Feliz Natal

"Feliz Natal" projeta o que se tornou a celebração natalina na pós-modernidade. O primeiro filme de Selton Mello no papel de diretor mostra o seu lado desconhecido para o público. Com a câmera na mão e com ajuda da celebração do natal, que torna-se o fio condutor, temos o relato de uma realidade precària de uma familia da classe média do Rio de Janeiro.

A tristeza percorre a projeção do inicio ao fim.

"Natal não é comes e bebes e nem consumação, é o nascimento do menino Jesus" nesta fala dita por Mércia (Darlene Gloria) durante o almoço de natal, vemos o objetivo de Mello na realização da obra.


Os diàlogos muitas vezes são trocados por gestos corporais e fazem o diferencial da trama. A câmera percorre o ambiente e sempre para em algum rosto angustiado, que por meio da feição grita o descontentamento de permanecer preso naquela celebração.

Acredito que Mello só quis colocar na tela um desabafo artístico. Um sopro para sua inspiração, uma forrma de mostra-la sem precisar atuar.


No quesito atuação todos os atores são excpecionais, dos principais aos menos recorretntes a trama. Destaque para interpretações de Leonardo Medeiros, Darlene Gloria e Thelmo Fernandes.



A trilha sonora triste e as luzes me remeteram as obras de Walter Salles. Inclusive uma das personalidades que mais elogiou o filme.

A experimentação também figura em torno da obra, exemplo mostradona cena que as formigas invadem a refeição natalina.


O filme é parado, necessita bons olhos e concetração so deparar os minimos detalhes. Ao final da fita você pode sentir alegria ou raiva, depende muito do seu gosto cinematografico. Mas, eu acho que vale apena ser visto, já que essa realização vigora uma saida dos padrões recorrentes do cinema brasileiro.


Uma boa dica para repensarmos melhor na nossa relação familiar, além de repensarmos no verdadeiro fundamento das datas comemorativas.

A Origem

A origem é uma viagem. Argumento sintetizador para nova obra de Christopher Nolan.

Nessa película, Nolan, conseguiu o imprescindível novamente, criar um blockbuster Cult ao alcance de todos os públicos, ou seja, até esse exato momento, o longa agrada uma quantidade diferenciada de admiradores da sétima arte. Vi, ou melhor, li um percentual esmagador de criticas positivas em torno da obra em questão.

Após, o longa antecessor: Batman- o Cavalheiro das Trevas, adorado pela maioria, Nolan, ganhou certo status no mundo cinematográfico, antes mesmo do lançamento de “A Origem”, o projeto já havia criado um certo burburinho entre os internautas, dando indices pela premissa que estaríamos evidenciando um divisor de águas na cultura cinematográfica, isso, pelo trailer arrebatador circulando no mundo online por meses. Seria contraditório, visto pelo material revelado, se a projeção não fizesse jus à expectativa gerada.

Bem, digo por mim, realmente, aquele trailer me enganou em determinados pontos, argumento isso, por ter me encantado com uma cena que vista naquele instante, havia me rendido a certeza que o filme seria extraordinário, é na verdade foi, no entanto, quando estava na seção é vi que a cena que tanto esperava era uma mera ilustração, sem razão determinada para acontecer, uma simples decoração na trama, fiquei um pouco decepcionado.

Entretanto, esqueci desse fato, e comprei a idéia da projeção é sinceramente, testemunhei uma obra-prima, que soube mesclar diferentes talentos reunidos num mesmo espaço.

Começaremos por descrever os talentos por trás ou pela frente em “A origem”.

Christopher Nolan: Diretor em ascensão, um dos queridinhos de Hollywood, sua filmografia reflete a sua competência, a sua principal façanha e trazer o super herói Batman de volta as paradas de sucesso, criando uma obra prima em Batman- O cavalheiro das trevas, além de ser roteirista também, é não deixar nenhuma lacuna em seu novo projeto.

Wally Pfister (Diretor de Fotografia): Parceiro antigo de Nolan, em “A Origem”, seu trabalho é impecável, apesar de o filme estar rodeado de efeitos especiais, sua fotografia tem um ar de urbanização.

Hans Zimmer (Criador da trilha sonora): Gênio, a sua trilha sonora densa, cria todo o drama que por si só já é drama, com a trilha dele de fundo, deixa nossos corações em pranto.

Lee Smith (Montador): Não o conhecia, acompanha o diretor desde suas produções serem distribuídas pela Warner, nesse, seu trabalho é magistral, montagem padrão Nolan de qualidade, o começo é o final, o final é o começo.

Recursos Técnicos: Por falta de nomes, queria colocar que esses caras envolvidos nos efeitos especiais, são donos de um grande percentual da qualidade que a projeção nos mostra ao longo dos seus minutos, mais acima disse que fui seduzido por uma cena épicas no trailer e que ao longo do filme, era mera decoração, exato, porém se analisarmos em termos técnicos, é uma cena esteticamente incrível, responsabilidade dos profissionais por trás dos efeitos.

