Oscar 2011

Oscar 2.0

A noite de ontem - dia 27 de fevereiro - poderia ter sido como outra qualquer, no que diz respeito a festa do Oscar, isso porque a 83° cerimônia de Hollywood continua e vai ser sempre conservadora em algumas aspectos, como nas escolhas de melhoras produções do ano (mas isso comento no decorrer). Porém, algo está movimentando não só a premiação mais prestigiosa da sétima arte, mas, um todo, pode-se dizer a vida.

Eu, como admirador dessa festa e sem TV a cabo, tinha tudo pra se tornar refém da emissora Rede Globo nessa noite, devido a sua falta de coerência em deter os direitos da transmissão e escolher pelo segundo ano consecutivo começar a exibi-la pela metade. Porque o reality show – BBB – que passa no mesmo horário da premiação (as 22:30 hrs) - gera mais audiência. É não poderia, somente em um domingo ter exibição mais antecipada ou mais curta. Se houvesse, a seguinte explicação seria dada para ir contra o ato: imagine tirar ou encurtar a galinha de ouro da emissora, para colocar um evento que interessa um percentual mínimo, para não dizer escasso do publico.  Portanto, como dito, tinha tudo pra ficar furioso e aguardar o fim do programa para conseguir acompanhar a metade do prêmio.

Mas não, dessa vez não Rede Globo. No mundo cibernético: as opções eram diversas para ficar por dentro do que ocorria no Oscar. Tinha dois fóruns: um no site Judão e outro no blog do Masmorra Cast, onde pessoas batiam um papo em tempo real sobre os ganhadores (no esquema de bate papo da UOL) também como opção havia “Ustreams” do site de cinema  Rapadura Cast e do crítico de cinema Pablo Vilhaça, no qual comentavam também em tempo real sobre a cerimônia.  Bem divertido e bem interessante, ambos.

Mas quem está lendo deve estar pensando, mas até ai, não existe a imagem e os portais de notícias poderiam ser sua fonte de informação do mesmo jeito e no ano passado eles já existiam, então, apesar de não ter a TNT e esperar a transmissão da Globo, essas opções são basicamente sistemas de atualizações dos ganhadores,  reiterando, iguais os portais. Então, nos outros anos, já existia a opção de atualizar-se online?  Existe, um reparo a ser feito para ir contra as falsas colocações, as alternativas citadas, são dinâmicas e interativas, fogem de um lado único, do emissor (portais), sendo assim: mesmo sem imagem, de longe se torna uma opção de mais valia do que as duas  transmissões televisivas.

Entretanto, o outro fator que enche os olhos de qualquer um, que está estagnado com o monopólio de uma única mídia, são os “Ustreams” online da própria cobertura do evento, quer dizer, o exemplo direto da desconcentração do poder da mídia tradicional. Nesse cenário de escolhas, estive bem direcionado para conferir da melhor maneira o Oscar 2011.

O que aconteceu:

Bom, após o desabafo, vamos ao que importa: os acontecimentos em si.

Achei melhor colocar em tópicos, o que aconteceu na festa e o que chamou a minha atenção:

                                                          (Foto:  Anne Hathaway e James Franco)

Os apresentadores:
Anne Hathaway e James Franco apresentaram a cerimônia: gosto de ambos, para mim fizeram um bom papel, foi legal  as paródias realizada por eles, para os filmes que estavam  indicados a melhor do ano, destaco a atriz, que esboçava felicidade, parecia estar realizando um desejo de outrora e demonstrou rapidez ao usar vários modelos de vestido. Um fator legal de ser citado, era James Franco twitando em pleno evento.

A origem:
Ganhou 4 estatuetas – fenomenal e merecido - recebeu o prêmio de melhor fotografia, mixagem de som, edição de som e o obvio efeitos especiais.  Cheguei a pensar que poderia faturar o Oscar de projeção do ano, mas, foi um sentimento breve, depois, cai na racionalidade e soube a tarefa impossível acontecer isso. Perdeu o Oscar de trilha sonora, com certeza, entrando na lista dos injustiçados da academia.

Toy Story 3:
Ganhou animação do ano e melhor música - “We Belong Together”. Para mim deveria ter ganhado o prêmio de filme do ano, não por que o Quentin Tarantino falou, mas sim, por entender que a tarefa de criar um terceiro filme para uma história consolidada e ainda bem vista por todos, era muito difícil. É isso ocorreu, o diretor Lee Unkrich conseguiu com maestria o feito.

Atores Coadjuvantes
A dupla Christian Bale e Melissa Leo, do longa metragem: O vencedor, faturaram a estatueta de atores coadjuvantes – puramente obvio. 

                                                    (Foto:  Aaron Sorkin - Roteirista - Rede Social)

 A Rede Social
Saiu com três prêmios: Montagem, roteiro adaptado e trilha sonora. Teve o mesmo problema que “A Origem”, foi lançando cedo demais, por isso, o filme mais “quente e novo”, como “O Discurso do rei” foi o centro dos holofotes. 


                                                                          (Foto: Billy Crystal)

A aparição de Billy Crystal:
Billy Crystal apareceu e me lembrei que ele existia.

A perda do “quase brasileiro Lixo Extraordinário”.
 Ganha de documentário do ano: o filme americano sobre a crise dos EUA – “Trabalho Interno”.  O filme britânico que conta a história do artista plástico brasileiro Vik Muniz trilhando o seu trabalho artístico em, em Duque de Caxias (Rio de Janeiro), com os catadores do lixão de gramacho.

Hale Berry
 A atriz americana faz uma homenagem especial a Lena Horne (uma das primeiras atrizes e cantoras negras a apareceram na mídia americana)

Celine Dion
Canta uma música para os profissionais do cinema que faleceram em 2010.

Itunes (Mais um episódio da velha tentativa de aproximar os jovens da festa)
O reprodutor de áudio foi responsável por um dos momentos mais legais. Em um vídeo que as vozes dos personagens do Harry Potter  e as relíquias da morte, Toy Story 3 e A rede social, cantavam uma mesma canção, fazendo uma parodia dos filmes.

Colin Firth
O ator britânico recebeu a premiação de melhor ator do ano, já merecida, seria injustiça se não ganhasse, merece a estatueta desde o ano passado quando interpretou de uma maneira genial o professor homossexual de “A single Man. Em “O discurso do rei”, leva junto com Geoffrey Rush nas costas, pela qualidade tão visível das duas atuações.

