém espera mais pelo trabalho árduo em longo prazo, o imediatismo invadiu todos os lares, mas na rua encostou e não dá aviso prévio da sua saída.

Quando se é jovem, de um lado você tem a repressão e o autoritarismo da sociedade conservadora que permanece com um discurso dúbio a controvérsias de tudo. Além de ser integrante de um mundo egoísta, onde o que denomina poder é o capital, gerando sempre o interesse em dar ouvidos para a conversa do outro lado: no qual o caminho pelo poder tem um caminho certo, estreito e curto.

Sem educação básica, sem orientação familiar correta, não adianta você questionar dizendo para tal pessoa não entrar no mundo do crime por conta do medo da repressão, e assim, terminar prevendo que esse seja um caminho sem benefícios. O que é uma notória mentira. Do outro lado, nas escolas públicas, nas esquinas, nas vielas, seja no Brasil ou no exterior, ou nos anos 70 ou nos anos 2000, um criminoso tem status comparável a uma celebridade global e porque não dizer hollywoodiana.

Agora, imagine-se no seguinte aspecto e na determinada ótica: Você é um garoto pobre, sem orientação escolar e familiar, receptivo das mais diferentes plataformas de publicidade veiculadas na televisão e nos Shopping Center, diariamente, isso porque estou sendo bonzinho em citar somente dois exemplos, as propagadas se popularizam em todos os lugares, acho que você a enxerga até mesmo quando está usando o banheiro, num ambiente fechado. O cenário é esse, paralelo a ele, você se depara com criminosos idolatrados pela sociedade local, possuidores de todos os objetos no qual é estimulado a comprar anualmente. Portanto, é inevitável que uma pergunta não surja no seu consciente: Porque as coisas são, como são? Porque preciso estudar, se eles os bandidos conseguem tudo que querem sem ter pisado o pé na escola? Depois, você com poucos anos de existência precisa decidir algo que mudará o seu futuro para sempre. Viver Muito como um Zé, ou pouco como um Rei?

Adentramos no universo italiano:

Pois é, Scorsese em 1990 abordava esse assunto. Claro, que o seu cenário não era a favela. O seu longa metragem teve como locação: a cidade de Brooklin, é o período escolhido para o registro foi em 1955 até 1980, os personagens retratos são os Mafiosos, Gângster e os criminosos locais.

Uma das primeiras falas que surgem no filme é: "Até onde posso me lembrar, sempre quis ser um gângster", dita por Henry Hill (Ray Liotta), ainda jovem.
Um dos fatos que comprovam o meu pensamento acima. E olha que essa história é baseada em fatos reais.

Quando pequeno Henry sempre obteve a vontade de ser um gangster, por observar a comoção que havia por parte das pessoas que moravam na cidade.

Com o forte crescimento do mercado cinematográfico nos Estados Unidos e glamour de Hollywood invadindo os lares americanos, aquela realidade distorcida vivida por aquele garoto era o que mais aparentava ser equivalente aos prestígios hollywoodianos.

Sendo assim, ele, como qualquer aprendiz, iniciou por baixo (limite mínimo da hierarquia), no intuito de alcançar os seus objetivos futuros. Tornou-se membro da sua própria Hollywood, ainda não era a estrela principal, mas servia de consolo ser respeitado pelos membros de sua faixa etária.

Sua iniciação ao crime se deu como um garoto de recado, ele fazia pequenos favores para os nomeados mafiosos locais.

Conheceu e ganhou à aprovação do chefe local, Paul Cícero (Paul Sorvino), um membro de fato da máfia italiana e que coordena o crime da cidade.

Nessa realidade, a vida girou, os anos se foram é a idade chegou, Ray Liotta em cena.

                                     Henry adolescente (esquerda) ganhando elogio de Jimmy ( direita)

Jimmy The Gent" Conway (Robert De Niro),um criminoso respeitado e antiga admiração sua de infância, se torna seu aliado, junto com Tommy DeVito (Joe Pesci), formaram uma espécie de grupo, que podia ser denominado como: “Os Bons Companheiros”, por serem inseparáveis.

O trio comanda diversas extrações (roubos) de dinheiro, tudo por intermédio ou autorização de Paul. A fama os atinge, gerando os benefícios e as regalias se tornam constantes, os amores breves são rotineiros.

