Sobre o Rio


Há poucas horas estava acompanhando o noticiário da televisão sobre os recentes ataques no Rio de Janeiro, causado por uma luta armada do tráfico contra os vários nichos da Policia carioca. Da Rede Globo a Bandeirantes, todos os chamados profissionais honrados estavam esmagando até o caroço o acontecimento, tirando as últimas gotas de sangue para favorecimento próprio. Pois bem, após o grande incentivo da violência cega pela programação televisiva visando o “falso favorecimento” de uma população hipócrita, sentei cá no computador e entrei no twitter: li declarações escrotas sobre o caso vindo de pessoas públicas que certamente devem ter surgindo por intermédio da cobertura sensacionalista da televisão brasileira e com certeza esse discurso exposto na rede online alcançara um numero alto de pessoas que não estavam diante da TV, mas que compraram a tal opinião por conta do seu artista favorito achar isso ou aquilo e assim, espalhara a opinião em qualquer espaço diante de outros leigos que estejam castrados do senso critico, seja no espaço público ou privado, ou seja, temos um discurso preconceituoso gerando pela mídia brasileira que está e será espalhando na sociedade civil. O vírus vingança ganhou vida. E o problema da violência foi sanado? Não.



Em um artigo no site Observatório da Imprensa, escrito pelo jornalista Rafael Casé cujo nome é “Cadê meu Capacete?” ele aborda o comportamento da mídia brasileira referente a esse acontecimento. A sua constatação é a seguinte, a própria mídia favorece a ação do tráfico, mas como? Exaltando o medo diante da população o que reflete diretamente nas ações bárbaras dos bandidos, com isso o tráfico do rio ganha poder, notoriedade, todos sabem quem é a bola da vez. Dentro desse contexto temos jovens oprimidos à vida inteira que por meio da mídia ganharam o poder e sabe-se que com essa força nas mãos eles podem infernizar o fato um pouco mais e estender a tal da notoriedade. Mas nessa quem perde é o civil que precisa trabalhar e estudar. Um exemplo típico do mau uso da mídia foi no caso da menina Eloá, ocorrido na periferia paulistana. Quem não é cego sabe que o responsável direto por sua morte foi à apresentadora Sonia Abrão e sua produção, sabemos que a ação infeliz do seu programa em tentar negociar com o seqüestrador Lindermberg foi fundamental no decorrer do seqüestro que ocasionou a morte da menina. Com essa tentativa imbecil de fazer a tarefa do policial o programa da Rede TV forneceu poder ao infrator. No entanto, o que isso tem haver com o ocorrido no Rio? Tudo, a mídia promovendo o medo  abordando esse fato, só pode causar um estado idêntico diante das pessoas. Numa guerra quem tem medo perde.  


No mesmo artigo o jornalista explica quais são os reais motivos que levam a imprensa em veicular os fatos dessa forma, os motivos são os mesmos de sempre: audiência que por sua vez gera lucro. Que coisa, como confiar numa imprensa que usa a desgraça desse porte para beneficio próprio. E olha que isso não trata-se de uma teoria da conspiração, queria que fosse, mas não é. Os indícios não condiz com a mentira, horas porque um veiculo com uma autonomia como o "Observatório da Imprensa" estaria interessada em falar mal da própria categoria.  

Então o buraco é mais em baixo. A velha ideologia jornalística morreu há tempos, verídico eu não confio no tele-jornalismo, onde está o atestado de óbito?

Outro ponto que ganha força com o apoio midiático  e que não foi relatado no artigo de Casé,  é a anulação das verdadeiras resoluções com uma abordagem desse tipo, sendo assim: as instituições midiáticas não só fortalecem o medo como sustentam o preconceito que se gera por esse discurso. Nesse ponto quem se adentra novamente é o falso sentimento de  vingança da população. 