                                                                (Foto: Equipe "O discurso do rei")

O discurso do rei
Ganhou roteiro original, filme do ano e diretor Tom Hopper., além de ator, ficou com 4 estatuetas. Como escrevi no Facebook, sem dúvidas pra muita gente o prêmio não foi merecido, o que iria diretamente confundir merecimento com qualidade, ou seja, as opiniões com certeza adentrariam nas questões de qualidade e pontuariam o escolhido como ruim, só porque a sua aposta perdeu, o que na verdade é uma mera confusão. Já que, a produção do ano é muito bem realizada e bem eficaz.  Mas uma escolha conservadora. 


                                                                       (Foto: Jennifer Lawrence)

Jennifer Lawrence
Estava linda. Não ganhou nenhum prêmio, infelizmente, deu azar por ter competido com Natalie Portman.

Jeff Bridges
Apresentado os indicados a melhor atriz mostrando show de simpatia.

Natalie Portman
Finalmente ganhou seu Oscar de melhor atriz. Estava linda, protagonizou o discurso mais emocionante e a melhor parte do evento, não tenho dúvidas disso. Grávida, a atriz mostrou show de humildade agradecendo a todos. Valeu apena ficar acordado pra testemunhar esse momento. 

                                       (Foto: Christian Bale, Natalie Portman, Melissa Leo E Colin Firth)

Cenas inesquecíveis do cinema: Perfume de Mulher (Scent of a Woman, Eua, 1992)

Começando um marcador novo no blog: Cenas inesquecíveis do cinema.

É para isso não poderia ser de mais valia a cena em que Frank Slade (Al Pacino) dança tango com uma senhorita que acabará de conhecer num restaurante em Nova Iorque. Até aí nada de estranho, uma ação normal, que para os cinéfilos mais chatos não seria motivo para ser lembrada como uma das cenas mais inesquecíveis na história do cinema. No entanto, esse momento épico do filme “Perfume de Mulher” – trata-se de uma aula de interpretação do ator Al Pacino, atuando magistralmente como um ex-militar cego. Sem a visão, ele conduz uma garota numa dança ao som de tango, casado perfeitamente seus passos com a trilha sonora forte. O mais impressionante é como seu corpo inteiro se comporta como alguém sem com deficiência visual. Fornecendo para nós (admiradores do cinema) um momento impar da sétima arte.

A curiosidade que para a composição de Frank o ator recebeu a ajuda de uma escola para cegos. É dentro do próprio set de filmagens se comportava como um (cego) a todo instante. Sem mais, veja o vídeo abaixo e sinta a magia do áudio visual.

A melhor banda dos últimos tempo da última semana: The Black Keys



Sabe aquele álbum que escuta e automaticamente acaba por achar que se trata da melhor banda do momento? Pelo menos pra você: o ouvinte.  Pois é, acho que para os admiradores de uma boa musica isso é freqüente, não que seja modismo ou coisa do tipo, pelo contrário a musica é rica, torna-se impossível a denominação única do melhor ou do pior: os melhores costumam surgir em temporada, a cada mês ou como já dizia uma musica do Titãs, a melhor banda de todos os tempos da última semana.

Ocupando um lugar que já foi de tantas bandas como: Radiohead, Beirut, Los Hermanos, Moveis Coloniais de Acaju e tantas outras, quem aparece ostentando esse humilde título de melhor banda da atualidade pra mim são os americanos “The Black Keys”.

A princípio, ao escutar “as faixas da banda” você tem a impressão de se tratar de um grupo de quatro ou três músicos, no entanto, The Black Keys é composto por uma dupla. Dan Aurbach – vocal e guitarra e o baterista Patrick Carney.

Formado em 2001 na cidade de Akron (Ohio): a banda totaliza oito álbuns lançados e se sustenta como um dos maiores nomes da cena underground americana e mundial. Com o recente lançamento em 2010, Brothers, a banda deslanchou o seu nome no Brasil, refletindo na aparição de clipes na MTV brasileira.

Já tinha ouvindo falar da banda em outrora, gostei muito da sonoridade, que guardando as devidas proporções remetia um pouco a também dupla The White Stripes, porém como não sou muito bom em classificar e criar analogias musicais segui me contentando a exclusivamente ouvir a musicalidade que me impressionará na dupla, só que devido a falta de tempo, de outras bandas, musicas e etc, nunca tinha dado a atenção devida ao Black Keys. Mas tudo mudou no começo desse ano, quando escutei Howlin` For You – pensei cá com os meus botões, que aquela música era inspiradora: a bateria surgindo e a guitarra acompanhando aquelas batidas que me deixavam feliz só por escutar. Pensei novamente, que aquela musica não poderia ser um achado da banda, portanto, com as possibilidades da web 2.0, baixei o último lançamento, foi quando descobri perolas como: Next Girl, Black Mud, Tighten Up, enfim, posso falar do disco inteiro, não seria o suficiente. No metrô hoje, tive um pensamento certeiro ao ouvir She´s Long Gone – to ouvindo a melhor banda da atualidade da última semana.Sem Mais.    

Albúns Lançados: 

Magic Potion (2006)

Porque eu acho o Pânico na TV um programa melhor do que o CQC


Há exatamente dois ou três anos (não recordo muito bem) odiava o Pânico, preferia assistir Zorra Total ao ver o programa dominical da rede TV e o oposto ocorria com o CQC, lembro de sua estréia que me encheu os olhos, tinha cá pra mim, na época, que se tratava de um dos melhores programas já feitos na TV brasileira.

O que mudou? Pois é, o tempo mudou, as coisas mudaram, o ser humano é um instrumento recorrente de mutação. Em tempos da volta do programa de segunda feira da TV Bandeirantes, resolvi apontar por que o Pânico é melhor do que os garotos de Marcelo Taz.

Para ficar bem claro: é preciso constatar que ambos os programas são distintos, possuem pequenas singularidades, porém, para por ai.

No inicio do CQC houve muitas comparações com o humorístico da Rede TV, que naquele instante se encontrava solidado e bem estruturado com a audiência, refletindo num desgaste que o Custe que Custar teve que correr atrás para deslanchar e gerar sucesso. Porém, a onda de êxito trocou de lado, de um instante pra outro, os homens de terno conseguiram o apoio do publico e o a galera da xuripita (que na época nem existia esse termo ainda) ameaçava entrar em decadência, no sentido, de estar com a fórmula desgastada, já que o quadro do repórter Vesgo e o Silvio Santos não estava agradando o telespectador como antes.

O humorístico da Band se tornou sinônimo de humor inteligente, causando o começo da merda e o Emilio Surita junto com a sua trupe conseguiu redescobrir o ponto alto do seu programa, refletindo em um dos melhores programas da atualidade, de competência (bem realizado).

Quando coloco um adjetivo de baixo calão para se referir ao programa de segunda feira é porque não o reconheço mais, pra mim a gênese do ótimo conteúdo televisivo que havia nascido com status de promissor morreu. Também não acho a atual produção ruim, dentre as limitações e o egoísmo da televisão brasileira passa com glória.

