Quebrando o Tabu


Não é de hoje que a nossa sociedade precisa deixar de lado o conservadorismo e discutir sobre a nossa relação com as drogas, independente da posição, é necessário debater o tema, para assim dar o primeiro passo. E, dessa forma, Quebrando Tabu, documentário dirigido por Fernando Andrade, se propõe realizar o exercício de discussão, elaborando um clima confortável para futuras reflexões.

A droga sempre foi um tema constante na minha vida, não por ser usuário, mas, por ter notado cedo a dualidade do discurso repressivo, a contrariedade exposta nas políticas e as enganosas propagandas contra o uso, que mais incentivam do que combatem. No Começo ficava sem entender o paradoxo sobre a questão, a inquietude no comportamento dos país em relação ao tema, claro que hoje, vejo e tenho a resposta que o comportamento não passava e passa de um reflexo deturpador que a mídia adota para incentivar o medo, a curiosidade, o lucro que a droga gera para milhões de pessoas.

Coisas que persistem atualmente e que ao meu ver não passam de meras ingenuidades, para não dizer outra coisa, basta se aproximar da verdadeira informação a respeito que terá a prova, ou seja, argumentos pifeis como uma vez usada a droga, viciado nela ou a droga é o caminho para a morte não podem mais ganhar espaço.

Desde que soube o que era droga, que tenho o cuidado de não colocá-la como a protagonista de um possível sofrimento humano, ela só é um objeto que potencializa a circunstância do individuo de acordo com sua história e espaço, sempre se atentando que cada caso segue sua particularidade.

Entretanto um tema desses ainda é tabu na sociedade na qual vivemos, em plena pós-modernidade, beirando a sucessivas evoluções eletrônicas que ocorrem diariamente e na era das redes sociais, isso ainda “quase” reina no Brasil. O assustador é ver o quanto desqualificado e pobre fica o debate nas mãos dos mais jovens, parece que entre eles existe uma herança epidêmica do conservadorismo repassado pelos pais.

Desse modo o documentário: Quebrando o Tabu, que acompanha o Ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso numa serie de percursos que tem o intuito de encontrar políticas regulamentares e opiniões distintas de diferentes figuras mundiais sobre as drogas, em especial a maconha, tem como objetivo inserir a discussão nas classes brasileiras.

As opiniões passadas vão desde ex- usuários a usuários, passando por personalidades como os ex- presidentes americanos Jimmy Carter e Bill Clinton.
Como se pode notar, no nosso país não tão distante de uma posição progressista, mas que a contra partida também enfrenta uma série de retrocessos, precisa de mais documentários assim, que divulgam fatos e mais fatos que desmistifiquem a mitologia que beira o preconceito. Pra você que desconhece muitas questões a respeito das drogas e procura uma opinião mais embasada do que um simples blogueiro, assista o filme, tire suas dúvidas, quebre de vez o tabu.

Para interesse social, o ex presidente FHC participará em conjunto com a Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas para discutir sobre a questão. A data ainda é incerta.

Quem sabe, essa seja a gênese de um futuro eficaz, pelo menos no que diz respeito a esse problema, é que possamos olhar para trás e ver um distante e desinteressante status castrado de embasamento e seriedade.

Em encontro há desencontros


Stacey canta, emocionado fico sem saber o que ela fala, estrangeiro também no ouvindo, a melodia transforma a música em santidade, simplesmente pelo tom ajudar, me sinto Bob Harris, me sinto Charlotte. É preciso ocorrer fatos para se ter a certeza de tão longe você está do lugar que é seu. Tudo é ruído e nada faz sentido. O silêncio de Sofia é belo. Me identifico, mesmo estando nesse país. No caminho, há fim em tudo. De repente você enxerga o que esteve a sua frente o tempo e o momento inteiro, porém justamente hoje, um dia que julgava ser comum se torna revelador. Eu não faço menor idéia, Stacey o que sai da sua voz? Não há como saber, por enquanto, mas, meus passos sabem que no caminho simplório tem lembranças e fins. O fim é inevitável, tudo acaba, tudo passa. As lembranças se tornam saudosismo, ontem, passei na frente de um lugar que remete e preencheu os meus poros naquele dia, hoje, saudosismo puro. Eu queria ver como seriam certas atitudes transformadas em outras coisas, sabe se fosse disco, que viesse agora o lado b disso, só para alimentar a curiosidade. Tenho duas décadas vivas, as vezes aparenta séculos. Andar dói, saber que é o longe a resposta de agora dói, porém anima quando sei que há paginas em brancas por ai, tanta gente, tanta coisa, e saber que não sei o que sai na voz de Stacey me incomoda, pensar dói, escrever de repente foi um remédio e que tem data de validade quando amanhã meu olhar não enxergar a rotina. Mas isso também tem seu fim! Bob Harris, Charlotte, Nina, Mr. Tambourine Man, Supertramp, Antoine Doinel, todos eles em um, todos eles em mim. Amanhã dilataremos distâncias.