Tudo parecia pacato, quando por intermédio de Tommy, que queria sair com uma judia que não se desgrudava de sua amiga, pediu um favor a Henry, para que fizesse o par com a tal amiga. O que ninguém esperava é que aquela dama, com traços fortes e senso de humor a prova, se tornaria a sua esposa.

A amiga se chama Karen (Lorraine Bracco) também judia, que se encantou com o poder regido por Hill. E a sua ilegalidade não a impediu, de se casarem.

Na narração, que antes era papel de Henry, a partir da inserção de Karen na trama, tornam-se dupla, com ela também na narração, os dois personagens intercalam o recurso narrativo.

                              Karen segurando uma arma na mão e demonstrando o ódio rodeado de amor
                  
O antigo deslumbramento de Karen se torna desconfiança e o ódio dentro dela só cresce, por ter sido inserida em um mundo libertino, onde o homem é o ser dominante e o criador das regras. As brigas se iniciam, é claro, como em qualquer segmento os problemas pessoais acabam afetando os negócios.

É isso acontece, Paul e Jimmy interferem na relação dos dois, expondo o que é o melhor a ser feito para que os negócios não se prejudiquem. É tudo questão de jogo, tempo para pensar, colocar a sua melhor cartada, é nessa que Henry e Jimmy se descuidam e por uso de uma má carta, são presos.

A mudança atmosférica:

Dentro da cadeia, a atmosfera é outra, o protagonista Hill sabe que os tempos estão mudando, que precisa de outra fonte de renda para manter a vida dos sonhos. O lance agora é vender drogas. Foi o que manteve seu bem estar financeiro dentro da prisão.

Quatros anos se passam, ele está livre, a sua mulher o recepciona. Num almoço de boas vindas, Paul o intima que saia dos negócios de drogas. O ameaça se caso houver um continuo nessa estória.

Na tradicional Máfia Italiana se envolver com o mercado narcotráfico representa desonra. Uma macha nas suas tradições.

                          Henry (no centro) mostrando o novo négocio para Tommy (esquerda) e Jimmy (direita)
                                                                        
Só que Henry transpira fama, seu DNA é movido por Rock “N” Roll, ele quer mais, sempre insaciável. De novo, com Tommy e Jimmy, se aliam, é conseguem manter os dois negócios, o tráfico e o roubo.

Trilha sonora nos talos, a história se desenvolvendo. É uma pequena palavra dita pelo personagem de Pesci, ainda no inicio do filme, ganha sentido e vida nos desdobramentos finais da narrativa.

É contar o fechamento dessa obra prima para quem não a conhece e nunca teve o privilégio de assistir é considerado crime pelos cinéfilos de plantão. Sendo que durante gloriosos 145 minutos, fui testemunha de uma aula de cinema, Scorsese é foda.


Uma aula chamada Cinema:

Agora é o seguinte: Coloco a mostra todas as qualidades que possam ser identificadas por alguém que goste realmente de cinema. O Resultado é esse: os atores numa conexão perfeita, a fotografia expondo planos próximos e resultando na nossa (expectador) própria aproximação no submundo retratado, a tonalidade das cores por intermédio da direção de arte representa algumas singularidades que ajudam compor o roteiro, uma trilha de peso (sentido bom da palavra) e uma direção brilhante de alguém brilhante, pronto, a obra prima é presente.


                       Scorsese (no centro) dirigindo Robert de Niro e Ray liotta (na esquerda) e Paul Sorvino (Na direita)

Não existe outro universo que me faça fazer conexões com o exterior iguais ao cinema. O cinema me mostrou que Henry é sua trupe, viveram intensamente todos os benefícios presentes, que fazem você ter os seus minutos, horas, anos de celebridade. Porém, como todo ciclo, tudo têm seu fim. Stop. Game Over. Agora é à hora de se viver como um bosta, Ter que pegar fila, ser avisado pelo paladar que a refeição presente é uma merda. Ser um Zé, só quero deixar bem claro que não existe nada demais em ser um Zé, mais normalmente (é isso não é generalização), eles, são distintos de mudança correta, deixam ser iludidos pela falsa felicidade, trajada de consumo. Até nessa faze, você aspira imediatismo, só que a única diferença que os difere aos ladrões e que eles fazem crediários monstruosos. E isso visto por intermédio da sétima arte é verdade ou a sua representação? No começo, pelo menos dessa obra, ela se identifica e fala: Baseada em fatos reais.