Elenco: Um time de estrelas. Dos mais conhecidos aos menos desconhecidos, todos excepcionais.

Leonardo DiCaprio: Vive Don Cobb: Leonardo DiCaprio há muito tempo não escolhe papel ruim, quer dizer para mim, fã confesso do ator, sua filmografia é perfeita, o astro já trabalhou com os melhores diretores de Hollywood, dos mestres Spielberg a Scorsese, ao underground Danny Boyle.

Joseph Gordon-Levitt: Vive Arthur: parceiro de DiCaprio no filme, há muito tempo figura entre as promessas da indústria americana, porém desde o seu último trabalho, 500 dias sem ela, se torna uma realidade, é esta excelente em “A Origem”, para mim, a melhor cena do filme e de antemão uma das melhores da historia do cinema, é quando ele desrespeita a gravidade, é pega o seus companheiros em pleno sono e luta contra os protetores do sonho.

Ellen Page: Interpreta Ariadne, uma estudante de arquitetura: A Juno cresceu e reforça sua competência, faz ótimas cenas com DiCaprio e Gordon-Levitt. Nessa obra ela simboliza a platéia, fazendo as perguntas, que certamente todos queriam fazer.

Marion Cotillard: Interpreta Mal: sou fã dessa garota, ela faz a atuação parecer uma simples brincadeira. É no filme, ela é uma espécie de vilã às avessas. Excelente.


Michael Cane: interpreta o pai de Cobb: Já se tornou parceiro de Nolan, talvez apareça três cenas ao todo no filme, mas é gênio, um dos mestres do cinema.
Tom Hardy interpreta o “falsificador” Eames, não o conhecia, é Dileep Rao, outro desconhecido, interpreta o químico Yusef, fazem um bom papel.

Ken Watanabe vive Saito e Cillian Murphy vive Robert Fischer, figuras carimbadas em Hollywood, também exercem ótimos papeis.

Destaque também para Tom Berenger (Browning) que é o Tio (empregado) de Robert Fischer. É para a participação do veterano Pete Postlethwaite que interpreta o pai de Robert Fischer.

Non, jê ne regrreite rien, musica épica de Edith Piaf, inserida em algumas cenas, como forma de informar que estava próxima a hora do chute (hora que acordam do sonho), é um dos grandes momentos.

Don Cobb e seu parceiro Arthur trabalham como ladrões de informações, no entanto, para esse trabalho ser concluído, necessita da entrada deles no sonho da vitima, para assim roubar a informação no subconsciente.

A trama ocorre quando Cobb e Arthur estão na mente de Saito, no intuito de roubar uma informação, todavia, Mal, ex-mulher de Cobb estraga os seus planos, tornando-se uma espécie de fraqueza para o protagonista nessa ocasião e ao longo da projeção.

O que não estava explicito que aquele trabalho era um teste para os planos de Saito, no qual implica inserir informações no cérebro do empresário Robert Fischer, para anular uma ação que esta destinada a acontecer. Para esse feito inovador em termos de parâmetros do subconsciente, Cobb lidera com a promessa de receber a liberdade que tanto almeja é viver sua vida sem adentrar nunca mais em mentes alheias. Com isso, monta uma equipe de confiança para a ação que mudaria a vida de todos para sempre.

O longa metragem é uma viagem, é necessário e obrigatório a atenção concentrada nos mínimos detalhes, porque, caso seus olhos desvirem da tela, o risco de permanecer perdido a caminho dos créditos finais é altissimo, meu pai que o diga.

Cobb simboliza o homem moderno, perdido em torno dos simulacros da vida. Há muito tempo sem diferenciar a realidade e a fantasia perante o que a mente ordena. Refém do próprio sonho, escravo de uma mente que lhe diz algo, mas não condiz com a verdade, manipulado por diferentes fontes. Bom, a projeção me disse isso, pelo menos, senti algo nesse sentido. Que o poder da mente é incrível, que muitas vezes, o que vivemos não passa de sonhos temporais, momentos breves, que de acordo com a nova percepção atinge uma magnitude determinada e de acordo com a percepção alheia simboliza outra forma. Diria que a obra de Nolan fala de percepção, nada é concreto, mas sim interpretado.

O final da projeção conclui e abre espaço para diferentes interpretações. Isso de longe e de perto é genial. O ápice de um criador, a democracia de conclusões.

Além da excelente temática, “A origem” mostra o quanto longe a sétima arte pode ir, quando entramos na sala de cinema, estamos alheio ao exterior, estamos dormindo, sonhando, às vezes temos belíssimos sonhos, noutras acontecem pesadelos, mais necessitamos do sonhar, seja cru, seja surreal, é cinema. O mestre Felini já dizia, que cinema é a forma mais divina de falar da verdade, uma verdade que é ficção, o que na verdade é sonho.