Eu como pessoa física, confrontante de mim mesmo e um estranho nesse ninho chamado Brasil, não defendo a criminalidade, mas detesto muito mais a hipocrisia humana em achar que a violência da nossa policia é benéfica e com isso a limpeza da casa será feita. Porra nenhuma, pra nada serve essa ação tida dos policiais, tenho e reafirmo a certeza: pra nada serve esse comportamento, quem teve a oportunidade de ver o documentário "Falcão" do rapper Mv Bill sobre os meninos que trabalham para o tráfico sabe que o depoimento mais marcante do registro foi de um menino que inteligentemente pontuou a realidade dizendo da seguinte maneira: "se eu morro, nasce outros" Agora, sabe por quê nasce outros bandidos? Porque a nossa política pública é uma merda, um lixo.   

Enquanto o modelo da escola pública for à mesma de sempre, teremos mais bandidos, como teremos também prostitutas, mendigos e toda a classe marginalizada existente no Brasil. Acompanhando o Debate Mtv sobre a lei penal no país, vi um depoimento muito pertinente ao meu texto de agora, do escritor marginal Ferrez, no qual a sua fala é que a legislação foi feita com muita sabedoria pelo elitizados, que não respeitam, como também tem nela uma flexibilidade por terem o poder aquisitivo em relação aos mais carentes que são os verdadeiros prejudicados pela legislação. 

O jogo é esse, são varias peças na mesma situação: primeiro uma ferramenta (mídia) que poderia causar a revolução, mas se vende para publicidade e pelo lucro como um noia se vende por uma cocaína, um pouco a frente à política ri de tudo isso, mas precisa usar a força da repressão que serve como antídoto para acalmar um pouco a situação, entretanto agradece a deus por surgir fatos como esse que beneficiam a corrupção ocorrida que é camuflada por debaixo do tapete e ninguém terá tempo pra notar isso, quase juntas encontra-se a burguesia, a classe média alta e baixa que trazem consigo alguns membros mais carentes das partes pobres do país, que por meio do filtro televisivo sustenta um ódio coletivo pelo crime organizado e jura que nesse país todos tem  a mesma oportunidade de crescer na vida, mas perto da "imundice"  está os criminalizados que possuem um ódio monstruoso construído por nós mesmo da sociedade, que ajudamos a criar o monstro e agora temos medo do seu potencial em matar, só existe ação bruta, nunca existiu a oportunidade de ter nas mãos um livro literário que fosse para ordenar um caminho humilde, um ódio histórico que gera ódio momento, no final quase invisível aos olhos, está o diferente que julga que uma segunda leitura dos fatos é fundamental para existência de qualquer ser humano, que possui um senso crítico diferente de muitos e por isso é taxado por muitos como maluco, rabugento, velho, comunista, anarquista, enfim os apelidos são muitos, é isso causa um afastamento direto em se relacionar com indivíduos anestesiados pelo consumo cego. 

A guerra sempre esteve ai, antes do meu nascimento, mas sempre foi uma guerra desleal, onde muitos possuem suas armas e outros continuam desarmado. Com o advento da internet uma parcela mínima luta pelo que acredita, ainda de uma forma tímida, mas como diz um cara que eu respeito à revolução vai estourar por uma pessoa só, enquanto isso não acontece escolha seu perfil e vá para a guerra. Porém, cuidado, se for escolher o caminho errado se tornará meu inimigo.  

Mais de Tropa

Depois da seção do filme Tropa de Elite II sai extasiado da sala com a memória fresca daquilo que tinha a poucos minutos deparado diante na tela. É durante a semana continuei com a mesma sensação, a minha vontade era de sair a quatro cantos gritando as pessoas o quanto a produção é foda. Para alguns amigos, indiquei, falando que tratava-se do melhor filme realizado no Brasil nos últimos anos.

É as semanas foram passando, aquela magia estava acabando. Essa especifica (a magia) daria lugar, com certeza a outras obras as quais me tirariam o sono certamente, por conta de alguma qualidade explicita que a produção em questão demonstraria.

Restava, a pequena lembrança da boa vibração da obra de Padilha.

Foi ai, que o longa metragem se popularizou, como era previsto. No metrô lotado era estranho se no horário de pico ninguém falasse da continuação, sendo bem ou mal. Alias, acho pouco provável alguém omitir uma opinião negativa diante de tal - registro “poderoso” cinematográfico e quem a fez certamente é um alvo fácil da manipulação.  É nessa, não entra falsa liberdade de expressão, não aqui, nesse lugar onde um falso regime, vive, abertamente e diariamente permanece sem susto de auta-reforma.

