Alice No País Das Maravilhas


(imagem creditada ao site adoro cinema)

Filas enormes, concentração de crianças num mesmo lugar e a apreensão misturada com o entusiasmo, estes são alguns pontos fáceis de notarem na primeira semana de cartaz do filme Alice no País das Maravilhas. Particularmente desconhecia essa quase obsessão do público brasileiro em torno desta historia, cito de antemão quatro possíveis justificativas para esta movimentação. A primeira poderia ser o convertimento da projeção em formato 3-D, a segunda facilmente inserida com a terceira, o filme é dirigido por Tim Burton, dono de um caloroso grupo de apreciadores de suas obras, a terceira que anteriormente havia citado que poderia ser colocado juntamente com a segunda, seria a existência de Johnny Depp no elenco, gala com o carisma suficiente para reunir o maior numero possível de público dentro de uma sala de cinema, na finalização das opções, a quarta poderia ser, o mais obvio, a própria historia da Alice, antigo clássico da Disney e da literatura inglesa e como qualquer outra historia, contem seus fãs específicos. No final a resposta deste sucesso já esperando é em andamento, é uma conjunção de fatores, nos quais citei e outros que provavelmente ainda aparecem distantes da minha percepção, como o poder da publicidade.

Agora sem uma procura teórica e escrevendo sobre o resultado do filme diante da tela de cinema, o coloco com um evento áudio visual, claro, pensando na conversão em 3-D. Um espetáculo de imagens. Os cenários brilhantemente criados para nos habituar a fantasia do conto de fadas. Prato cheio para quem foi ao cinema querendo embarcar no mundo de Alice.

No entanto, se fosse ver a projeção no formato 2-D, sairia do cinema mal humorado com Tim Burton, diretor extremamente previsível, caracterizado por criar magníficas direções de arte e só. Eu não agüento ver um filme dele mais de duas vezes, para mim à montagem é arrastada. Prioriza tanto a cenografia e acaba esquecendo-se do resto.

Minha opinião parece ser contraditória, ao expressar uma negatividade com o senhor Burton, ao mesmo tempo em que afirmo que sua recente obra seja um evento. Sentar na cadeira e presenciar a sua bela criação visual é delirante, sendo em 3-D é um evento tecnológico. Mas quando nos esquecemos da ambientação do filme é paramos para prestar atenção na narrativa embarcamos num marasmo sem precedentes.

Alice no país das maravilhas é uma obra conhecida por qualquer leigo, não necessita haver um gosto pela literatura, fácil encontrar o inicio e o fim. Quando adaptado pelo cinema, a expectativa é de ser um espetáculo de entretenimento, digno de um Harry Potter, contendo cenas impactantes, alguns artifícios para o suspense da platéia é um mundo impecável. Parece que Burton só captou o ultimo principio para adaptar sua historia, porque, dentro da sua fabula visual, existe conclusões fáceis e cenas estupidamente jogadas no ar.

Não sou tão exigente assim, porém esse estilo Burton é cansativo demais. Como já disse antes, canso de ver todo ano um filme do Woody Allen sendo lançado, é quando os olhos são votados para Tim Burton, já sei que no próximo filme dele ira ter um Johnny Depp, totalmente diferente e rodeado de maquiagem. Neste Alice, até a engatadora Anne Hathaway interpretado a rainha branca é insuportável, se não fosse dito no filme o nome da sua personagem, sairia da sessão achando que ela estava interpretado uma retardada. Os únicos pontos fortes de Alice é a própria Alice, interpretada por um rosto desconhecido, Mia Wasikowska, que consegue dar a leveza que a personagem do conto de fada transmite e o fantástico cenário que o diretor já é bem adorado por saber criar cenários como ninguém.

As Melhores Coisas do Mundo


Foto creditada ao site adoro cinema

A partir da ultima década a adolescência foi rotulada como a idade da rebeldia sem causa. O excesso de alienação paira nos quartos solitários destes indivíduos que buscam notoriedade a qualquer custo, mesmo que seja de uma forma inconsciente. Suas necessidades são supridas rapidamente por meio de um produto especifico a mostra. Os seus problemas são os maiores do mundo, contendo sempre uma solução esperada. O novo filme de Laís Bondazky, diretora do sempre brilhante “o bicho de sete cabeças”, adentra no mundo adolescente em As Melhores Coisas do Mundo.

Escrito pelo marido e roteirista Luiz Bolognesi, as melhores coisas do mundo, nós direciona ao mundo do adolescente da classe média paulistana. No ambiente da escola e fora dela, conhecemos o protagonista da historia, Mano, típico garoto de 16 anos, rodeado de amigos, mal humorado com a família e preocupado com as aparências.

Como escrito acima a historia pode ser retratada por um grupo juvenil da classe media, porém, não seria equívoco afirmar que determinadas cenas relatam, honestamente o cotidiano de uma geração que esteja atravessando esta fase, independente da sua classe social.