Só não entendo o porquê de tanto alarde por parte do telespectador em colocar o programa em um pedestal, acima de tudo que existe na TV, demonstrando a incrível imaturidade receptiva.  Isso é devido ao “intelectualismo” que dizem existir por parte dos humoristas da Band. O humor é um leque amplo de possibilidades, no entanto, não contém rotulações, não existe piada inteligente ou piada burra, o que se tem é bom ou ruim. Nada mais. É outra precisa acabar com essa história de que o humor feito no CQC precisa conscientizar o público, pelo contrário, o objetivo é fazer as pessoas sorrirem, somente, se atravessa esse sentido, não é humor.

Agora coloco a razão de achar o Pânico melhor do que o Custe que Custar: o primeiro completa-se diante da imensidão do humor, se tem quadros variados, piadas diversas e possibilidades distintas, o segundo segue numa mesma linha, a stand up, com tiradas rápidas e só. Eu como espectador que quero sorrir e não quero me informar com um programa humorístico, porque sei que isso não faz sentido, prefiro o programa que me propõe mais opções, que coloca diferentes alternativas para o meu entretenimento. Tornando-se assim no humor, um programa mais completo.  

O que me deixa um pouco desolado, são as pessoas colocarem essa carga terrível de gênero educacional em cima de uma linha humorística, sobre tudo depositarem uma idolatria infantil, parecida com a que existe no programa do Jô, uma falsa reação (constatação) rodeado de ilusão, também não acho o talk show de entrevistas do Jô ruim, no entanto, tenho o equilíbrio de saber que não tem nada de surreal na sua ação, diga-se de passagem, a péssima entrevista que concedeu com o diretor Francis Ford Coppola, sendo uma catástrofe, a evidência de um apresentador perdido diante de um convidado. Que ver um exemplo de programa de entrevistas superior que esse? É não possui o mínimo de prestigio e apelo que o da Rede Globo tem: Provocações na TV Cultura, com Antonio Abujamra, muitos não conhecem, nem sabem o que significa, porém foge do convencional, excelente exemplo de entrevistador e entrevistados.

Não recuso nenhum comportamento televisivo, no sentido de julgar, não tenho essa pretensão, tenho por mim a certeza que cada caso tem sua particularidade, só detesto alarde, falsa movimentação, se quer assistir assista, só não promova, achando que está fazendo o melhor dos feitos. Gosto do Pânico, porque eles não se camuflam no meio de rótulos tolos, afirmam e dizem, somos entretenimento, muitas vezes de baixo calão, porém cumprimos com o objetivo que é fazer nossa audiência sorrir.

Inverno da Alma (Winter´s Bone, EUA, 2010)

(Contém Spoiler)

A premiação do Oscar há tempos vem se tornando previsível e um dos fatos que comprovam essa afirmação é a escolha de indicar a cada ano um filme independente de baixo orçamento para figurar entre os melhores do ano. A academia se rendeu em 1997, ao modesto filme britânico Ou Tudo Ou Nada, que pouco se falava até então, em 2000, foi à vez de um dos primeiros filmes de Tobey Maguire entrar nesse patamar, Regras da Vida, talvez 2007 e 2008 com a Pequena Miss Sunshine e Juno, seja os exemplos emblemáticos da “quase adoção” que o evento acaba tendo indicando filmes que poderiam passar despercebidos devido o pouco custo que refletem diretamente na pouca distribuição de cópias.

Mas o fato que ser indicado ao Oscar acaba causando o oposto do seu destino inicial, conhecido pelo publico e ganhando status de indie a projeção torna-se cultuada. Não que os filmes que eu citei são ruins, mas a fórmula fica desgastada, a cada ano, já sabe-se que vai ter na lista uma produção de porte pequena. 


Inverno da Alma é o exemplo notório de 2011. Só que podemos dizer com cem por cento da certeza que se não fosse lembrado pelo troféu do cinema, muito cinéfilo nunca ouviria falar da história dirigida pela diretora americana Debra Granik. Isso, devido o pouco ritmo e sentimento que a trama carrega.

Com um roteiro bem estruturado e tecnicamente definido: a produção percorre pelo abismo da realidade chegando ao quase registro documental, no sentido de não haver recursos cinematográficos que estamos habituados a ver no cinema atual, uma direção de arte rebuscada, trilha sonora combinando com o sentimento que a cena está querendo passar e assim por diante. Nesse, tudo é bem cru.

Onde? Arkansas, um Estados Unidos diferente da riqueza de Nova York e Las Vegas, por exemplo, nesse ambiente é frio, o espaço é preenchido pelo campo, em quase cabanas, bem modestas, vive Ree (Jennifer Lawrence), uma garota linda de 17 anos, presa pelo laço familiar, cuida de dois irmãos menores e da sua mãe que segue numa situação quase vegetativa.

Sem dinheiro e dependendo de uma pequena madeireira, eles são ajudados pela vizinhança com comida. Algo que contextualiza bem o que é dito por ela ainda no começo da projeção, quando seu irmão pergunta olhando para a mistura do vizinho se deve pedir um pouco, também olhando, ela responde: Nunca pensa o que deveria ser oferecido.

Aplicando o velho ditado que pouca desgraça é bobagem: sua vida se torna ainda mais invernosa, quando um oficial de policia encosta-se a sua casa perguntando de seu pai, sem saber o paradeiro Ree não tem o que dizer, no entanto, seu pai está em custódia e deve comparecer a justiça o quanto antes, se caso não apareça as suas propriedade (casa e a madeireira) serão apropriadas pelos federais, já que ao sair em condicional ele havia dando as propriedades de garantia caso não voltasse.

Ree não pensa, afirma que vai achá-lo. Será que ela está perdendo sua alma? Não se tem certeza já que ela durante um tempo da produção não deixa escapar nenhum sentimento, segue sempre reta, em busca do objetivo de encontrar o pai pra salvar as crianças, não pelo fato de se preocupar com ele, mas também não sente ódio. O peso de tomar conta da família pode ter apagado qualquer restígio de sentimento da alma. 

Saindo à procura pelas redondezas descobre pela má disposição de ajuda dos parentes, que não se trata de uma pessoa que simplesmente não quis se entregar a justiça, mas sim, um buraco que pode não ter fim.

É através desses mesmos parentes e que ela descobre aos poucos qual é o sentimento que possui pelo pai e nessa hora, sem motivação e perspectiva que cai da armadura de ferro e derrama-se ao desespero pedido ajuda a mãe, consagrando a atriz Jeniffer Lawrence, que além de dominar a trama, mostra nessa cena de o porquê foi indicada ao Oscar de melhor atriz. Uma pena já que concorre com Natalie Portman, porque se não, a estatueta já estaria em suas mãos.