Não sou comunista, pra mim é piegas demais levantar a bandeira da direita ou da esquerda, quando na verdade os interesses são outros: e na verdade uma palavra denomina uma quantidade significante de civis habitantes da terra desprovida chamada Brasil, a palavra PODER, que surge como potencia para instrumento da opressão. Isso acontece desde o político ao segurança da CPTM, que oprimem sem pensar seus subordinados.

Poder há o poder, como uma sensação pode deixar o ser humano tão dependente da podridão, se tornando uma pessoa odiosa, por conta de uma falsa admiração demonstrada pelo individuo que também quer ter poder, de um respeito comprado. Enfim ... Divago.

Continuando. Hoje por conta do acaso, assisti novamente a produção de Padilha. Cinema Lotado. É novamente a mesma sensação, quer dizer, mais alta, uma sensação mais alta, tipo: um dos motivos para a realização desse texto foi o que eu senti assistindo a segunda vez Tropa de Elite II. Foda.

Uma informação antes de qualquer acusação previa de euforia irracional por conta do meu comportamento. Cara sou cinema, pra mim cinema diverte sim, mas em primeiro lugar cinema educa, portanto, acho massa demais, quando na sua própria terra, alguém tem coragem de rodar uma obra tão foda, como essa. No sentido de porra (autenticidade): vamos jogar a bosta toda do cotidiano no ventilador, se no primeiro filme, a gente tornou o comportamento violento do Capital Nascimento em heroísmo, agora jogamos uma pedra no publico, é diremos que a violência do BOPE é só uma manchinha de canetinha que ajuda preencher a merda toda. Não serve pra merda nenhuma. Ou seja, os caras matando traficante não estão ajudando ninguém, quem assistiu o documentário falcão meninos do tráfico sabe que o proceder é mais ou menos assim: Matar bandido, não adianta se morrer um nasce outro. Processo contínuo.

Ouvi comentários de pessoas que caracterizarão o longa como produto que banaliza a violência, surgiam gritos que diziam: será que precisava de tanta morte assim? Foram pontos de vista que levei comigo até hoje, foram pensamentos que causaram um combate interno em mim, no qual pensei por horas que tinham razão com o argumento. Só que hoje, após a segunda seção eu pensei novamente sobre isso, é conclui: Em São Paulo, a violência já ta banalizada faz tempo, há muito tempo. Eu não falo propriamente da violência no sentido de violentar alguém com a ação física, mas outras formas de violentar o próximo, como a violência moral, que há anos está por ai, na metrópole é ninguém, quase ninguém percebe.

O imundo serviço público no qual contamos, dói mais do que qualquer tapa dado por um Policial mal remunerado em alguma viela por ai. A forma em como somos tratados pelo intangível mercado de trabalho, ou seja, mais um número, objeto substituível facilmente. O péssimo salário mínimo no qual os verdadeiros trabalhadores ganham. A programação indecente da televisão brasileira. É olha que isso nem é a metade das violências nas quais sofremos. É os agressores estão impunes andando por ai.

Então, reclamações sobre a violência é algo a ser pensando, ou melhor, pode ser desconsideráveis, com toda constatação. Culpar o cinema por um fenômeno que por si só já foi gerando, sem a ação do projetor é um erro lastimável.

Outro argumento que ouvi é no cinema brasileiro só filme de favela faz sucesso, não, existem três filmes brasileiros recentes da retomada que fizeram recordes de bilheterias e não discutem a violência e a favela, mostrando o quanto é infundado essa teoria, são os Dois Filhos de Francisco, Se Eu Fosse Você e Chico Xavier. A resposta do sucesso para produção brasileira é ter boa publicidade e bons parceiros. Com isso, o filme não passa em branco.

