O dia que Amy Winehouse da Favela Morreu!


O seu nome era Creusa, os íntimos a chamavam de Amy Winehouse da favela, apelido dado por tanto se desgastar no caminho da polêmica. Residente desde sempre em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, junto com um irmão e uma avó dividia um barraco de madeira nas margens de um rio, com dois cômodos apenas, uma cozinha, que tinha um pequeno banheiro e uma sala que a noite se tornava o quarto de dormir, desse jeito se virava deus sabe como, mas o certo é que não deixava de fazer o seu rolé. Isso era sagrado.

Mulata com o corpo avantajado, gostosa que só, freqüentadora ativa dos sonhos noturnos das mentes cabulosas dos garotos da quebrada, viu o seu sucesso passar fronteiras é ir de trem da leste até o centro da cidade, com um bilhete único contado era admirada de cabo a rabo, do cobrador da lotação até o bacana engravatado na Love Story.

O telefone sem fio serviu para espalhar a notícia, a velha e mais eficiente comunicação que nunca falha ajudou o seu primeiro hit ganhar as noites paulistanas, “chupo como ninguém” logo se proliferou e os gringos se derreteram, saíndo dos Jardins, Higienópolis e Oscar Freire aos montes, mais gordos do que nunca e o que parece, todos com suas amáveis e bem sucedidas particularidades capitalistas se reconhecendo no desejo, pois assim é aplicado na prática, aquele velho ditado dito pelo meu avô até que faz sentido, na putaria, independente do clero, posição política, classe social todos se identificam.

Com o seu hit tocando em todas as rádios corporativas, Creusa, perdão, Amy, escrito assim no seu próprio cartão pessoal estava na crista da onda, aos 26 anos, havia sido promovida de mais uma caixa para uma prostituta de luxo. Conseguia em um dia de programa, o triplo a mais que em seis meses trabalhado no mercado. No entanto, aos arredores do seu ponto, na frente da Love Story, uma misteriosa e intrigante questão era colocada aos quatro cantos pelos profissionais do sexo. Como uma garota com cabelo esquisito conseguiu esse sucesso repentino? Divagação de Leonor, travesti que ficava ruas abaixo do ponto da nova estrela da cidade.

Odiada por suas colegas e pelos peões que não tinham mais condições de pagar o programa, assim era a vida da diva nas localidades, em compensação, a cada mês passado, se tornava mais vista em eventos, restaurantes cobertos de luxo e até casamento de socialite a bela marcava presença, estava mais batida do que ex-bbb. Porém, o sucesso tem sempre suas armadilhas, da mesma forma que os engravatados gostavam de seus serviços seu desejo por cocaína só aumentava. A cada intervalo de uma gozada, de uma lamentação, de um evento novo, a mulata de São Miguel entrava no banheiro e cheirava, começou cheirando duas onças, quando notou estava cheirando seu programa.

Pessoas ao redor da moça, diziam que o seu problema não era as drogas, mas, a sua escassez de empreendedorismo, já que a cada programa o seu colchão contabilizava uma grana alta e poderia muito bem mudar de ares, em contra partida, a coitada até tentou, ajuntou, comprou bicicleta para o irmão, só que do dinheiro ajuntado viu nota por nota parar na mão do traficante.

A mulata aos poucos foi perdendo sua coroa, de repente voltou a ser mais uma, o seu preço reduziu depois de ser pega cinco vezes roubando o cliente, para graça própria a polícia não foi chamada, restou apanhar calada nos cinco casos.

Prestes á completar 27 anos, a garota que também fazia um ano vivendo de prostituição, estava abandonando o luxo pra viver de realidade, seus programas não estavam mais caros, dizem as más línguas que em troca de um pino abaixava suas calças ou abria sua boca, dependia muito da proposta, mas nada era subitamente imudável. Bastava o desejo pela brisa florescer e as coisas acontecer.

No caminho para goma, a vaidade cedeu lugar para a fragilidade, seus olhos que ensaiavam sorrisos pelos olhares de terceiros, insinuava cansaço e pedia paz dentro de si. Estava sendo vítima da indústria capitalista que a criou, a droga foi lhe apresentada pelos mesmos empresários que hoje dão as costas para o seu sofrimento, toda vez que a encontra embriagada na esquina do fracasso.

Cheia de frustrações e sem dignidade, porque sobreviver pesa, os seus dias a engoliam, para o barraco não voltou, ficou no ar, ninguém sábia onde a moça tinha indo parar. Foi encontrada morta, esfaqueada em um quartinho de ilusão, pessoas próximas falaram que á noite passada a gritaria sobressaiu, parece que um homem alto e cheio de fantasia na oratória havia-a prometido uma viagem para Roma, onde voltaria a ser garota de luxo, no calendário marcava dois meses que a fala não passava de promessa, irritada a rainha quis reempossar a coroa, só que a faca encostada no seu coração não quis nem saber se era verdadeiro o pedido.

Por coincidência, as que o destino prega na gente, a desconhecida Amy morreu no mesmo dia que a sua chará famosa faleceu. Enquanto tablóides do mundo inteiro procuram razões pelo ocorrido, a avó da mulata nem sequer sabia do paradeiro de sua neta. No momento que a nossa televisão era vomitada por “notícias” e “acompanhamento” diário da super glamorização do velório da britânica, a produção do Brasil Urgente recusava noticiar informações do cadáver da desconhecida, achando melhor e de mais valia veicular vinte quatro horas do caso mais famoso.

Anônima, sem o charme midiático para passar, com a mesma idade da outra, sem capa de revista, entretanto, com uma obra grandiosa, brasileira legitima, seu rebolar fazia a festa dos marmanjos da cidade, pórem, morreu sozinha, sem o brilho merecido. Dizem por ai que a cada morte de famoso é encoberto dez mortes comuns, no mínimo.

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