O tempo se esgotando e sem nenhuma esperança de mudar o quadro, Ross em outro momento incrível e decisivo da história tenta pelo menos ajeitar a sua vida e talvez seja isso que a sua alma adormecida queria desde o inicio, dentro de um quartel, ela pedi informações para um futuro alistamento no exército, o preenchimento do sonho, enfim a aproximação, não de longe, olhando, mas sim dando o primeiro passo, porém, sua situação impende regalias, um dos responsáveis pelo alistamento a recomenda voltar e cuidar dos irmãos. Outro feito de uma atriz, que não precisa se apegar a clichês, com uma simples olhada, simples mesma, como a cena, deixou o recado que seu sonho acabará de morrer. Um dos primeiros sinais da personagem abdicando a vida.

Pelos passos reais da vida, a situação de colapso que vemos na tela, sabe-se que como a realidade, tem data de inicio e data de término, de repente, Ross, descobre o paradeiro do corpo do seu pai, onde terá sua despedida e a concretização de estar viva, de sentir a alma. Nos últimos minutos, diante dos irmãos ela abdica de vez da vida, pra ser a mãe que de fato precisa ser, pra sempre, longe das nossas visões.

Não vá ao cinema achando que verá cinema, será chamado e sem saber testemunhará a vida como ela é, nada de engraçado, bem simples, sem a condição de lados, do bom e do mal, simplesmente um registro, onde se pode notar a três metros de distância de sua casa ou nem isso, no seu próprio apartamento, desligue o computador e verá - a vida diante de ti. Olhando e mostrando que apesar de dura como osso e fria como um inverno, ela tem solução. Vá de corpo e alma que chegará aonde tem que chegar.

Bravura Indômita (True Grit, EUA, 2010)

(Contém Spoilers.)


“Atenção: antes de prosseguir vou confessar algo no qual não tenho orgulho, só assisti dois filmes dos irmãos Coen e nada mais, “a obra prima – “Onde os fracos não tem vez, 2007” e” o engraçado - Queime depois de ler, 2008” (no qual contém uma morte épica), os cultuados “Fargo, 1996” e “O grande Lebowski, 1998” e tantos outros que a dupla dirigiu, nunca sequer vi.
 
Pronto. Bravura Indômita se trata de um remake de western dos anos 60, dirigido por Henry Hathaway e protagonizado por John Wayne, que ficou famoso ser estrela dos filmes do gênero.

A garota Matthie Ross (Hailee Stainfeld) de apenas 14 anos, encontra-se numa situação distinta a sua idade, com a perda do pai, morto pelo fora da lei – Tom Cheney (Josh Brolin), ela tem o fardo ou objetivo (entenda como queira) de limpar a honra da família e vingar a morte do ente querido, matando o assassino ou levando-o para enforcamento na cidade.

A jovem Ross não sente a responsabilidade da meta, chega à Fort Smith (Arkansas) com uma postura firme, como uma adulta caminha rumo ao encontro do xerife canastrão “Rooste” (Jeff Bridges), para negociar os seus serviços de matador. Isso mesmo, com um currículo de invejar Mike Myers, o velho xerife no inicio não acredita nas intenções da menina, porém depois concorda em correr os setes cantos dos Estados Unidos atrás da recompensa, com a condição de que a menina voltasse pra casa.

Mas a garota quebrou todos os elos de sua infância quando presenciou em plena praça publica a condenação a morte de três sujeitos que cometeram violações a lei. Daquele momento em diante, pelo olhar, ela teve a certeza da vingança, portanto, teria que ir a caça com Rooste pra testemunhar o êxito do serviço e ainda se livrar do fardo.


Em, todavia, parecia que o plano estava traçado, porém, existia outro personagem interessado na captura do alvo, LaBoef (Matt Damon)- Sargento do Texas, disposto a capturar o mesmo sujeito, por uma imensa recompensa oferecida, com tudo: sua missão não destinava a matá-lo, mas sim pega-lo e levá-lo a sua cidade, para ser julgado conforme as leis de lá.

Além de ser contrária disso, por achar que Tom deveria morrer pelo assassinato de seu pai, ela foi deixada pelo xerife para trás. Persistente, conseguiu encontrá-los. Agora, o trio, logo descobriu, que a caça estava integrando o bando de Luck “Ned Peppe, um antigo “conhecido” de Rooste.

A figura de Rooste e LaBoef são semelhantes. É como se fossem a mesma personalidade se encontrando, a velhice e a maturidade. Talvez, por essa razão que ambos brigam, procurando vaidades, a fim de contar vantagem, de qual idade é mais valente (importante).

Tiros, paisagens e viradas de tempo ocorrem e o trio chega ao seu ponto em comum. O desenrolar pouco importa, vemos uma grande seqüência de ação. O interessante mesmo foi saber de o porquê o trio encontrou sua verdadeira bravura indômita. A importância com o próximo faz de você valente. Dono de uma bravura indomável. Dessa forma, também descobrimos que a perda de quem já fez parte da sua vida, concretiza que o tempo só vai se afastando de nós.

Como saldo final: fica o gosto de querer mais Coen. O que antes era um defeito, por não ter assistindo muitos filmes dos irmãos, agora se torna uma ligeira e leve vontade de conferir outras projeções da dupla.

Seu plano está dando certo


De longe: Douglas parece um garoto como esses que você enxerga na esquina da sua rua, mas chegando perto você logo se engana: o menino que hoje completará 18 anos, não tinha nada parecido com ninguém. Ele tinha a sua particularidade, o seu mundo próprio.

Ao seu nascimento, dia 22 de outubro de 1984, até hoje, a mesma data, só que em 1999, um problema vinha persistindo na sua vida e conseqüentemente o atrapalhando. Douglas, moreno, olhos castanhos, nariz avantajado, cabelos pretos e fã declarado de Metallica, era tímido e sofria com isso por não ter muitos amigos e dos poucos que tinha, mal sabia puxar um assunto que não fosse sobre Rock “N” Roll, o que diretamente os deixavam ligeiramente entediados, porque naquela época, o pagode dominava as paradas de sucesso, principalmente onde morava - Arthur Alvin. Dos seus poucos amigos, todos gostavam de “Os Travessos”, que naquele ano emplacava sucessos e deixava a meninada arrepiada ao ouvir os hits “Sorria que eu estou te filmando e Meu Querubim”. Por isso, os garotos se achavam no direito e na obrigação de escutá-los, para conseguir morder um pedaço do bolo ou da maça.  Se é que vocês me entendem.