Muito bom se você estudou e conseguiu ser alguém na vida. Muito legal mesmo. Só não pode cara formado chegar ao cinema e falar depois da seção que esperava mais agitação na película. Sendo que ele certamente estudou alguma obra critica de alguma importância considerável para obter sua formação. Cada vez mais o ditado: diploma não qualifica ninguém pode ser aplicado.

Eu não sustento a ilusão de que o tropa de elite II vai mudar o Brasil, sei que vai mudar a indústria cinematográfica brasileira, como disse antes na primeira resenha que fiz sobre o filme. No entanto, fui pego e acho que uma minoria também foi pega, no sentido de causar reflexões.

Como já disse em algumas conversas, não tem importância se a população precária não encontrar educação na trama, sei entender perfeitamente o contexto no qual são inseridos, acho uma grosseria por parte deles, mas fazer o que, sem estimulo ninguém demonstra resultado. Entretanto, ser humano que tem o conhecimento a seu favor, que por preconceitos inseridos na infância ou na classe social habitada demonstra uma opinião preconceituosa, com argumentos pifeis que nem de longe justifica a tal “liberdade de expressão”, isso sim, me deixa com muita raiva. Por causa dessas opiniões imundas que a merda toda acontece.

Um fato que eu vi relatado no noticiário diz muito sobre o que as opiniões negativas: no qual, garotos foram especados por um grupo de burgueses que justificaram sua violência por conta da opção sexual das vitimas. É ainda vejo uma mãe, um advogado querendo explicar a ação cometida pelos burgueses, expondo problemas sociológicos no meio, como por exemplo: Meu filho é correto, acho que ele fez isso porque estava em grupo, essas coisas acontecem. Puta que Pariu, caralho, todos os palavrões do mundo não seriam os suficientes para declarar a minha indignação por esses depoimentos. Para não me exaltar mais, escrevo o seguinte, o comportamento dos meninos elitistas não passa de reflexo de suas famílias, de seus meios, ou seja, eles são apenas os novatos preconceituosos.  A maça podre já e podre faz tempo.

Com isso, tenho a comprovação de que a guerra esta ai, uma ação injusta que permanece. É quem nasce pobre nesse país precisa ser oito vezes melhor, quem nasce negro pobre nesse país precisa ser 10 vezes melhor, quem nasce gay pobre nesse país precisa ser 10 vezes melhor, do que os bons filhos da elite.

O que o Tropa de Elite II mostra muito bem é que a classe dominante é unida, por isso dominam, em compensação a classe precária é desunida por isso é dominada. Essa é a real.

O homem Orelhão


O homem Orelhão

Sabe-se que é um homem maltratado pela vida. Sabe-se só. Surge da onde? Porque ele senta? Senta-se no mesmo canto todo dia, final de semana ta la. De onde ele vem? Sabe-se que a vida lhe maltratou, mas como? Pela face que esconde, sabe-se. O orelhão é a sua face. O homem orelhão atravessa a avenida paulista e senta no mesmo canto de sempre. Do lado esquerdo do canto. Tênis branco, e sei que não se veste feio. Mas por esconder a face, ele se sente mal. Ninguém nota, a vida é corrida. As pessoas se passam e não se olham, porque a vida é metrópole. E ele continua la, sentado vendo as pessoas passarem, tendo sua vida parada. Porque ele senta? Ninguém nota.

Ei, eu sou homem de chegar e perguntar, qual é a tua homem orelhão? O que tu procura?

 É Certamente, ele não responderá. Não ta la pra responder.
Sem o proceder, só pode se esconder.

Concretização de uma vida parada no meio de tantas outras corridas que do discurso desconhecem solidariedade, com o poder nas mãos não param por um minuto sequer. O que, tu aflige homem orelhão? Não.

Horário de almoço sagrado. Homem Orelhão que se foda. Se precisar uso seu novo rosto para fins pessoais sem lhe perguntar.

Homem Orelhão não fala. Ou fala? Alguém ouve? Tem chance?  Com a mesma roupa e o mesmo tênis figura na sua própria cidade, sem poder. Como um orelhão comum. É usado, destruído, arrumado, enganado, usado de álbum retrato pra sacanagem e não morre. Porque a cidade.
A metrópole um dia vai precisar.  
Da sua humildade.
Homem Orelhão parado não se move.