Titulo Original: Goodfellas
Ano: 1990
Gênero: Policial
Estúdio: Warner Bros
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Nicholas Pileggi e Martin Scorsese, Baseado em livro de Nicholas Pileggi
Música: Pete Towshend
Fotografia: Michael Balhaus
Direção de Arte: Maher Ahmad
Edição: Thelma Schoonmaker e James Y. Kwei
Figurino: Richard Bruno
Elenco: Robert De Niro, Ray Liotta, Joe Pesci, Lorraine Bracco, Paul Sorvino, Frank Sivero, Tony Darrow, Frank Vicent, Frank DiLeo, Gina Mastrogiacomo, Catherine Scorsese, Samuel L. Jackson e Illeana Douglas

Tempo, espaço, silêncio de vozes, barulho constante


Tédio, cansaço e água. O dia passa e o espaço é esse, o tempo não, ele ainda vai se formar. E assim diariamente. Nada de som. Silêncio predominante há não ser pelo barulho do teclado que das 09 h as 17 h continua no mesmo ruído e nunca se cansa. Além disso, é vazio. Imensidão. Nada de vozes. E, eu canso, de viver uma vida que não é minha. E, parado ver o relógio rodar e desse modo à cidade acende e apaga, e eu envelheço na rotina. Há como seria bom, se nada disso fosse real, se estivesse diante de um simulacro mal elaborado. Na verdade isso é um simulacro, duradouro, mais essa vida não é minha. Então, o que é? Representação do espaço. Portanto, fica combinado, amanha acordo, é resolvo mudar, mando meu chefe tomar no cú, pego o retrato e coloco na mochila e assim posso embora, desempregado, mais com a alma arejada. Na verdade eu não posso, fazer isso não é prudente, por conta das contas, que ainda não possuem piedade, e ela já morreu faz tempo, atualmente, é coisa de gente fraca. Que quem há tem é visto como fraco e sonhador. Por falar em sonho, hoje, sonhei com a cidade que eu deveria morar, não essa, na qual representa algo que não sou. Lá, é longe, o que de imediato me atrai, aqui, é espaço, vazio, predominante. Eu deveria realmente falar um monte de palavrões para o homem que paga meu salário, poderia também, quebrar todos os meus cartões de créditos, rasgar meu RG, CPF. Mais tem um, porém, é a nota paulista como ficaria? Há foda-se, essa nota e qualquer outra nota. Sendo assim me tornaria um indigente, viveria de poesia e de restos de comida em algum restaurante luxuoso e freqüentado pela alta sociedade de algum lugar. Entretanto, as contas não têm piedade. Ninguém tem. Você tem? Aposto que quando olha para um mendigo na rua, acha que ele se encontra naquela situação por que foi, ou é um péssimo ser humano, tu acredita que aquela trajetória está associada a vícios e tudo mais. Em todavia, você finaliza seu estúpido pensamento achando que a vida lhe deu diversas oportunidades, mas ele não soube aproveitar, por conta dos vícios. Mas eu lhe pergunto, que vícios? Então, você olhará rapidamente e logo retornará a sua conversa que certamente estará ligada diretamente ou indiretamente com alguma espécie de consumo. É se o mendigo se aproximar de você, coitado, você desviara dele, como se estivesse em perigo numa floresta. Mas eu sei que depois a conversa continuará certamente. E Rindo atóa você já estará a duas quadras acima. Eu estarei, aqui, no silêncio de vozes, barulho constante, teclado trabalhando, operador automático. No caminho do trabalho, peguei a condução lotada. Vejo pessoas diariamente, não falam nada, parecem robôs, como no filme, Eu Robô. Na condução lotada, todos fazem o mesmo gesto, quando não estão com caras amarradas, permanecem com as faces cansadas. Todos vivendo uma vida que não é á deles. Todos morando aonde não deveriam morar. Seria do caralho: se todos queimassem seus documentos, e juntos, virássemos, uma sociedade de indigentes. Partiríamos para o sul, em direção de algum restaurante luxuoso freqüentado pela alta sociedade local. Se chegássemos lá, esperaríamos feito cachorro sem dono pelos restos prometidos. Passado meia hora esperada, enxergaríamos um garçom magricela surgindo do nada, carregando um balde gigante e estampando um sorriso satisfeito, como se os seus olhos estivessem certos de que estava fazendo uma bondade. O resto estava no balde, era fruto da má vontade de comer. Os clientes já estavam satisfeitos. Nós, não. O que me falta, é o coletivo, não precisa assistir televisão pra saber disso, que as coisas só acontecem quando o coletivo aparece. Ao contrário, o trabalho é árduo, incógnito. Sozinho, agente não agüenta e tudo gira em torno de todos, ninguém percebe, quer dizer, às vezes numa fila qualquer alguém reclama da falta de mão de obra no caixa, que reflete diretamente na demora da fila, que não tem mão de obra suficiente para atender a demanda. O que na verdade esse sentimento rápido de precisar de outras pessoas soa interesse individual. Interesse próprio. Herança do capitalismo selvagem, onde semanalmente nos matamos no mercado intangível de trabalho e durante o final de semana, pedimos à bença. No entanto, durante nosso espaço continuamos, com os mesmos preconceitos, contra o homossexual, a prostituta, o ladrão e contra todos os chamados excluídos da sociedade. A doutrina é o seguinte, eles que se modifiquem e torne-se humanos respeitosos, como nós, do nosso mundo, do rosto cansado e amarrado. É a semana se re-inicia, tudo de novo, o mesmo barulho, o mesmo silêncio. Final de semana retorna e participamos da procissão da igreja, doamos o dizimo, apertamos na mão do próximo, mas no caminho pra casa falamos mal do vizinho e de quem freqüentou o culto, a missa, o templo. Ninguém vai querer fugir comigo. Mas ninguém diz sim pra nota paulista. O silêncio permanece. Imensidão do que? Intangível. Cadê ele? O mercado de trabalho. Como pensar em fugir, se o materialismo cresce: a indústria automobilística cresce, a china importa cada vez mais, o mercado alcoólico fecha o balancete mensal com grande lucro, tudo é tangível, vem do intangível, tudo é momento, imediato, fatos que evaporam. A falsa felicidade comprada, parcelada, promessa de face amarrada e cansada. É eu permaneço aqui, cansado, bebendo só água, não tem café, digito coisas que eu não gosto no silêncio de vozes, espera um pouco, o telefone tocou, preciso atender.

