Precisamos Falar Sobre Kevin, ( We Need To Talk About Kevin, 2012, EUA)


Ao terminar o filme “Precisamos Falar Sobre Kevin” uma angústia domina o peito e as palavras somem, parecendo ser proposital, já que todos os momentos da fita são marcados por uma melancolia e o anúncio de tragédia que percorre todos os diálogos, tomadas, montagem e fotografia. O longa metragem dirigido por Lynne Ramsay é uma adaptação do livro que leva o mesmo nome, escrito por Lionel Shriver.

Baseado na tragédia que afetou a escola americana de Columbine, a história narra pela ótica de uma mãe, o assassinato em massa cometido por seu filho, um fato que levaria a mudar a sua vida totalmente. E dessa forma, sem lógica temporal, com idas e vindas no tempo, somos testemunhas dos acontecimentos e relações entre os personagens.

A fita sai na frente em termos de qualidade por inserir-nos numa narrativa onde não existe o julgamento, apenas o relato, com isso o diretor deixa a nosso cargo o diagnóstico, no entanto, particularmente, acho difícil encontrar respostas fáceis, teria que assistir o longa mais uma vez para assim ensaiar o motivo para o ato de Kevin.

Outra vez, deixando uma impressão particular, achei a forma crua da condução da trama uma das coisas mais assustadoras que assisti nos últimos tempos, confesso que para isso favoreceu o desempenho da atriz Tilda Swinton interpretando a mãe, cujo semblante índica um indivíduo perdido em sua existência, em contra partida, ao mesmo tempo em que demonstra estar perdido surge o desespero nas suas ações tentando buscar o carinho em sua relação com o filho.

Com uma produção independente e o cinema real pautando sua fórmula, talvez o exagero da excelente história seja o excesso de trilha sonora, pareceu que determinados momentos o som ambiente poderia ser um mecanismo a favor da trama e não o uso de trilhas distintas em suas melodias que acabam nos direcionando para fora da circunstância filmada.

Se fosse para indicar, diria que “Precisamos Falar Sobre Kevin” é objeto obrigatório para toda família. Como o filme Elefante, do Gus Van Sant também é. Duas obras que se dialogam por não tratar o seu público de forma tendenciosa, respeitando e o mais importante de tudo: Ouvindo.

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