O Mito da Liberdade


Acho que um tema que nunca vai ficar démodé é a adolescência. Não importa o tipo de mídia que aborde o assunto sempre obtive curiosidade em torno.

Mesmo chegando uns vinte minutos atrasados considerei - O mito da liberdade, dirigido por David Robert Mitchell o filme mais fiel que retrata a adolescência pós-moderna visto por mim. Explica de fato o que é estar nessa fase. É olha que se formos identificar o significado do titulo em inglês, veremos algo do tipo “O mito do ultimo dia de aula americano”

Agora, a pergunta que não quer calar é: como um filme que retrata adolescentes americanos consegue servir de parâmetro para descrever os jovens brasileiros também?
Na verdade, não consigo achar a resposta: talvez seja um coletivo de fatores que estão inseridos na sociedade. Por exemplo: A publicidade, o consumo, a rapidez da metrópole e por assim em diante.

O titulo em português significa mais pra obra do que o em inglês, o que é raro, considerando a lambança histórica de nomeações já dadas pra filmes estrangeiros aqui no Brasil.

O roteiro escrito também por David Robert Mitchell deixa claro que a narrativa foi proposta de dentro pra dentro, ou seja, não é uma historia contada por um adulto com o seu ponto de vista sobre o mundo juvenil, parece que o argumento exposto foi realizado propriamente por alguém inserido no mundo retratado.

Um trabalho eficiente que deve ser conseqüência de diversas pesquisas de Mitchell com os jovens estadunidenses, sobre os seus principais anseios atuais.

Eu diria que o ponto da trama que sabemos que aquela historia contada pode ser direcionado para uma quantidade alta de adolescentes do mundo todo é quando o personagem Steven fala para Maggie sobre o mito criado em torno do inicio da adolescência, as promessas que surgem embutidas juntamente com o aparecimento da nova fase, geram muitas vezes uma quebra imediata da infância por considerar que inserido em outro contexto você terá privilégios e se tornara especial (as pessoas se comportaram diferentes com você). O que na verdade é balela, o individuo irá atravessar determinado ponto sem estar preparado para tal, refletindo automaticamente no esquecido de uma fase que certamente te fará falta anos a frente.

Falo isso, porque fui um desses garotos com 10 pra 11 anos que abandonaram imediatamente a infância por dar ouvidos a promessas que diziam que ser um adolescente faz as coisas serem melhores, muitas descobertas, uma liberdade impressionante.

Não que a adolescência não proporcione boas experiências, só que as coisas não são tão amplas assim. Ser um adolescente não requer ter a liberdade como sua: esse mito não é do alcance do ser humano, não quando se convive em um regime capitalista, todas as idades encontram-se barreiras em algum sentido do “ser livre”.

É disso que á película norte americana discute, será que os nossos adolescentes são reflexos de publicidades, consumo, das nossas lendas juvenis? Que obrigam você ser uma pessoa ideal ou percorrer em um campo extraordinário, mesmo sabendo que aquilo é retratado pra vender, fugir da sua realidade social.

Isso é batata, acontece, quando quem detém o poder do discurso são pessoas saudosistas que se lembram da adolescência como uma época de rebeldia, onde faziam e aconteciam. Mas, que são incoerentes quando são perguntados se queriam que seus filhos tivessem a mesma experiência que eles tiveram, imediatamente dizem que não.

Uê, se existe uma valorização extrema a respeito de uma época que se foi, onde o que predominava era a falta de legalidade, porque não passar adiante para as próximas gerações.

E ai que acontece o erro, porque existe uma militância por parte da família que insiste em reprimir por reprimir determinado ato do filho, que vendo no contexto é idêntico a ação feita anos atrás pelo repressor de hoje, sendo que se houvesse uma conversa para entender a ação cometida teria mais chances de cortar a raiz (se for preciso), não sendo assim a probabilidade desse ato ocorrer novamente é maior, é pior se não houver a alta conscientização do autor de se identificar no próprio erro, as coisas tendem a piorar.