TROPA DE ELITE II

TROPA DE ELITE II:

Logo de premissa, antes dos créditos iniciais, aparece uma mensagem escrita na tela do cinema com o teor mais ou menos assim: Apesar das semelhanças com a realidade, essa é uma obra fictícia. Pode-se encarar está frase como aviso prévio que ajudará o expectador fazer a seguinte afirmação ao termino do longa: Porra, essa história é um relato real da realidade que vivemos.

Pois é, se tornou clichê falar que o novo filme de Padilha é um soco na cara da população brasileira, mas, não existe definição melhor que posa ser feita no momento. Durante “quase duas horas” testemunhamos o lado negro do Brasil, indignados saímos da sala do cinema pensando que essa porra de páis não vai mudar, no entanto, fora das acomodações do cinema, podemos refletir melhor e sentir um fundo de esperança em quanto uma futura melhora do Brasil, levando em consideração o fortíssimo quadro de protestos que surgem no ar, ou seja, com o advento das novas mídias como a internet, a existência de um objeto, que se torne uma “contracultura” para colocar vigente a sua qualidade e sobressair em relação o antigo e ultrapassado modo de emitir algum produto, é muito mais fácil de ser possível. É tropa é isso. Protesto contra a situação cômoda atual do nosso cenário carioca-político brasileiro.

Para mim, tropa de elite 2 vai ser um divisor de águas para a indústria cinematográfica brasileira, em diversos aspectos. Para isso preparei tem 3 argumentos que efetivam e comprovam a minha afirmação: o primeiro deles é o fato da quantidade de copias lançadas em todos os cinemas do Brasil, no total foram 660 cópias, registro inédito de uma obra nacional com tanta repercussão e espera, o segundo é a competência técnica em todos os sentidos do longa metragem, dando a certeza de que uma obra nacional muito bem apoiada pode chegar ou ultrapassar os parâmetros de um blockbuster americano e a derradeira e terceiro argumento é a própria história contada, o diretor José Padilha juntamente com o roteirista Bráulio Mantovani escreveram uma história potente e que se fará decisiva para história do país. O fato é tão emblemático que os caras conseguiram colocar numa mesma produção ação e consciência.