Portanto, poderíamos nós, o público, esperar um retrato fiel desta geração, com o longa-metragem de Bondazky? Não, presenciamos um meio termo desta salada chamada adolescência. A confirmação desta resposta é encontrada no personagem, dona de um blog, no qual mantêm as informações dos alunos mais populares da escola. O desnecessário do roteiro, a fantasia do mesmo. Não vejo motivo para a inclusão de um personagem tão caricato, nitidamente emprestado dos besteiróis americanos e malhações sem graça a toda vida. Mesmo, demonstrado alguma insignificância no roteiro De longe um dos pontos fracos da projeção.

Outro desapontamento foi gerado ao inicio, quando a apresentação surgiu. Detesto apresentações existentes com a funcionalidade de fortalecer as legendas, clichê facilmente observando nas obras nacionais. Isto me aborrece de uma forma inexplicável.

O elenco é dividido entre nomes conhecidos e desconhecidos. O protagonista é interpretado pelo novato Francisco Miguez, sua melhor amiga é melhor personagem da historia é interpretada pela novata Gabriela Rocha. Os atores conhecidos são Zé Carlos Machado, Denise Fraga, Caio Blat e Paulinho Vinhena. O astro teen do momento Fiuk, interpreta Pedro, irmão mais velho de Mano, uma das surpresas, com um dos personagens mais interessantes.

Vivemos numa temporada diferente do cinema nacional. As historias com a temática jovem ganham espaço na indústria cinematográfica. Em menos de um mês, aconteceram duas estréias sobre este aparato, Os famosos e os Duendes da Morte e As Melhores Coisas do Mundo, ambos com características próprias e destinados a um nicho especifico de público, o alternativo e o popular.

Os famosos e os Duendes da Morte, estabelece um sentimento de inquietação perante o espectador, As melhores coisas do Mundo torna-se entretenimento, com sinônimo de cinemão, com pintadas de problemas, mas com a solução previsível. Um lhe pergunta e questiona, o outro joga e assopra.

É sempre bom ver o cinema lotado, ainda mais, sendo projetado um filme brasileiro, vida longa as melhores coisas do mundo.

Rômulo Mendes

Os Famosos e os Duendes da Morte


(imagem creditada ao site adoro cinema)

Lembro de ter freqüentado um mini-curso de cinema no cinesesc, sobre os filmes nacionais da retomada de 90, no qual tive a oportunidade de conhecer diferentes projeções brasileiras, porém a principal lembrança guardada, é de um curta-metragem chamado Saliva, uma tocante descrição, áudio visual, dos momentos antecedentes de um primeiro beijo. A partir de então, fiquei atento aos próximos trabalhos de Esmir Filho, o diretor do curta.

Além desta obra, ele coleciona outras realizações, umas delas, é o vídeo mais acessado do Youtube, o Hit Tapa na Pantera.

Agora, seu novo projeto se chama Os famosos e os Duendes da Morte, seu primeiro longa-metragem.

Relata a historia de um garoto, morador de uma cidade do interior gaúcho, fã do cantor Bob Dylan, um internauta ativo, que passa horas dentro de um quarto, conectando a internet, na rede se chama “Mr. Tamborine Man”, homenagem ao seu ídolo. Em meio à relação virtual e o cotidiano parado, entramos em seu mundo interno é testemunhamos os seus enigmáticos sonhos.

Esmir Filho certamente realiza um cinema autoral, o silêncio determina a agonia prevista no seu personagem principal, os poucos diálogos esclarecem o objetivo de cada cena. Por meio da nevoa branca, a fotografia mostra um lugar atingindo pelo marasmo, Na trilha sonora encontramos o fundo para momentos experimentais ou vemos, um dos recursos para afirmação do monótono.

Como insolação, neste projeto cinematográfico, somos testemunhas de um trabalho diferente de tudo que esta sendo feito pela indústria cinematográfica brasileira. Um sincero relato de uma geração que necessita manter uma vida online. Um exemplo claro deste comportamento exposto no filme é a narrativa, revelando o nick virtual usado pelo protagonista, enquanto, seu verdadeiro nome nunca é descoberto.

Os famosos e os duendes da morte cria indagações em sua mente, principalmente para quem faz parte da geração w, emociona em cenas que não precisam emocionar, destaco dentre elas, uma em particular, na qual tremi da cadeira do cinema de tão envolvido, “o protagonista fugindo e depois observando seus avós saindo de casa rumo a festa junina, a pequena comemoração que ainda consegue movimentar os anseios daquela população”. Neste instante, enxerguei e senti uma tristeza cativante, sensação parecida com a mesma que tive quando assisti o curta-metragem Saliva.

Um Brasil achado, uma descoberta parcialmente revelada, uma estória velha contada de uma nova forma, um histórico de festivais belíssimos, um diretor promissor, uma saída pelos fundos, um lugar angustiante, uma bela atriz, não sei como acabar, quero ser Bob Dylan, quero mais cinemas crus, quero passar da minha ponte.