De fato não existe amor em SP, a cinematografia paulista reafirma isso!

Toni Ventura, diretor brasileiro, com potencial, realizou uma obra prima contemporânea. Para o feito, usou como pano de fundo uma SP (São Paulo), conhecida por ser uma cidade diversa, onde estende em um mesmo varal: a pobreza e a riqueza. Pode parecer o mais do mesmo em  um dos caminhos do nosso cinema brasileiro, porém, em Estamos Juntos, seu novo filme, há uma Leandra Leal soberba do início ao fim, madura o suficiente para demonstrar na tela que se trata do seu melhor desempenho artístico.

Mas a história que ameaça trilhar o itinerário conhecido não demonstra força apenas com a presença da atriz, que diga se de passagem faz parte de um bolo recheado de cerejas. A mesma SP identificada na canção “Não existe amor em SP” do MC Criolo, ressurge na tela, através da trama de Venturi, que não dialoga diretamente com a canção, mas como o canto diz muito sobre a escassez do amor no concreto, a analogia pareceu válida.

A todo o momento o fio condutor é a própria cidade, que tantas vezes é cenário para a sucessão de egoísmo que persiste e aparece nas diferentes formas, refletindo no cruzamento de desinteresses, que por sua vez causam a ausência do coletivo. E assim, que Carmem - a personagem vivida por Leal sente-se e segue, sem ninguém: esmagada, fora de rumo, estrangeira. A única saída que encontra é se apegar ao lúdico, que de tanto servir, a distância cada vez mais das pessoas. 

Pessoas, que são as mais variadas, como SP é de fato. Desde o seu amigo Gay ou o jovem violinista argentino, passando pelo seu ambiente de trabalho, finalizando por uma comunidade humilde do bairro da Luz, na qual ministra palestras sobre cuidados na saúde. 

Sentimentos, indivíduos, objetos que encontram e desencontram a sua vida. Entre o retrato do drama pessoal de sua protagonista, o longa-metragem, consegue identificar algumas mazelas da nossa metrópole de uma forma nada caricata. 

Real e Seco. Juntando um bom roteiro com uma trilha sonora muito bem desenvolvida e excelentes atuações fazem de “Estamos Juntos” se não uma obra prima contemporânea, um filme muito competente, que merece ser visto, para pensarmos na contradição da nossa cidade, que apesar de estarmos tão perto de todos, continuamos sozinhos, olhando ela através de uma janela.

