A Ilha do Medo


(imagem creditada ao site adoro cinema)


Scorsese adentra em uma nova temática em a ilha do medo, transformando o ambiente da historia numa vanguarda do suspense norte americano.

O seu novo trabalho e baseado no livro “Paciente 67”, de Dennis Lehane. Encabeçando o elenco novamente do diretor Leonardo DiCaprio, contando também com os atores Mark Ruffalo, Ben Kingsley, Michelle Williams e Max Von Sydow.

A trama começa quando os detetives Teddy Daniels (DiCaprio) e Chuck Aule (Ruffalo) chegam a ilha Shutter Island (um abrigo para pessoas com problemas psicológicos), em 1954 com intuito de investigar o desaparecimento de uma paciente. Numa linha entre a narrativa e as lembranças vivenciadas pelo protagonista os desdobramentos acontecem naturalmente, transformando o ambiente da historia.

Leonardo DiCaprio interpreta com segurança Teddy Daniels, sabendo introduzir a cada cena a faceta necessária para o seu personagem. Consegue carregar sozinho o andamento final do filme.

Outro ator que merece palmas pela grande interpretação e Ben Kingsley, vivendo Dr. Cawley, diretor do abrigo, que direciona o público até a metade do filme pensar que existe algo errado em seu personagem, mas perde a força nos momentos finais, quando e desvendada a sua importância

Alguns críticos dizem que Scorsese já caminhou pelo suspense em o cabo do medo, porem divago por não tê-lo assistindo. Sendo conhecedor recente das obras do diretor, fiquei entusiasmado com esta nova, vibrava em cada dialogo, do começo ao fim.

Teve duas cenas memoráveis para mim, a primeira quando o personagem de DiCaprio presencia os momentos finais de um general alemão e a outra ocorre no dialogo final entre os personagens de DiCaprio e Ruffalo.

A trilha sonora se transforma no fio condutor da película, as cenas são ditadas pelos fortes acordes de suspense, diferente dos filmes de terror que a trilha funciona como um breve aviso de susto a vista, esta trabalha como um direcionador de caminhos e nos avisa a perturbação que a mente do protagonista vivencia.

Já caminho com a expectativa de ver o próximo trabalho de Scorsese, reflexo do sentimento que tive no final.

Historias de Amor Duram Apenas 90 Minutos


(imagem creditada ao site adoro cinema)


Podem me chamar de entusiasta ou até mesmo de um defensor acido do cinema nacional, coloque em pauta o critério do meu gosto. Claro, respostas vagas, dadas pra ninguém. Na verdade uma tentativa minha de responder ao meu inconsciente sobre a razão de ter se encantado com o filme Historias de Amor Duram Apenas 90 Minutos. Quando por trás dos jornalistas e suas criticas o pontuam como uma obra fraca e um roteiro bobo.

Trata-se da estréia do roteirista Paulo Halm na direção. O elenco é estrelado por Caio Blat, Maria Ribeiro, Luz Cipriota e Daniel Dantas.

A narrativa gira em torno de Zeca, um aspirante escritor de 30 anos, impedido de concluir seu romance parado na pagina 50, por uma crise de existência que mantém a todo o momento. Tem na mesada dada por seu pai seu único recurso de dinheiro. O fio condutor da estória é realizado através do próprio protagonista em off.

Ao contrario do seu comodismo, Julia, sua mulher, transcorre uma personalidade diferente, sendo decidida e ambiciosa por seus sonhos.

A vida de Zeca aparenta haver uma mudança quando desconfia que Julia venha mantendo um caso com uma amiga, Carol, uma dançarina argentina. O seu descontentamento é tão grande, que acaba nutrindo uma paixão louca pela amiga de sua mulher.

Sua obsessão se torna realidade quando os dois se relacionam é iniciam uma relação sensual. Diante deste fato, não consegue ter coragem para contar a verdade a sua mulher é decide ficar com as duas, de tarde com a amante é à noite com a mulher. Porém num determinado momento sente-se culpado.

Algumas ações do protagonista fizeram me lembrar o Cama de Gato, filme B antigo de Caio, onde interpretava um jovem porra louca. Ótima atuação em ambos os filmes. A impressão é que a sua atuação estava bem à vontade. Não é a toa que ele é um dos produtores.