O sonho é que vivemos, e sempre haverá simulacros, onde eu moro, convivo com pessoas que vivem o que a mente deles determinam viver, se ofuscam de muitas coisas, talvez eu seja um desses também, talves todos vivemos como a nossa mente determina, e a minha mente é cinema. “A origem” reforçou o tão maravilhoso é entrar numa sala escura, escolher uma cadeira no meio de alheios e se deliciar, com sua pipoca ao lado das pessoas que ama e adentrar numa verdadeira experiência.

O longe é aqui O longe é La

No quarto, eu, livre e preso, saio e entro, no quarto, eu, livre e preso, amo e odeio. Aqui eu vejo o mundo na tela do computador. Posso ser quem eu quiser ser, ontem mesmo, eu fui Jack White, amanha serei Bob Dylan, dentro daqui a morte não chega, fora daqui é neblina, caminho incerto.

Por meio da banda-larga me deparo com o longe, eles acham que o longe é aqui, eu acho que o longe é lá. Entro da cozinha, com um copo de leite, aperto o play, o mundo hoje é aqui. Paredes sujas por conta do tempo, lá fora o tempo é o mesmo. A mala que nunca foi usada permanece tampando uma parte da parede suja, os fios da conexão não deixam ninguém chegar perto da mala que nunca foi usada, objeto distante. Mundo distante, simulacro por segundos.

Minha rotina é a mesma, acordo de manha, enfrento a neblina, entro na escola, colegas presos, eu distante, longe distante. Aula de educação física, futebol, o último escolhido, pego no gol, todos presos, eu distante, longe demais daquele lugar, meu corpo preso, minha mente longe demais daquele lugar, fizeram o gol, reclamam, escuto ecos, não olho pra trás, toca o sinal, vou embora, entro no quarto.

A mulher que um dia foi minha mãe e que hoje não sei quem é, que conversar, não quero, bato a porta, aperto o play, hoje, sou Elvis, não morri. O relógio demonstra a hora passada, não fiz nada, lá fora a neblina continua, ela não vai. La longe, dizem ser verão, aqui nem sei o que é, todos envolvidos numa única diversão, o baile da cidade.

Não durmo, eles entram a noite, dizem que trabalham o dia inteiro é a noite que eles conectam, faço perguntas, obtenho respostas, eu sonho, lá fora é longe, lá fora neblina, ninguém passou da ponte, os que passaram nunca mais voltaram. O mundo aqui cheira desconhecido. O mundo aqui cheira mistério. Vejo um vídeo, Emily Haines de fundo, ela aparece, não Emily Haines, ela, sorrindo, subindo a rua das luzes, sorrindo, olhando pra trás, como quem faz um convite. O calendário marca três meses que ela mandou o vídeo, depois, nunca mais conectou, sinto saudades, não sei por que, sinto pontadas no coração, não sei por que, vejo o vídeo todos os dias.

Dia do baile, a cidade sorri, as pessoas daqui com o seu carnaval, da sua forma, todos daqui me olham como se fosse um estranho, ninguém sorri para a forma, só sabem sorrir para o abstrato. Hoje, pretendo atravessar a ponte, na hora do baile, ninguém vai perceber, nem mesmo a pessoa que um dia foi minha mãe, eu choro. Consigo passar, atravesso os fios, a mala vai ser usada pela primeira vez, coloco as roupas, a mulher que foi minha mãe não esta lá embaixo, havia indo pra noite do baile.

Eu ando, a neblina é incerta, a ponte avista, com um sorriso longe caminho, com um choro perto recuo, estou no meio da ponte, olho pra trás, lembro dela, do vídeo, lembro dos daqui, tenho 16 anos, volto pra trás, entro na noite do baile, todos sorri, danço com ela, minha mãe.

Nelo Johann

Nelo Johann é um gaúcho, 26 anos, cantor, compositor é multi-instrumentista.

Descoberta musical do diretor Esmir Filho, que o conheceu por intermédio de Ismael Caneppele, co-roteirista e autor da obra adaptada de seu último Longa-Metragem “Os Famosos e os Duendes da Morte”.

As musicas de Johann agradaram tanto o diretor, que o convidou para gravar a trilha sonora do filme.

Segundo o próprio Esmir, as composições foram fundamentais para criar a atmosfera sombria e deprimida que o filme demonstra ao longo das cenas.

Recentemente, em maio desse ano, ele abriu o show da cantora americana Cat Power em Porto Alegre.

O interessante é a quantidade de musicas que ele já tem gravada com tão pouca idade , são 150 musicas em 12 álbuns, todas independentes e produzidas no seu próprio computador.

Para quem gosta de um som com um ritmo folk, Ala Neil Young, fica o  link disponível para download,  com todos os álbuns: Nelo Johan



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