É olha que nem citei Wagner Moura, que para mim é um gênio, o melhor ator da sua geração, quiçá de todos os tempos, fora de brincadeira, a sua atuação é inspiradora. Eternizar um personagem como ele fez é tarefa árdua, ainda mais no cinema brasileiro.
                                   Alguns integrantes do elenco e da produção do filme

Sem falar, que além de Moura, o elenco também é formidável, Maria Ribeiro, André Mattos, André Ramiro, Seu Jorge, Tainá Muller, Sandro Rocha, Mihem Cortaz e Irandhir Santos, que detona na pele de Fraga, um esquerdista que acusa Nascimento de ser Fascista.
Um detalhe que abre o espaço para genialidade do diretor em brincar com os críticos do filme anterior, onde as pessoas contrárias do fenômeno BOPE, encheram os fóruns, blogs e programas de televisões acusando a história de Padilha de ser fascista.

Breve Sinopse:

Nascimento nessa trama não é mais comandante do Bope, sua missão não é mais prender traficante e sim coordenar os grampos telefônicos espalhados pela cidade do Rio de Janeiro, isso, porque agora ele foi transferido para o serviço de inteligência da Secretaria da Segurança Pública do Estado.
Nessa trajetória, nascem novos personagens, o roteiro fica mais complexo, o tráfico já não é a bola da vez, seus verdadeiros inimigos é a milícia, a policia do Rio de Janeiro.

Descobre-se que a favela é uma geradora de dinheiro, por conta do forte consumo que ao contrário do que se pensa não se restringe em ficar preso na burguesia do Leblon, sendo consumidas pelas fatídicas Helenas do novelista Manuel Carlos.

Temos espaço para uma sátira dos programas policiais inúteis da televisão brasileira, que na pele de André Mattos (Brilhantemente), vemos o quanto o sensacionalismo segue como uma ferramenta fortalecedora dos planos maquiavélicos políticos do que uma ação comunitária.

A previsão é essa, agora se agüente na cadeira e veja uma simulação da roupa suja do atual cenário político brasileiro sendo lavada perante milhões de expectadores.

Inspirador:

Ainda, sentindo fortes doses do efeito devastador do filme, permaneço com poucas palavras para compartilhar. Por hoje, a palavra sentimento é a melhor colocação para representar o que senti assistindo.
Numa cena emblemática, protagonizada pelo Capitão Nascimento, no qual ele se favorece da mesma técnica de qual utilizava para bater nos traficantes do morro, para bater no secretário de segurança pública. Eu senti o mesmo ódio que nascimento sentia, cada soco dado por ele, representava um soco dado por mim e me arrisco dizendo que muitos também se sentiram da mesma forma.

O cinema tem muito disso, emprestar a sua magia para fins sociais, como muitos mestres do cinema fizeram e fazem até hoje, no intuito de protestar contra as mazelas que perturbam o seu tempo: Chaplin, Gaspar Noe, Godard, Almodóvar, Thomaz Anderson, Meirelles, além de outros cujo nome não me recordo agora, mas, que com certeza, o diretor Padilha pode tranqüilamente figurar nesse seleto grupo de visionários cinematográficos.

Nascimento declarando ser contrário da decisão do secretário de segurança pública em invadir o morro

Falar sobre a realidade brasileira é perigoso, caminhar na direção do clichê é contagiante, por conta da formula alcançada em outras horas (obras). Só que José Padilha nesse tropa conseguiu pegar um tema desgastado é retrata-lo de uma forma autentica e também conseguiu fazer uma continuação ser melhor que a sua gênese.

Talvez a trama contada, acorde o leigo, alvo fácil do entretenimento barato e da facilitação da informação, para se legitimar na importância de sua existência para o país. Não encare isso como uma arrogância da minha parte em auto colocar-me fora desse nicho especifico, porém aprendi há muito tempo á usar a palavra por que em todos os campos da minha vida.