Será que a geração pós-moderna de adolescentes se perdeu? Fazem o que dizem pra fazer? Sendo, um pós-adolescente digo que sim e não também, cada um tem seu caso especifico alguns conseguem ser autênticos durante a fase inteira, outros se espelham por outros pensamentos e comportamentos, alguns são presos e fazem o que sentiam vontade de fazer na adolescência quando atingem a maturidade, se prejudicado. Não tem como não dizer que somos reflexos do que consumimos, do que nos deparamos, do que convivemos, tai o desafio, escolher seus próprios caminhos, suas próprias experiência com autenticidade, mas a liberdade nunca alcançaremos, nunca.

Sobre a trama:


                                                    O surgimento da atração

Suave é a palavra certa para denominação das cenas que se passam na trama. É tudo natural, não existe uma forçação de barra em nada. É bem claro que a obra não quer tratar os adolescentes como idiotas ou mulas.

                                                        A descoberta

Na narração, vemos uma Detroit contemporânea, onde residem garotos (a) que poderiam ser vistos em São Paulo. E na duração da película, ela observa os anseios, as dificuldades sociais, as problemáticas, os sonhos desses jovens que estão prestes a entrar de férias do colégio, cada um preenchendo a trama com a sua particularidade.

                                                       O despreparo

Cito a bela cena que se proclama as férias definitivas em Detroit: por intermédio da musica Elephant Gun do Beirut (música conhecida pelos brasileiros por ser parte doa trilha sonora do seriado Capitu) vemos registros daquela cidade, desse momento especifico.

                                                O nascimento de sua autenticidade

Pois é, com um orçamento modesto pelas imagens registradas, uma historia que não se desgasta dependendo do tipo de abordagem, O mito da Liberdade merece ser visto por muitos pais, para entender de vez o que acontece nessa idade ou lembrar.


Ficha Técnica:
Título Original: The Myth Of The American Sleepover
País de origem: EUA
Gênero: Ficção
Ano: 2010
Diretor: David Robert Mitchell
Película: digital
Formato: cor
Duração: 97 min.
Falado em: Inglês



The Myth of the American Sleepover - Official Trailer from Strike Anywhere on Vimeo.

A Lenda dos Guardiões



O que o longa metragem 300” e a animação “A lenda dos Guardiões” tem em comum?

Fácil: o diretor Zack Snyder, é o responsável pela direção desses dois filmes que no todo não possuem nada em comum.

Porém se formos destrinchar pedaço a pedaço as duas obras têm as suas pequenas particularidades em comum, principalmente nas cenas de ações que ocorrem em ambos.  

Entretanto, “A lenda dos guardiões” não me pegou tanto, desde o trailer que gerou o encantamento em muitas pessoas que conheço, em que mim não cativou. Por acaso assisti com a minha namorada a animação, por ela ser uma das pessoas que foram atingidas pela estética do trailer.

Não sei o porquê não tive a menor curiosidade em assistir a animação deve ser porque não guardo tanto interesse nesses gêneros como em longas metragens, animação pra mim é Toy Story que traz consigo uma nostalgia que é difícil de ser superada e o resto delas não me importam tanto. 

Animação de Snyder é baseada nos livros de Kathrn Lask sobre uma batalha travada por corujas. 

É foi isso num ambiente aconchegante a seção iniciou, conhecemos uma família de corujas, de premissa ganham destaque Soren e o seu irmão Kludd, que têm um sentimento de inferioridade em relação ao irmão.

Enquanto Soren sonha com a lenda das corujas Guardiãs contada por seu pai, Kludd é totalmente cético. Certa vez aprendendo a voar, os dois vão parar no chão, onde são capturados por um clã maligno de corujas puras que capturam filhotes para construir um exército do mal cuja intenção é dominar o reino do oeste e grande arvore.

Nesse momento os dois irmãos escolhem o seu lado definitivo, Soren consegue fugir e vence seus próprios limites. Rumo a lugares desconhecidos, ele descobre que a lenda que tanto sonhava é real. Uma batalha se inicia.

                                                     Esteticamente Perfeito

Com uma estética bem trabalhada e com cenas fascinantes a trama acaba de uma forma que o começo já previa. Um roteiro pouco elaborado, cuja intenção é atingir o público infantil.

