Sambódramo Anhembi
Se você é um crítico feroz do carnaval e costuma usar o argumento de que o ano no Brasil só começa quando essa data termina, provavelmente desconhece a magia dessa época e nunca transcendeu com o samba.
Ontem, dia 13, tive o prazer de saber o que é desfilar numa escola de samba, pelo menos tive a prévia disso (já que era ensaio geral no sambódromo do Anhembi). Pra quem não sabe, vou desfilar esse ano na escola de samba Mancha Verde, estarei na ala Romeu e Julieta com a minha namorada. A razão da ala existir é devido uma homenagem ao escritor Willian Shakespeare, fazendo alusão ao resto do enredo da escola: Gênios e suas descobertas geniais.
Agora tenho a maturidade suficiente pra entender o porquê da comoção do país nessa data. Entendo que nesses dias, questões sociais que implicam a desunião da sociedade e refletem no individualismo, não ocorrem com tanta tendência como no cotidiano. O carnaval não é ciência isolada, existe nela a consciência da importância do coletivo.
Poucas vezes na minha vida, como no ensaio do sambódromo testemunhei num mesmo espaço centenas de pessoas respirando o mesmo objetivo, sorrir e ser levado pela melodia do enredo. Existe a vontade de ganhar, mas isso acaba virando conseqüência perto da magnitude que a atmosfera do ambiente demonstra.
Sigo no pensamento do teórico Mikhail Bakhtin em sua tese da “carnavalização”, no qual defendia que festas populares (carnaval) era a evidência da superação do discurso precário em cima do discurso dominante. Tudo bem, que hoje em dia, o carnaval abriu espaço para elite se apropriar dele, em alguns casos, mas isso é retrato da contemporaneidade (capitalismo), porém, existe uma conjunção de classes sociais em uma mesma atividade, sem menção alguma do poder monetário.
A conclusão é a seguinte: no carnaval esquece-se o estado social. Lá por segundos se consegue levar o ser humano a sua plenitude, como no cinema, teatro, ópera, futebol, argumentos que tira do ser humano toda sua energia. Olha que isso foi somente uma previa, no dia 4 de março (data do desfile) vou conseguir parar o tempo, por alguns minutos.
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