O cumulo da sua timidez se deu quando ainda aos onze anos de idade sua mãe o contráriou fazendo uma festa e chamando toda vizinhança, todos aqueles que o batiam e deixavam-no pra ser o último escolhido no jogo de futebol.  Para o garoto, tava na cara o interesse dos seus “falsos amigos” em aparecerem na sua casa por causa da festa, do bolo e dos refrigerantes, os convidados que ali estivessem pouco se importariam com Douglas. O que parecia de começo ser medo era receio mesmo da vizinhança inteira incluindo os adultos de invadirem seu espaço, de terem na figura dele o protagonista do evento, o garoto chegou a tentar se acostumar com a idéia, só que minutos prestes a cortar o bolo, teve um impulso e se escondeu no armário da mãe. Por oras, os convidados o procurarão, sem hesito. Somente, seu melhor amigo, Arthur, o único com quem conseguia manter uma conversa linear, o achou, no entanto, por ter enxergado na face do amigo um mal estar danado, deixou passar, fingiu que não encontrará. Daquele momento em diante, Douglas, sabia que com esse podia contar.

Com o emprego novo da mãe de enfermeira, havia conseguido comprar um computador, que montará na Santa Ifigênia no mesmo sábado com o seu Tio que pegou o dinheiro com a mãe.  Não entendia sobre informática, mas seu tio dizia que a máquina que montou era uma das melhores da época. Teve que esperar uma semana até o tio lhe visitar e cadastrar o nome dele no provedor do IG para que começasse a usar a internet. Ainda rede discada na época.

Nos primeiros minutos de uso, seu tio sentava ao seu lado para ensiná-lo. Já à noite e coberto de tédio pelo ensinamento, o garoto começará achar a internet uma chatice, já que seu tio só mostrará coisas que não faziam parte do seu cotidiano. Como sua mãe trabalharia no turno noturno poderia ficar sem receios acordado na madrugada, gostava de assistir os filmes que passava na Rede Globo, já que o computador também ficava na sala, entre um diálogo e outro ouvia saindo do computador um barulho estranho e até engraçando, no começo pouco se importou, mas depois o barulho era constante, no intervalo do filme, se dirigiu ao tio pra perguntar:


- Tio, que barulho é esse? 

O Tio respondeu (mostrando desinteresse):
- É uma ferramenta, no qual eu converso com as pessoas.

(Incógnito) Douglas, perguntou de novo?
- Que?

O tio respondeu (um pouco bravo pela interrupção)
- O nome disso é ICQ, cada vez que faz um barulho é porque uma pessoa ta me respondendo ou que conversar comigo.

O Tio do garoto beirava aos 26 anos de idade, concursando e sem preocupações futuras, levava sua vida de uma forma na qual a sua Irma (a mãe de Douglas) não gostava, entre bebidas e diversão curtia os melhores anos de sua vida. Durante sete anos consecutivos, ele apareceu em sua casa no final de semana, às vezes chegava a dormir, quando tinha algo planejado com alguma garota só surgia pra almoçar no domingo.

Com um breve entusiasmo pela explicação do tio, o garoto foi dormir pensando que queria ter um ICQ. E assim, ocorreu, como ainda não trabalhava e seu amigo também não. Após a escola ambos foram a sua casa para mexer no computador. Arthur, não tinha computador, mas já havia mexido no do seu irmão mais velho que não morava mais com ele. Inclusive, nos finais que visitava o irmão passava horas na frente da tela, participando do bate papo da UOL, onde volta e meia no decorrer da semana falava isso pra Douglas, mas o mesmo nem ligava.

Foi aproximadamente, três horas e meia: o tempo em que demoraram ambos pra criarem sua conta no ICQ, com a numeração 78451120 – Douglas se mostrará frustrado por não ter ninguém cadastrado em sua conta. O oposto ocorria com Arthur, tendo o numero 79461132 permanecia ansioso em adicionar pessoas. Já que naquela região não era rotineiro alguém possuir computador, eles sabiam que se quisessem contatos e ainda mais - femininos teriam que entrar no bate papo da UOL .

É isso aconteceu, como Douglas era o dono do computador, ele teve a preferência em entrar primeiro, barrado na pagina na qual escolhe o nome para entrar na sala, os garotos se depararam com a mensagem (para entrar é preciso ter um nome). Sem pensar, Arthur falou:

Arthur:
- Coloca SPC (uma tosca homenagem ao grupo de pagode Só Pra Contrariar que também fazia sucesso na época)

Douglas (bravo respondeu):
- Não, Metallica/Zl – ICQ: 78451120

É foi exatamente esse Nick que ele digitou para entrar. Há dias Douglas demonstrava uma incrível técnica em digitar rápido somente com um dedo das mãos. Com apenas um dedo na tecla, teve sua primeira conversa online, que resultaria em um adicionamento:

(CONTINUA)

Darren Aronofsky - um gênio


No dia 12 de fevereiro de 1969 nascia no Brooklyn (Estados Unidos) Darren Aronofsky, filho de americano com descendência russa por parte da mãe. Ainda pequeno, junto com a Irma foi matriculado num colégio judeu. Quando adolescente seus país o levavam para ver apresentações no teatro da Broadway, onde gerou a sua vontade de fazer cinema. Cresceu e viveu por um tempo em um Kibutz em Israel, depois concluiu a graduação de antropologia na universidade de Harvard.

Dentro da universidade se interessou por cinema e quis construir uma carreira de animador, onde fez sua animação tese de final de curso “Supermarket Sweep, em 1991”, ganhando alguns troféus pelo trabalho.

No entanto, teve vontade de filmar um filme sobre seus temas preferidos: Judaísmo, matemática e a obsessão do ser humano, foi onde elaborou o roteiro do que viria a ser o seu primeiro longa-metragem, PI. Com o custo de US$ 60 mil, o seu primeiro filme foi lançando em 1998, não alcançado sucesso de bilheteria, mas de crítica e prêmios.

Uma curiosidade da sua primeira película, que é toda em PB (preto e branco) e o dinheiro da produção foi através da ajuda dos amigos e familiares do diretor, que deram US$ 100 cada um.

Após dois anos, realizou em 2000, seu segundo longa: Réquiem para um sonho, onde também obteve apoio da crítica e não a bilheteria. Uma curiosidade da produção é que contém 2000 cortes. A atriz Ellen Burstyn que fez esse filme e conseguiu a indicação ao Oscar de melhor atriz, disse que esse personagem vivido por ela, foi o que mais gostou de interpretar.