Insolação


(imagem creditada ao site adoro cinema)


Antes mesmo de escrever qualquer coisa, insolação é uma experiência áudio visual. Simples assim, cabe o espectador gostar ou não. Particularmente a historia me estremeceu do começo ao fim. Lembro de ter lido algumas criticas na qual apontavam o filme como difícil de ser digerido, tendo esse ponto de vista ostentado na minha mente, compareci ao cinema meio ressabiado de estar prestes a presenciar uma obra totalmente intelectualizada, um pequeno deleite para os realizadores da obra. Nada disso aconteceu, foi tudo ao contrario, já nos primeiros minutos dei conta de estar presente em uma dos melhores registros feitos no cinema nacional desde Lavoura Arcaica.

É complicado omitir uma opinião diferente de um critico de cinema, principalmente quando você constata observações encontradas dentro da critica que seus olhos não enxergaram no exato momento que o filme passava, o que acaba refletindo em sua opinião sobre determinada historia. Muitos são os fatores para isso ocorrer, primeiro, porque sua percepção ao se deparar com uma manifestação artística, só desenvolve de acordo com o estimulo encontrado, por ter parado algumas horas na frente de uma tela, recebendo imagens e falas. Representa entretenimento? Ou inquietação pelo saber? A segunda razão freqüente para a falta de entendimento em algumas cenas é a cultura estabelecida, pela bagagem cultural os detalhes são vistos naturalmente é a ultima razão é ser enlouquecida pela sétima arte, para perceber os elementos por trás do filme mesmo sem muito conhecimento técnico das linguagens de cada função do fazer cinema. Opino e escrevo sobre películas que assisto. Portanto, sem muito embasamento, contrario todas criticas que ousam questionar a qualidade da historia de Felipe Hirsch e Daniela Thomas.

No dicionário a palavra insolação significa ação de expor ao sol e ação de raios solares sobre um objeto, pertinente ao local da historia e aos personagens expostos, a uma Brasília ensolarada e abandonada. Numa breve comparação utópica, da cidade futura com o sentimento do amor absoluto, os dois argumentos naufragam e se tornam melancólicos. No qual os personagens vivem e intercalam por meio de de pequenos monólogos ou relativas relações. Os diálogos são capazes de anunciar as cenas e o silêncio e a trilha sonora de orientar cada ação.

O que é Paulo José? Atuando como se estive regendo uma orquestra, suas falas, seus olhares, sua feição, perfeito. Logo após ter assistindo insolação, notei numa banca de jornal o Paulo Jose na capa da revista Bravo, por curiosidade ocasionada pela sua atuação, foliei as paginas que continha sua entrevista e vi que este senhor sofre por mal de ausaimer é usa diferentes técnicas para continuar seu trabalho. Genial, uma lição de vida, uma demonstração do amor pela sua profissão.

As boas atuações não param somente em Paulo José, o elenco todo esta bem, sincronia formidavel nos diálogos, excelente dinamismo. A direção de Felipe Hirsch e Daniela Thomas é otima, eles diferenciam em diferentes planos, ora longos, ora closes, ora ofuscado. Na fotografia podem-se observar pequenos elementos que compõem as cenas. A montagem é totalmente teatral, não tem ordem cronológica certa, transformando numa licença poética impressionante, conseguimos captar a aflição de cada personagem.

Terminando o filme e chegando aos créditos finais, queria mais Felipe Hirsch e Daniela Thomas. Obrigado por ter realizado esse trabalho.

A Single Man - Direito de Amar


(imagem creditada ao site adoro cinema)


Difícil é começar a falar sobre Direito de Viver. Somente as palavras não seriam suficientes para descrever. Afirmo que senti, senti sua magnitude, sua beleza, delicadeza, lições, trilha sonora impecável, cada gesto do ator, cada passo, poesia nas cenas e finalmente o silêncio quando o filme termina. A ausência de som, mesmo com a trilha ligada no ultimo volume, complexo, porém genial.

Colin Firth ator discreto, associado por fazer comedias românticas inglesas, trouxe no seu papel, uma das melhores atuações vistas por este que escreve. Interpreta George, um professor universitário homossexual, que paralisa sua vida ao descobrir a morte do seu namorado. Na visão do seu passado, presente e uma perspectiva pelo futuro, seu personagem caminha conforme a trilha sonora o leva.

Tom Ford, diretor estreante, consegue encaixar as cenas juntamente com a trilha de uma leveza impressionante. A fotografia realizada é impecável, trazendo importância para pequenos fragmentos da historia que ajudam entrar naquele ambiente.

Sobre o filme ser votado para o publico gay, como havia lido em alguns veículos, discordo totalmente. A narrativa e vivida por um homossexual, mais poderia ser universal. No meio dessa rotulação, encontra-se uma historia bem mais abrangente, do que um mero relato sexual, cita diretamente a condição do ser humano em determinados momentos, principalmente, quando, o sofrimento afeta todos os campos que preenchem sua vida. Literalmente é algo nítido de ser notado em todas as classes sócias.

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