A lenda dos Guardiões até me resultou momentos tranqüilos, onde só uma arte como o cinema tem esse poder, então não tive tempo de ficar decepcionado como notei em algumas criticas da obra, que argumentaram que o trailer mentiu bem sobre a produção.

Não sei, guardo com carinho os momentos que estava na sala assistindo a batalha das corujinhas.

  Ficha Técnica:
 Titulo orginal: Legend Of The Guardians: The Owls Of Ga Hoole
  Gênero: Animação
  Duração: o1 hs 30 min.
  Ano do Lançamento: 2010
  Direção: Zack Snyder
  Roteiro:  John Orloff e Emil Stem, Baseados no livro de Kathrn Lask

Menino Prodígio


34° Festival de Cinema de São Paulo: Menino Prodígio, produção de origem canadense, dirigida por Luc Dionne, estrelando: Patrick Drolet, Marc Labrèche, Macha Grenon.

Trama que retrata a vida do pianista André Mathieu, um pequeno fenômeno canadense que surgiu na década de 40, com apenas 4 anos de idade já compunha e tocava de uma forma fascinante.

Por seu pai - Rodolphe Mathieu aprendeu a tocar suas primeiras notas em um piano. Quando ainda um menino batia na porta dos vizinhos acompanhado de sua Irma para oferecer seus serviços musicais em troca de moedas.

                                       O pequeno prodígio conquistando a Europa

É foi assim que o pequeno Mathieu conquistou a Europa por seu talento único. Numa cena que gera calafrios de emoção: Diante de um recital com público lotado em Salle Gaveau (Paris) as suas composições refletiam nos rostos emocionados de todos presentes. A crítica parisiense foi unânime em declarar: esse fenômeno do piano trata-se de um novo Mozart.

Serge Rachmaninoff, pianista russo, um dos principais nomes da musica clássica disse ao repórter ao ser perguntado o que era Andre Mathieu, sua reposta foi rápida: é um gênio, é melhor do que eu fui.

Inseridos num contexto novo em um ambiente onde o que impera é o poder, sua mãe e seu pai ficaram deslumbrados, sobrecarregando cada vez mais o menino prodígio e deixando de lado sua Irma, onde literalmente sua existência havia se tornando uma sombra perto da dele.

Pelo governo de Quebec (Canadá) ganhou uma bolsa de estudos em Paris, onde aperfeiçoou o seu talento, no entanto por conta da eclosão da segunda guerra mundial, ele e sua família precisaram voltar para Montreal.

De volta a sua cidade, ele iniciou uma turnê pelo seu país e nos Estados Unidos, no qual novamente tocou todos os presentes com uma performance inesquecível em um recital no New York City. O pequeno pianista responde aos curiosos como cria suas formidáveis canções, imagina estar atrás de um navio observando o canto das gaivotas, seus dedos transformam o abstrato em forma, em sentimento e porque não em vida. O ataque de abelhas, o barulho dos índios viram composições.

Os tempos dourados se foram e a idade para Mathieu chegou. Ele presencia os tempos mudarem. A modernidade chegou à arte antiga é ultrapassada, uma velocidade impressionante acompanha todas as formas culturais.

                                                   O prodígio cresceu e se perdeu

Nesse contexto, o menino prodígio se perde: conhece o álcool, as mulheres, a solidão, o matrimônio. Em um confronto com o seu passado caminha diariamente rumo ao seu próprio inferno pessoal.

Perdido, concretiza que foi esquecido. Sua arte permanece, porém pela infelicidade dos admiradores da boa arte, morreu sozinho no anonimato.

Eu já disse isso antes, é volto a reafirmar, o cinema é foda, tem o poder de inserir o público em diversas épocas, formas e vidas. Não conhecia a obra e a vida desse menino prodígio, pelo cinema acabei sendo apresentado. Para alguns isso é banalizar a obra de determinado artista, entretanto nesse caso, é claro que não é possível retratar fielmente a vida do biografado, mas, ao contrario de promoções publicitárias fajutas (CDs da folha) que propõem adentrar em algum contexto cultural o sem possuir nenhum apelo artístico, essa produção deixaria Mathieu feliz, por tratá-lo de uma forma poética.