Apesar de não ser um mestre em bilheteria, conseguia manter uma base sólida de uma "quase unanimidade" de opiniões dentro do nicho que consumia seus filmes. Causando a veiculação de seu nome como certa no projeto Batman, até gerando uma quase parceria entre ele e a Warner, porém, pelo estúdio não ter gostando do roteiro escrito por Darren e o autor e desenhista Frank Miller cancelou o contrato. Vindo a ser o Batman Begins, dirigido por Christopher Nolan.

Em 2002 Aronofsky tinha do estúdio Fox um orçamento de US$ 75 milhões para filmar o que viria a ser o seu terceiro longa metragem “A Fonte da Vida”, é tinha como atores encabeçando a história Brad Pitt e Cate Blanchet, mas por um desentendimento de  criatividade, Brad Pitt largou as filmagens para gravar a catástrofe de Tróia. Levando a perda do orçamento e da veiculação por parte da Fox, causando assim, um ostracismo de mais dois anos a espera do projeto.

Só em 2006, com um orçamento de US$ 35 Milhões e a veiculação da Warner Bros e com a substituição dos atores, entrando Hugh Jackman e Rachel Weisz como protagonistas, a sua terceira produção conseguiu ser finalizada.

Para o ator Hugh Jackman esse filme trata-se do mais importante de sua carreira e a fita também foi quando Darren conheceu Rachel Weisz, com quem, mais tarde iria se casar.

Em 2008 o diretor conseguiria enfim entrar para o mainstream de Hollywood, filmando “O lutador”, a história sobre a decadência de um ex-lutador de wrestler. Onde a princípio quem iria protagonizar a trama, seria Nicolas Cage, mas devido sua agenda lotada, a opção ficou a cargo de Sylvestler Stallone, que também não podia estrelar, porque estava em fase de gravação dos “Mercenários”, sem as duas opções, o cargo final ficou para Mickey Rourke, que conseguiu conquistar uma indicação ao Oscar de melhor ator do mesmo ano.

Mas, o auge de sua carreira aconteceu recentemente, em dezembro de 2010, quando estreou nos Estados Unidos, Black Swan – que é traduzido no Brasil, como “Cisne Negro”, estrelado por Natalie Portman e alavancando 5 indicações ao Oscar de 2011, incluído melhor filme, diretor e atriz.

Respondendo uma pergunta, Natalie Portman falou que trabalhar com Darren Aranosfsky foi à realização de um sonho e completou dizendo que ele era o diretor dos seus sonhos.

Darren Aranosfsky utiliza os recursos cinematográficos para fazer seu estudo antropológico do ser humano, consegue utilizar-se dos recursos cinematográficos como poucos, abordando de uma maneira autêntica e poética sobre o comportamento humano. É de valia, registrar dois de seus parceiros ao longo de sua carreira cinematográfica: o diretor de fotografia: Matthew Libatique e o compositor: Clint Mansell. Que juntos, fazem obras primas.

Já esta confimado para 2012, o próximo projeto do diretor, é a continuação do The Wolwerine, que ainda está em pré-produção, no qual terá a oportunidade de trabalhar de novo com Hugh Jackman.

Sua Filmografia e um breve comentário sobre seus filmes:

PI (1998)

“Um trailer assustador da obsessão de um protagonista em busca da perfeição.” - “Tomadas geniais”







“Um dos melhores prolongos que eu já vi” - “Uma das melhores trilhas sonoras que eu já escutei” - “Poético, tenso e cheio de sofrimento” - “Um dos melhores, se não o mais bem estruturado longa que fala sobre drogas” - “O recurso da divisão da tela é genial”






“Lindo retratado sobre a vida” - “Cena memorável de Hugh Jackman falando que está pronto pra morrer” - “Metáforas belas” -“Uma obra prima que beira a perfeição”








“Mickey Rourke soberbo” - “Cena emocionante onde o personagem de Rourke – Randy pedi desculpas para a filha por tê-la abandonada.” - “Um retrato tocante sobre a importância de lutar para viver” - “ Uma cena memorável em que Randy se prepara pra começar em seu novo emprego de empacotador de mortadelas e no caminho que percorre até chegar ao novo trabalho, o áudio faz alusão ao barulho idêntico de um lutador entrando no ringue”




“Sua maior obra prima” – “Nunca vi um ator, ser tão soberbo quando Natalie Portman foi nesse filme” – “ Vemos que é uma obra de arte que deixa em aberto interpretações do publico sobre a trama” – “O maior epilogo que eu já vi”- ‘’estou sobre enfeito da trama até hoje”

Sobre o carnaval

                                                                        Sambódramo Anhembi

Se você é um crítico feroz do carnaval e costuma usar o argumento de que o ano no Brasil só começa quando essa data termina, provavelmente desconhece a magia dessa época e nunca transcendeu com o samba.

Ontem, dia 13, tive o prazer de saber o que é desfilar numa escola de samba, pelo menos tive a prévia disso (já que era ensaio geral no sambódromo do Anhembi).  Pra quem não sabe, vou desfilar esse ano na escola de samba Mancha Verde, estarei na ala Romeu e Julieta com a minha namorada.  A razão da ala existir é devido uma homenagem ao escritor Willian Shakespeare, fazendo alusão ao resto do enredo da escola: Gênios e suas descobertas geniais.

Agora tenho a maturidade suficiente pra entender o porquê da comoção do país nessa data. Entendo que nesses dias, questões sociais que implicam a desunião da sociedade e refletem no individualismo, não ocorrem com tanta tendência como no cotidiano. O carnaval não é ciência isolada, existe nela a consciência da importância do coletivo.

Poucas vezes na minha vida, como no ensaio do sambódromo testemunhei num mesmo espaço centenas de pessoas respirando o mesmo objetivo, sorrir e ser levado pela melodia do enredo. Existe a vontade de ganhar, mas isso acaba virando conseqüência perto da magnitude que a atmosfera do ambiente demonstra.

Sigo no pensamento do teórico Mikhail Bakhtin em sua tese da “carnavalização”, no qual defendia que festas populares (carnaval) era a evidência da superação do discurso precário em cima do discurso dominante. Tudo bem, que hoje em dia, o carnaval abriu espaço para elite se apropriar dele, em alguns casos, mas isso é retrato da contemporaneidade (capitalismo), porém, existe uma conjunção de classes sociais em uma mesma atividade, sem menção alguma do poder monetário.

A conclusão é a seguinte: no carnaval esquece-se o estado social. Lá por segundos se consegue levar o ser humano a sua plenitude, como no cinema, teatro, ópera, futebol, argumentos que tira do ser humano toda sua energia. Olha que isso foi somente uma previa, no dia 4 de março (data do desfile) vou conseguir parar o tempo, por alguns minutos.   

