Os Famosos e os Duendes da Morte


(imagem creditada ao site adoro cinema)

Lembro de ter freqüentado um mini-curso de cinema no cinesesc, sobre os filmes nacionais da retomada de 90, no qual tive a oportunidade de conhecer diferentes projeções brasileiras, porém a principal lembrança guardada, é de um curta-metragem chamado Saliva, uma tocante descrição, áudio visual, dos momentos antecedentes de um primeiro beijo. A partir de então, fiquei atento aos próximos trabalhos de Esmir Filho, o diretor do curta.

Além desta obra, ele coleciona outras realizações, umas delas, é o vídeo mais acessado do Youtube, o Hit Tapa na Pantera.

Agora, seu novo projeto se chama Os famosos e os Duendes da Morte, seu primeiro longa-metragem.

Relata a historia de um garoto, morador de uma cidade do interior gaúcho, fã do cantor Bob Dylan, um internauta ativo, que passa horas dentro de um quarto, conectando a internet, na rede se chama “Mr. Tamborine Man”, homenagem ao seu ídolo. Em meio à relação virtual e o cotidiano parado, entramos em seu mundo interno é testemunhamos os seus enigmáticos sonhos.

Esmir Filho certamente realiza um cinema autoral, o silêncio determina a agonia prevista no seu personagem principal, os poucos diálogos esclarecem o objetivo de cada cena. Por meio da nevoa branca, a fotografia mostra um lugar atingindo pelo marasmo, Na trilha sonora encontramos o fundo para momentos experimentais ou vemos, um dos recursos para afirmação do monótono.

Como insolação, neste projeto cinematográfico, somos testemunhas de um trabalho diferente de tudo que esta sendo feito pela indústria cinematográfica brasileira. Um sincero relato de uma geração que necessita manter uma vida online. Um exemplo claro deste comportamento exposto no filme é a narrativa, revelando o nick virtual usado pelo protagonista, enquanto, seu verdadeiro nome nunca é descoberto.

Os famosos e os duendes da morte cria indagações em sua mente, principalmente para quem faz parte da geração w, emociona em cenas que não precisam emocionar, destaco dentre elas, uma em particular, na qual tremi da cadeira do cinema de tão envolvido, “o protagonista fugindo e depois observando seus avós saindo de casa rumo a festa junina, a pequena comemoração que ainda consegue movimentar os anseios daquela população”. Neste instante, enxerguei e senti uma tristeza cativante, sensação parecida com a mesma que tive quando assisti o curta-metragem Saliva.

Um Brasil achado, uma descoberta parcialmente revelada, uma estória velha contada de uma nova forma, um histórico de festivais belíssimos, um diretor promissor, uma saída pelos fundos, um lugar angustiante, uma bela atriz, não sei como acabar, quero ser Bob Dylan, quero mais cinemas crus, quero passar da minha ponte.

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