A sociedade, em especial os mais carentes precisam parar de ser dosséis e encarar de fato o que está acontecendo fora de seus quintais Perguntarem mais seria o inicio para uma mudança. Questionar, pesquisar e evoluir seria a solução e a constatação da mudança

Bope II é uma obra prima, que relata as mazelas do Brasil e perto do seu final manda um recado para o povo brasileiro, dizendo que a corrupção não para, ela só troca de mãos, não muda, processo interrupto. É termina com um pouco de esperança, refletida na incógnita frase: talvez melhore, mais vai demorar.

Esse filme disse tudo que eu queria dizer as pessoas, aos amigos e a família. Agora numa roda sobre política, não irei me desgastar muito, só direi para assistirem Tropa de Elite 2, que verão como a ficção relatou a realidade. É olha que vem ai mais uma porrada, o filme do Mensalão vai começar a ser rodado, informação confirmada pelo mesmo Padilha.

Ficha Técnica :
Titulo Original: Tropa de Elite 2

Gênero: Ação

Duração: 01 hrs 56 min.

Ano: 2010

Direção: José Padilha

Roteiristas: José Padilha e Bráulio Mantovani

Edição: Daniel Rezende

Direção de Arte: Tiago Marques

Fotografia: Lula Carvalho

Musica: Pedro Bomfman

Figurino: Cláudia Kopke

Elenco: Wagner Moura – André Ramiro – Maria Ribeiro – Mihem Cortaz – Pedro Van Held – Sandro Rocha – Tainá Muller – Seu Jorge – Irandhir Santos – André Mattos – Emilio Orcillo Neto -


Wall Street - O Dinheiro Nunca Morre

Wall Street – o dinheiro nunca morre é o novo longa-metragem do diretor Oliver Stone, um dos nomes fortes do cinema autoral americano.

O projeto novo de Stone trata-se de uma continuação de Wall Street- O Poder e Cobiça rodado em 1987.

Nesse novo filme, á historia, ocorre em 2001, quando o ambicioso Gordon Gekko (Michael Douglas) sai da prisão.  Sem recursos pra voltar ao mercado financeiro, começa palestrar em universidades sobre o tema, no qual elabora criticas sobre o comportamento de risco do mercado e dos seus investidores.

Em uma palestra, conhece Jacob Moore (Shia Labeouf), um jovem operador (corretor) de Wall Street, além de namorado de sua filha, Winnie (Carey Mulligan), que não conversa há anos.

Partindo para uma relação muito parecida com a do mercado financeiro, ambos fazem um acordo durante esse encontro. Jacob promete aproximar o pai novamente da filha, em contra partida, Gekko dará conselhos ao garoto sobre Bretton James (Josh Brolin). Um investidor e presidente de um banco americano que destruiu a vida do seu mentor, Lewis Zabel (Frank Langella), (presidente de outro banco), por conta de uma especulação realizada pelo próprio James, que o obrigou a vender o banco que presidia.

Mas, nada é o que parece quando a narrativa é aplicada na tela, os acontecimentos vão além e sobressaem diante de algumas convenções que aparentemente indicam outro caminho.

Oliver brinca de ser um investidor de Wall Street, projeta na tela a sua versão do mundo dominante, brinca, aparece em duas cenas e crítica. A todo vapor, cena a cena, um ringue de diálogos, as idéias nunca são jogadas em vão, cada olhar apresenta um sentimento, cada mensagem cheira poder, todos os elementos do jogo.

O que é bem explicado numa cena, na qual Gekko em determinado momento, fala para Jacob, que o mundo da bolsa de valores (do investimento) não se trata de dinheiro, é sim de um eterno Game (jogo).

É Wall Street é um jogo de tabuleiro, lá a especulação é uma peça valiosa, um coringa nas mãos de cada investidor, as peças são mudadas constantemente. A oferta e a demanda, sempre motivam os sentimentos da sociedade capitalista.


Por meio delas, nos deparamos com o pior lado do ser humano (a ambição).

A direção de Stone é muito boa, uma cena completa a outra, nada é passado por acaso, um jogo de analogias, que aplicadas ganham muito sentido na trama.

Lógico, só pode ser dica de filme para quem gosta desse mundo financeiro.