Não vi Pelé mas vi Ronaldo

                                                    (Sebastião Moreira/EPA)  

Segunda feira, dia 14 de fevereiro de 2010, exatamente as 12:50 Hrs, o jogador de futebol Ronaldo Nazário anunciou numa entrevista coletiva que estava encerrando sua carreira.

Sou fã declarado de Ronaldo e levanto a tese de que ele ostenta a posição de segundo jogador mais importante pro mundo do futebol, só perde para Pelé. Não, estou me referindo em termos técnicos, mas sim, relevância. É evidente, que o fenômeno é uma maquina de gerar dinheiro. Mas, além disso, acho que existe na figura do craque um apelo fenomenal, que faça quase todos os indivíduos se aproximar do futebol, de alguma maneira possível.

Essa aproximação é feita da seguinte maneira: existem culturas e indivíduos distintos e respectivamente distantes do esporte (futebol), no entanto, existem casos isolados, como o dele que conseguem romper com esse distanciamento e adentra numa cultura, ou seja, em outras palavras, além de Pelé, Ronaldo conseguiu ultrapassar a barreira do futebol para somente os interessados e ir além, se tornando referência para que não saiba nada do esporte. Agora não importa da forma que foi realizado essa popularização, se ocorreram por escândalos, superações, vendas de produto, mas um fato é ele tem relevância suficiente para parar uma guerra. Hoje, no oriente é uma das figuras brasileiras mais conhecidas por lá.

Para se ter a idéia da relevância, ele já participou de um episodio da serie “Os Simpsons”, o que é extremamente difícil para alguém que não seja americano. Não que o fato dele ter tido menção no seriado animado faça dele uma pessoa mais importante, porém mostra evidências do rompimento da barreira do cidadão de um lado somente, integrante de uma categoria específica, onde sua ação só teria relevância dentro do nicho que compõe, para alguém que consegue ir além e se torna noticia alcançando uma maioria. O cara tem relevância, sua decisão de parar de jogar futebol não só repercutiu no caderno de esporte, mas virou pauta integral.

Hoje foi sim um momento histórico, sobre um ser humano fenomenal dentro da sua profissão que conseguiu marcar história e se tornar um mito. O futebol pode já ser mencionado como o pós-ronaldo. Mas, para a felicidade dos admiradores do esporte, está nascendo outra figura que será tão grande como o fenômeno, seja dentro ou fora do campo, Neymar. A cada jogo e a cada fato, vejo nele um cara capaz de ir além.

Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010)

Começa assim, com um sonho. Por alguns instantes, ela torna-se o que é seu por direito, mas que a vida ainda não tornou real. Seria uma obsessão florescendo? Nina (Natalie Portman) acorda e se execercita. Ao mesmo tempo em que cuida do bem mais precioso que possui: o corpo - conta a mãe (Barbara Hershey) que sonhou que estava dançando o prólogo do espetáculo "O lago dos cisnes". 

Prestes a encerrar a carreira de bailarina, Beth (Winone Ryder) sente a decadência se aproximando da alma. O oposto ocorre com Nina, que esboça talento e ainda respira juventude. Uma despedida cheia de lamentações e uma chegada cheia de esperança.

O diretor da companhia de balé - Thomaz (Vincent Cassel) montará o espetáculo de que Nina havia sonhado. "O lago dos cisnes" do compositor Pior Llitch Tchaikovsky. Com a aposentadoria  da antiga bailarina, abre-se a vaga para o papel principal. A pequena promessa sonha em conquistar o que é seu por direito. Todos da companhia sabem o quanto a garota é perfeita para o papel de cisne branco, entretanto não para o papel de cisne negro, já que nesse tipo de encenação é preciso transcender, ir além da técnica.

Mesmo com as criticas do diretor, a bailarina desarma-se da condição de dependente para reivindicar a sua vontade de fazer o papel principal Por alguns segundos consegue ter a imponência que a personagem necessita. Começa ali, a sua incessante procura pela independência.

No entanto, a garota é vitima constante do conservadorismo. Disciplinada, porém insegura, estática, inclusa de criar novos caminhos, atônita segue numa cartilha. Em sua vida nunca bebeu ou se drogou, em momento algum tentou ganhar vantagem em cima da desordem. Para alcançar seu objetivo teria que reaprender a viver?

Apesar da lacuna aparentada, ganha o papel. Hora que Esboça pela primeira vez estar alegre, algo tão incomum em sua vida.

Nota-se que além de triste, parece lutar diariamente contra o afogamento, sente a falta do ar no meio de tanta cobrança, soa até clichê, mas sua vida é assim: sofre cobranças da mãe que outrora foi bailarina e permaneçe frustrada pelo fracasso e cobranças também do seu diretor que cria desordem para buscar a perfeição da moça.

"Quero ser perfeita" - a todo instante essa afirmação parece estampar o seu semblante. É diário, cotidiano. 

Quem nunca se tornou seu próprio inimigo?

Ela é o seu próprio antagonista, demoramos para sacar isso. Mas, enquanto permanece a dúvida (depede do seu ponto de vista) chega Lilly (Mila Kunis), também bailarina, o inverso, pelo menos de antemão mostra-se assim, não é notorio de o porque se aproxima, até porque oras sua entrada  parece ser para mostrar o contraponto de personalidades que existem ali, porém, em outros momentos demonstra-se tão obsessiva quanto à protagonista. Mas o que?  É verdade o que estamos vendo na tela?

Nina tem cuidado especial com o corpo, em suma alinha-se a um padrão único. Na sua existência, nunca soube experimentar, segue reta na "linha certa" do seu mundo sem conhecer a amplitude que ele pode gerar. Thomaz serve para destravá-la e encorajá-la. No intuito de refletir independência.

Para que tanto conhecimento técnico se não há liberdade? Ela corre contra o tempo para encontrar o seu demônio, enfrentá-lo e chorar. Sente o processo da redescoberta de si. A cada segundo sabe que está chegando aonde é seu por direito.

Portanto, enfrenta a sua derradeira briga, em seguida já não é mais Nina, tornou-se a representação perfeita da cria de Tchaikovsky, o cisne negro. Na verdade se formos considerar o recurso da "metalinguagem", ela deixou de ser ela mesmo, quando ganhou o papel e começou a buscar o seu lado negro.


O mundo para: não importa da onde vemos ou quem somos, juntos ou não, agora ou depois, testemunhamos a perfeição de passos em sincronia direta e perfeita com a música. A promessa evoluiu pra realidade - encantando todos presentes. Natalie Portman conseguiu, chegou ao ápice de uma atuação. Darren Aronofsky conseguiu, chegou ao ápice de uma direção.

Não se engane, não é sobre a trama de uma bailarina obcecada por um papel. É sobre a difícil tarefa de viver.

