Tragédia do Rio de Janeiro

Hoje, dia 07, quinta feira, uma tragédia de grandes proporções e sem reparos entristeceu uma nação, por motivos ligados a religião (segundo carta de própria autoria), Wellington Menezes de Oliveira entrou em sua ex-escola, a municipal Tasso da Silveira em Realengo (RJ) e atirou friamente nas crianças que ali estudavam. Houve 12 mortes e 11 feridos em estado gravíssimo.

Um fato que atiça o ódio coletivo e cria um vazio interminável de ausência por procura de sentido num ato como esse. Portanto, nesse diagnostico, uma corrente de pessimismo encobre todos os cantos. A televisão se apropria da crueldade e esmaga até o caroço o sangue pra sair dinheiro. A sociedade se mostra solidária e se imagina no lugar das vítimas e depara-se com o sentimento mais arcaico do ser humano, o ódio, diante disso, combate o ódio com o ódio, o mesmo que levou essa pessoa a entrar numa escola e tirar a vida de crianças. Num exercício de procura, outro vácuo de silêncio percorre sem encontrar sentido nessa forma de encarar o fato.

Será, realmente, que todas as posições igualmente demoníacas, amenizam a dor passada e recorrente de alguma forma? Obvio que não, eu custo acreditar que católicos evangélicos, espíritas e etc, crentes em Jesus, reagem com tamanha violência perante a tragédia. Parecem desconhecer que no inicio de sua trajetória Jesus buscava a aproximação de prostituas, bandidos, assassinos, ou seja, teoricamente, a classe mais suja existente.

Longe de querer encontrar uma razão e defender o assassino, só não acho que despertar o mesmo ódio atingindo por ele, seja a melhor alternativa. O ódio ostentado cria verme, sustenta atrocidades, banaliza a violência e a estimula.

Em vez de propagar o falso moralismo atacando um cadáver, vejamos por esse caso triste, o quanto nossa sociedade é falida. Onde estamos indo exaltando tanto lixo cultural? Validando o ódio, esquecendo do amor em nossos carros particulares, a cada dia do ano desconhecendo que se vive numa sociedade ao invés disso seguem presos dentro de uma bolha individual, brigando grosseiramente nos transportes públicos por questões pobres e desnecessárias.

Chamar de demônio e filho da puta é fácil, mas é você? Que já colecionou pensamentos quase idênticos flertando com a morte de um chefe, do inimigo, de um vizinho e etc, o que se faz? Prende você por pensamentos impuros?

Quem é que tem coragem de nadar contra a corrente e ir contra o Fantástico, Sonia Abrão, Datena e sociedade, para pensar além? Ter a ciência de quanto importante é se relacionar e estimular as pessoas que necessitam de ajuda. Os recursos públicos são lamentáveis. A dor não diminui, mas a coragem de fazer diferente e saber que o simples fato de ser um cidadão ciente de seus deveres e direitos, anti incorruptível, pode fazer do mundo um lugar melhor pra se morar e as tragédias como essa podem ser enterradas no passado.

Hoje, li um artigo escrito pelo crítico de cinema Pablo Villaça sobre o assunto, onde clareou ainda mais a minha certeza de que violência não se combate com violência, foi ao final de sua escrita, quando se referiu para lembrarmos pelo que foram e o quanto brilhantes poderiam ser o futuro dessas pobres vitimas.

No cotidiano, seja aqui ou no Rio de Janeiro, ou em qualquer outro lugar, diferentes formas de violência percorrem na cidade, independente do fim, elas ocorrem a todo instante. Que fique claro, que o ruim, a tragédia, o que chocou, o que sai do controle da consciência é reflexo do espelho da hipocrisia humana, que não para um minuto para pensar o que de fato está acontecendo.

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