Titulo Original: Money Never Sleeps
Ano: 2010
Diretor: Oliver Stone
Roteiro: Allan Loeb (Baseado em personagem criados por Oliver Stone e Stanley Weisser)
Duração: 127 min.
Elenco: Michael Douglas, Susan Sarandon, Shia Labeoulf, Charlie Sheen, Frank Langella, Carey Mulligan e Josh Brolin.

Quero ser John Malkovich


Quero ser John Malkovich é um exercício psicológico para qualquer leigo no estudo da mente humana. Vemos as piores facetas do ser humano através do cérebro do astro hollywoodiano. A princípio, o sentimento de dúvida paira na mente, isso, porque nos primeiros minutos do longa-metragem não se consegue entender o  significado do título do filme.

De cara, sabemos que Greg (John Cusack) é um ventríloquo frustrado, ao lado de Lotte (Cameron Dias) formam um casal hippie, por conta do visual e de algumas extravagâncias durante sua vida conjugal, como por exemplo, manter um gorila como um animal de estimação.

Sem perspectiva, Greg consegue um emprego de arquivista no 7° e meio andar de um edifício comercial, onde as pessoas andam curvadas por causa do teto que é baixo. (Até esse momento da fita, não temos sequer indício de o porquê do longa se chamar assim)

Mas sabemos que algo de interessante está surgindo. Nesta incógnita de onde o roteiro está nos levando, é que aparece Máxine Lund (Catherine Keener) uma funcionaria que de premissa gera um interesse em Greg.

Então, numa cena aparentemente normal, o mistério se sana, é de repente, junto com o personagem de Cusack, descobrimos no departamento de arquivo, uma porta secreta, onde somos jogados na mente de John Malkovich, por quinze minutos testemunhamos a sua intimidade. Depois, do tempo estipulado, sem direito a aviso, somos cuspidos numa estrada na saída de Nova Jersey (EUA).

É muita maluquice para você? Amigo, se não estiver apto a novidades te aconselho a não seguir adiante, tanto nessa resenha sem compromisso, quanto no longa-metragem.

Logo a novidade de que existe um portal para entrar na mente do astro se espalha, é Greg juntamente com Máxine criam uma espécie de tour para o cérebro do ator e começam faturar dinheiro levando pessoas para ser John Malkovich por quinze minutos.

O problema é que Lotte começa a nutrir uma paixão doentia em ser tornar o ator e isso abre espaço para relações um tanto estranhas e confusas, ou seja, ela entrando na mente de John começa a ter encontros amorosos com Lund, é em contrapartida se apaixona por ela, mas só quando Lotte se encontra na mente de John. Loucura, loucura, loucura.

Mas as loucuras não param por ai, porém descrever os próximos passos insanos do filme de Spike Jonze, roteirizado por Charlie Kaufman seria delimitar a sensação única do individuo em se deparar com uma obra totalmente inovadora e cheia de fragmentos que degreda os valores atuais da humanidade.

Essa humanidade que século após século distorce cada vez mais os conceitos e o real significado do que é a vida. Das verdadeiras conquistas, dos verdadeiros objetivos. Jonze através da sua quase fabula demonstra a superficialidade da sociedade pós-moderna, que abastece o terrível mercado das celebridades.

Tornando-se assim um ser humano sem alma, livre de qualquer valor, um corpo vazio, onde suas ilustres preocupações se primam à estética, conquistas materiais ou a opinião alheia. O fato é que as pessoas são sugeridas a todo o momento, por meio de revistas cujo objetivo é vender é vender, para ficarem cada vez mais jovens e se parecerem mais com as pessoas que detêm fama.

Marionetes seria a palavra ideal para rotular a sociedade do consumo. Na metrópole, muitos ventríloquos se camuflam entre os edifícios que a compõem. Vivemos a época onde ser o outro é muito melhor do que ser si próprio.

Se caso algum diretor brasileiro quiser adaptar a fita em terras brasileiras, deixo algumas sugestões: “Quero ser Grazi Massafera”, “Quero ser Fiuk” ou “Quero ser um BBB”. É assim seguimos adiante ....



Título original: Being John Malkovich
Ano: 1999
Diretor: Spike Jonze
Roteiro: Charlie Kaufman
Duração: 112 min.
Elenco: John Cusack, Cameron Dias, Catherine Keener, John Malkovich, Orson Bean

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