Política uma essência necessária, não um Karma

Tendo a oportunidade de ler o livro “Política para não ser idiota” dos filósofos Mario Sergio Cortella e Renato Janine Ribeiro, comecei a enxergar o quanto era ultrapassada a visão que eu tinha sobre o mesmo. Fazia parte da corrente pessimista, do qual a maioria dos civis exalta diariamente e não hesitava em afirmar: Político bom é político morto. Em suma, caminhei perante os vinte três anos da minha existência achando que o assunto não era pra mim e ficava desconfiado, toda vez que alguém se aventurava nesse caminho.

Entretanto, exatamente algumas semanas (não me lembro ao certo) venho me reeducando a respeito da amplitude que o assunto pode atingir em nossas vidas e como é importante um indivíduo ter uma responsabilidade política. Graças ao ótimo livro, que é didático mesmo e te coloca a par de todos os contextos que a política abrange.

Uma coisa que aprendi de fato que o termo política não se limita a posições direitas ou esquerdas, vai, além disso, se encaixa como um todo, ou seja, diariamente somos políticos, o convívio é a gênese dessa palavra que surgiu na Grécia.

Com essa base fundamental nas mãos, vamos ao ponto de o porquê a palavra vem sendo desgastada há décadas. Tenho cá pra mim que seja pelo evidente acesso as informações que a sociedade conquistou e se pensarmos que antigamente os fatos ocorridos demoravam anos para serem revelados, em casos mais extremos era esquecido pelo tempo, atualmente, em questão de segundos, descobrimos o que acontece na metrópole, exemplo do fato é nessa semana quando uma joalheria do Shopping Morumbi foi assaltada em determinado horário, não passou um segundo é já era possível saber o que tinha ocorrido, através do Twitter de alguém que estava no fato.

Dessa forma: a corrupção, um fator que sempre existiu desde os primórdios e que hoje, aparece com mais evidência, torna o sentimento da população quase igualitário, diremos que fique numa unanimidade muitas vezes, de que a política é um circulo rodeado de corruptos e o distanciamento dos indivíduos é natural. Numa analogia rápida, mais de bastante valia: qual mãe ensina seu filho a andar com pessoas que gozam de más intenções? Não existe, dentro de um cenário sociológico, é evidente que o individuo que se julga dono de um bom caráter não se interessa em sujar sua “boa reputação”.

Mas, o escritor e gênio, Nelson Rodrigues já dizia em suas prosas, toda unanimidade é burra, como conceder que um assunto mal debatido pela sociedade e banalizado a cada eleição, esteja tão determinante de um significado único? Não precisa ter muita instrução escolar para chegar ao ponto no qual me refiro à generalização não existe, caminha sempre ao lado da diferença e do caso isolado.

Agora com o pensamento de que a corrupção existe em qualquer esfera social e não se limita ao campo político, temos dois sujeitos o corruptível e o corruptor, ambos se completam – o corruptível só assume sua função se for dependente do corruptor, o segundo tem dinheiro e o primeiro tem interesse por poder e ganância. Aonde eu quero chegar? Fácil, se não houvesse o corruptível, não existiria a corrupção, de certa forma, quem é corruptível já esteve na situação de cidadão comum, inclusive já reclamou da política.  Quem detém esse titulo? Todos, que de uma forma ou outra deixam ser corromper pelas mazelas sociais e as propagam, exemplos: Quando você utiliza de má fé um serviço preferencial, quando você não usa o banheiro da sua casa e urina na rua, quando está falando mal do próximo, quando age com preconceito, enfim, existem diversas formas de espalhar a corrupção e não precisa estar vinculada a benefícios monetários, mas que aja de uma forma que faça alguém se afastar da conduta correta.

Próximo desses detalhes encarados de pequenos, como posso cobrar o meu beneficio? Se, as minhas obrigações primarias eu não atinjo. Pois, o que eu julgava ser em menor escala dentro de um cenário político, eu degrado diariamente sem precedentes.

O que fazer? Ser militante diário da própria vida, sabendo que isso o trará perto do objetivo político (se é que isso existe), mas o fato é: atingido consciência política consegue-se chegar perto da utópica felicidade, em outras palavras, tendo a certeza do seu papel na sociedade, se vive melhor.

Quando refiro ser militante, não quero usar o imaginário coletivo em torno dessa palavra, pelo contrário, quero usá-la, para definir uma posição correta. Antes, uma breve lembrança: na antiga Grécia, quem era politizado detinha um dos maiores bens da terra, na contemporaneidade os termos se inverteram.

Por isso, é preciso agir fora de si, sabendo da ciência de ser um cidadão, da obrigação autônoma que é necessário ter em cima de sua propriedade, além dos direitos e das obrigações junto ao Estado. Ter a certeza do significado da palavra “Alienado”, no qual Machado de Assis empregou muito bem em seu romance “O Alienista” – onde era usado para classificar uma pessoa que sofre de deficiência mental. Alienado, uma pessoa, que não sabe da sua própria existência, que está aquém da ação do viver. No entanto, uma palavra que há anos vem sendo empregada de qualquer jeito e que com isso propaga o desapego do não saber.

Coloco o termo em pauta, para estarmos cientes também de que muitas pessoas não aprendem algo novo, por causa do comportamento agressivo de uma pessoa que se julga saber mais que a outra, criando assim o nicho dos “falsos alienados”. Um sujeito que gosta de baladas ou uma dona de casa que gosta do BBB, não pode ser taxado de alienado, porque dentre suas atividades, elas sabem muito bem o seu papel, o cara inicia uma vida, de acordo com o seu gosto e a dona de casa está ciente de que é necessário fazer os serviços domésticos, portanto, vivem a vida, só que de uma forma diferente, não possuem o mesmo conhecimento dos rotulados como “intelectuais”.

Só existe a mudança se há incentivo (escolar, privado, publico, alheio e etc.). Não adianta sentar em um bar na augusta e achar que é politizado, taxando todos os diferentes a sua cultura de alienados, sendo que igual a eles, você segue motivado por algum interesse. Utilizando-se de um termo da web 2.0 é preciso compartilhar conhecimentos, fazer mudança com o pouco que sabe - isso é política - construir uma sociedade melhor, caminhar rumo a sua utopia e dessa forma quando estiver caminhando não parar, mesmo que ela caminhe dois passos a frente. A poesia de Fernando Sabino já dizia que ao sermos interrompidos, fazermos disso o nosso caminho novo.

Para fechar: ninguém desliga a televisão para ler um livro se não foi motivado a isso, ninguém para de roubar se não foi motivado a fazer algo contrário e assim por diante meus caros, é preciso fazer da política um pulso vital. 

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