O Dia P - a mais competente da cidade

Degas Edgar
Descendo as escadas de todo santo dia, surgiu a mente, que poderia desviar o caminho de casa, no corredor do pensamento emergia vagarosamente se transformando legível, o símbolo da sua rapariga preferível. Julia, morena da cor do pecado, cabelos pretos e presos sempre quando vistos, rosto redondinho, boca pequenina, silueta de rainha, corpo que fazia a cabeça dos marmanjos entortar a cada passo dado. Já na calçada, a imagem no cenário mental indicava seu caminho. No logo dos seus 35 anos, pensava que podia fugir do previsível, pelo menos hoje, mas forte igual era a vontade do recuo. Seguia enganado a si mesmo, caminhando a frente quase sem querer. Segurava desde a descida da escada a vontade de mijar, não teve como, teve que parar, numa padaria, estacionou, era daqueles que tinha nojo de por a mão numa privada pública, mas não a boca dentro de uma pequena que aparecesse a sua frente e desse mole querendo algo a mais do que um simples pedido de isqueiro. Devidamente desapertado, estava pronto, apenas pela separação de uma calçada para outra, a sua válvula de escape estava lá dentro, sendo admirada por outros e quem sabe até iludindo outros iguais a ele, por terem sido contaminados pelo olhar refrescante da rapariga mais desejada de SP. Pensava ele, não há de existir outra galega igual a ela, poderiam ter outras milhares mais bonitas e mais gostosas, mas a morena da cor do pecado tinha ardor de repetição e aquele cheiro, pensava, bem na hora que atravessava aquela bendita rua, que mais perto que estava acarretava milhas de distância. Maldita ansiedade, que trouxe ao corpo de repente na descida da escada de todo santo dia. A um passo da porta, veio a lembrança da primeira vez que saiu com a galeguinha, sorriu timidamente já dentro do local, tendo a certeza que o acaso da escolha de outrora resultou no vicio de hoje. Viciado sou, teve vontade de gritar na frente dos rostos suados pelo maltrato da semana. Esperou, nunca gostou de sair com a rapariga depois de um transa anterior, mas nem isso o impedia de colocar a boca dentro, só não gostava, mas o fazia, o velho contemplamento de um homem que sabe que os 40 não tardou e o ameaça a cada noite. Olhar com olhar, foi assim que na descida da morena, o cruzamento aconteceu, sorrisos de ambos os lados, um de seus machos ali sentados esperando pela misera uma hora, ela não levava a serio o seu pensamento., ria com soberania., consicente do seu poder. O que a tinha transformado na melhor puta da cidade foi que o serviço era feito com vontade, o prazer ocorria sem mentiras. Em uma conversa pós-orgasmo houve a confissão: - gosto disso porque nasci para dar o prazer não encontrado no horário comercial, sou competente, não há coisa melhor que imagino estar fazendo agora. Sumiu, o inicio do programa sempre ocorria assim, com essa pouca palavra que não significava nada. Antes de ele fazer o pagamento, ela anotou no caderninho do seu local de trabalho mais um incluido para sua grande lista de clientes de um dia. Já não importava, sem estar a caminho do seu lar, respirava saudosismo puro. Pré-liminar finalizada, agora, era subir a escada de isolados dias, quase raros, hoje em dia, é assim, mas as saudades carnais são maiores que a obrigação disfarçada na rotina de passar o bilhete único e se trancafiar feito gado como se fosse para um matadouro, pra chegar dentro de casa e morrer na frente da televisão, sem dialogo com a pessoa que escolheu dividir a cama de casal dada pela tia. Ela, oposto, consciente da sua ferramenta, sendo coberta por um baby doll roxo. Não era funkeira e muito menos bbb, mas deixava fãs rastejando pelas esquinas da cidade, se não era global pra receber cartinha dos admiradores, trocava o papel, pelas camisinhas preenchidas por instantes de felicidade, todas jogadas nos sacos de lixos deixadas a frente do local, que o lixeiro recolhia pela madrugada de toda quinta-feira. De porta fechada - já prontos pro abate, fio dental escondendo marcas do verão, foi tirado o baby dool, sem conversa e nem pressa, os corpos foram naturalmente deitando na cama velha, nus, enquanto não desse uma hora, o mundo lá fora não existia, a volta pra casa era inimaginável, nus, por cima dela, com o gesto feito pela inclinação da boca frente aos seios redondinhos, mostrou a língua e também sem pressa encontrou uma descida num caminho incansável rumo ao seu vicio, charmosa, gemia moderadamente, profissionalmente, sabia, dar prazer e senti-lo ao mesmo tempo, racionalmente se entregava, ia ao paraíso, beirando a liberdade, mostrando a luz do seu olhar sobre o dele, mas, de pirraça, é só mesmo, voltava para o quarto velho, fingido um distanciamento passageiro, depois o itinerário bocal retomava, e o script dela se desapegava. Marca do verão, corpo em abundância, agia se mexia e pela boca dela assumia o vicio dele e desapareceram para fora deles. Delicadamente, houve além de bocas e sussurros. O delicado nem sempre significou ameno ou sem graça. Do minúsculo buraco da fechadura de dentro saia uma quentura prolongada por uma incrível sintonia de demanda e oferta. Horas a mil, distancias infinitas que foram barrados pelo prazo de uma hora. Satisfeito, satisfeita. Duas camisinhas para serem jogadas no saco de lixo pro lixeiro pegar quinta feira de madrugada. Uma ducha rapidinha, uma briga noutro quarto, quem liga, pensou, depois de uma hora repleta de felicidade. Profissional fazendo o cliente feliz. Que voltará com certeza, em toda esquina, estacionado na padaria, tem cinco de seis lá dentro, que voltam para vê-la. É sempre assim, contente pela fama, esbaldando praticidade nas ações, coerência na escolha e sucesso na forma. A noite apenas começou. Descendo a escada, tem a noção que uma descida significa outra subida, entre descidas e subidas, sua temática de trabalho enobrece aqueles maltratados pela semana. E ele, desce vivo, pra ser transparente embaixo. Enquanto já longe ele tira o bilhete do bolso, chega um cliente com um bolo de festa para comemorar com o pecado chamado morena que assopra a velinha. Ouve-se bem alto vindo de um transeunte que passava na rua: feliz dia da prostituta.