                                                          a sua arte

A obra retrata um fato que aconteceu na década de 40 e ainda hoje é colocado em pauta, a quebra da infância da criança, devido o abuso de pais que sobrecarregam erm suas crianças, tudo o que não conseguiram fazer quando tinham idade por incompetência, sucesso e fama.

Sem dúvidas, menino Prodígio foi o melhor longa metragem visto por mim nessa amostra de cinema, porque consegue misturar variações que eu gosto em um universo cinematográfico, trilha sonora orquestrando a cena, a perfeição na sincronia dos atores, o foco da câmera em momentos tristes e a complexidade do protagonista sendo levada em questão ao longo da trama.


Ficha Técnica:
Titulo original: L´enfant prodige
Ano: 2010
Diretor: Luc Dione
Roteirista: Luc Dione
Elenco: Patrick Drolet, Zaccari- Charles Jobim, Marc Lambrèche, Itzhank Finzi, Karine Vanasse, Macha Grenon.

Clara


Clara: Longa metragem dirigido pela alemã Helma Sanders-Brahms, que integrou a 34° Festival de Cinema de São Paulo em 2010.

O filme alemão narra à trajetória de Clara Schuman, uma pianista e compositora nascida em Frankfurt (Alemanha), que foi casada com o também compositor Robert Schuman.
                                                                
A obra não traça detalhes de sua infância e tão pouco nos mostra como a pianista aprendeu a tocar o instrumento que traria evidencia ao seu nome. Marca sua fase já famosa.

A trama inicia-se em um vagão de trem, onde Robert Schuman (Pascal Gréggory) sinaliza ao público por meio de seu diálogo que está cansado de fazer turnês, portanto o casal encontra-se em mudança.

O novo lar é Dusseldorf (Alemanha), ano de 1850, junto com o casal, surgem cinco filhos e mais um a espera na barriga de Clara.


                                                        Clara encantando todos

O primeiro contanto dela com os palcos não demora muito pra acontecer. Espetáculo lotado, sociedade local em peso, diante de seu piano os dedos de Clara (Martina Gedeck) deixam todos paralisados, numa comoção de sinfonias e melodias todos testemunham a magnitude daquele instante. Nesse cenário se apresenta: Johannes Brahms (Malik Zidi) um jovem pianista e compositor que aspira suceder ao talento de Shuman.

Robert Schuman que agora trabalha duro para apresentar sua nova composição e reger a orquestra local tem sofrido oscilações em sua saúde e que piora cada vez mais, com fortes dores de ouvido, se vicia em láudano contra gosto da mulher.

Clara através das crises de seu esposo encontra em Brahms tudo o que necessita de um homem. A jovem promessa que é cinco anos mais novo em relação à pianista encanta de premissa os filhos do casal, que demonstram mais afeto ao novato, do que ao próprio pai. 

                                                           A força do trio


"Bonita como a neve, cortante como um diamante", ela marca sua época sendo a primeira mulher a reger uma orquestra sinfônica.

A trama se desenvolve em direção do Trio, entre o amor é o ódio, as relações acontecem, Schuman constrói em cima do novato um sentimento de sucessão ao seu talento enferrujado, ele por sua vez não consegue mais permanecer perto de sua amada sem amá-la e ela, esconde o seu verdadeiro amor por fidelidade ao esposo de anos.

Perto do final: Johannes Bahms ouve dos dedos de sua amada aquela composição que o tempo tratou de esquecer e que ele numa primeira demonstração de amor fez a relembrar.

Um final comovente, delicado e artístico marca “Clara”. Escrever para que, se podemos ouvir do piano, dos seus dedos eternos aquela mesma emoção que tomou conta daquele tempo.


Ficha técnica:
Direção: Helm Sanders Brahms
Roteiro: Britta Butzmuhlen
Fotografia: Jürgen Jurges
Elenco: Martina Gedeck, Pascal Greggory, Malik Zidi


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