Cachecol - Protagonista da discordia


Não me ufano, prometo o que hein de relatar há de ser verdade, apesar de não aderir a bobagem da generalização, o grande labirinto místico chamado SP, mostra que isso sucede toda vez que a mocinha do tempo informa que uma frente fria se aproxima da gente. Calma lá meu irmão, antes de desistir da leitura, te peço, um instante, para a devida apresentação do meu desafeto. Meninada, idoso, moça bem vestida, garoto afeminado, ora, até mesmo cabra macha sim senhor - está usando o maldito cachecol, aquele acessório que nossa mãe gritava da janela pra gente usar toda vez que a temperatura caia.

O grande q da questão é a transformação que o objeto ocasionou na gente - o coloque é mude de personalidade- tão certa quanto a garantia da massagem no ego por usar um simples pano cobrindo o pescoço. Ha, descarado foi o homem que o inventou, hein de encontrá-lo e cobri-lo de porrada, não costumo usar o corpo antes da mente, mas dessa vez esqueço que penso e viro gorila, só para retribuir de alguma forma o olhar de repudio da madame que o usava no metrô. Outra coisa que fico sem entender, por mais frio que esteja, há de concordarmos que a super lotação na condução, por si só já o afasta, então, para que continuar a incoerência e usá-lo dentro do vagão? Tire isso rapaz, guarde na bolsinha mocinha, o calor humano acontece nos aquece!

Sem falar, nos escritórios regados a modernidade do ar condicionado, que também regula a temperatura a seu direito, mostrando para gente que não há necessidade de continuarmos com o tal pano no pescoço, mas mesmo assim, é mesmo assim .....

Mal humorado eu? Nem tanto, posso enumerar as diversas inconveniências que passei por conta do cachecol, se relar sem querer em um já se torna motivo mais que suficiente para o assassinato mental. Aquele que não se faz, nem se diz, mas pensa. Testei uma vez, observar, podia ser qualquer ambiente, que dividia com o desafeto. Provei meu pensamento, conclusão: a situação fugia da normalidade sempre quando o maldito aparência com sua graça, o protagonista da discórdia, pensei eu toda vez que a coisa ficava preta. Tire suas garras do pescoço daquela garota, que me encara porque vê no meu olho o desgosto pelo mo - delito dela todo elaboradinho naquele pescocinho, mostrando pra fora a arrogância de dentro.

No metrô, na livraria, na escola, na academia (pra que alguém vai de cachecol na academia?), são muitos os lugares onde essa epidemia contamina a socialização entre as pessoas, quem o usa não carece de conversas vazias e divertidas. Até mesmo, no elevador, palco do bate papo sobre o tempo ficou em silêncio quando avistou o maldito, parece que as palavras desistem de descer e o nada decora a descida.

O bichano do pescoço revela ao ser humano algo que ele não é. Vaidade pura minha gente. O mundo se distorceu após sua chegada, as calçadas ao lado das ruas sujas pelos carros, viraram desfile do São Paulo Fashion Week, além da Faria Lima ter virado Times Square, conseguem entender a qual ponto chegamos?

Proponho fazer uma circular, parar no orelhão e descolar o telefone de algum prostituto federal, ligar e convencê-lo a criar uma liminar que proíba o uso do cachecol.

Desse modo, poderemos viver numa sociedade melhor, menos frescurenta e quem sabe, voltar a regalia de embarcar num elevador e ser deparado com a pergunta, você viu? O tempo esfriou. E o frio? Como faz? Há minha gente ele é psicológico. Vaidade pura!

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