Apesar das gravações terem sido rodadas no Rio de Janeiro e ter o clima ensolarado das praias, a atmosfera da trama é obscura, sempre querendo remeter que Zeca seja um estranho no ninho. A historia poderia facilmente ser contada nas ruas do centro de São Paulo.

A questão da diferença de personalidades é outro ponto interessante. O homem demonstra todo o medo que o ser humano contemporâneo carrega em tomar decisões. A mulher o seu oposto, mostra ser emancipada, capaz de criar as diversas soluções para conseguir seu objetivo e se torna o equilíbrio do casal.

O nome do filme é bem sugestivo e criativo, responde muitas perguntas, portanto, qualquer rotulação com uma historia de amor é errônea, vejo qualidades maiores do que um simples relato de um trio amoroso. Identifico na imagem do protagonista uma geração medrosa que regressa diante das criticas é acaba se acomodando.

Conformismo

O busão para no meio da rua, pouco se sabe o que houve detrás da aglomeração de pessoas. Não demora muito é ouço os primeiros gritos e palavrões. Uma roda ensaia se formar. Deixem brigarem, ninguém se envolve, tapo meus ouvidos a ter que ouvir estas frases mal elaboradas. Duas mulheres brigando por falta de espaço. Uma morena, com o rosto cansando, usando um vestido humilde, com tatuagens amareladas no braço e levando um kit família a tira gosto. A outra negra, usando uma blusa branca e calça jeans, expressando em cada parte do corpo o descontentamento de estar indo aonde iria. Duas pessoas, duas personalidades, duas sofredoras compartilhando de um mesmo sentimento, o ódio de viver nas condições que vivem sem carregar um fio de esperança nos bolsos. Prato cheio para o selecionado público do entretenimento, ver com os próprios olhos uma briga de televisão sendo transmitida em tempo real. Platéia gritando, defensores apoiando seu lutador preferido, o individualismo agradecendo de um lado e do outro enfurecido.

Divago no desfecho final deste fato. Não me importo em como terminou, não agradeço por não ter acontecido comigo é não me sinto bravo pelo atraso que proporcionou.

Porém, vejo o amor cada vez mais distante na linha negra do metrô, enxergo momentos cheirando ilusão, sinto o gosto do individualismo plantado em cada rua, avenida e viela da onde existo.

Canso dessa rotina miserável, brigo contra o tempo dos fracos de espírito, vejo iguais lutando também, alguns persistem, outros se escondem atrás de coisas que não entendem direito é a maioria acaba cedendo à tentação.

Agora, deveria agradecer pelo pobre ter a oportunidade de enganar suas frustrações possuindo um carne das casas Bahia ou parcelando o carro bonito em infinitas prestações. Quem sabe, a caminho da balada, poderia passar na frente de um mendigo com indiferença é gastar todo o meu salário numa noite qualquer.

Mas não, perco o tempo escrevendo é acabo recebendo orientações para conformar-se com a situação.

O conformismo de viver num país onde a distribuição de renda é uma das piores do mundo. O conformismo de contentar-se com o populismo do presidente Lula. O conformismo de sentar a minha bunda no sofá e rir das piadinhas do maravilhoso Pedro Bial apresentando o Big Brother Brasil é ainda torcer por um participante ganhar um milhão. O conformismo de vibrar pelo Brasil na Copa do Mundo. O conformismo de ser conformado de estar vivendo onde existo.

Sem mais, me conformo de encerrar por aqui.

Coração Louco


(imagem creditada ao site adoro cinema)


Em uma atmosfera saudosista, cercada de elementos imprescindíveis para a cultura country, Coração Louco, marca a estréia na direção de Scott Coope.

O filme mostra Bad Blake, antigo ícone da musica country, vivendo no ostracismo, alcoólatra, tocando em lugares minúsculos e inusitados, como um boliche. Numa apresentação corriqueira, conhece a jornalista Jeane Craddock, interessada em entrevista-lo. No meio da entrevista, nasce uma afinidade entre os dois. Com problemas financeiros, Blake, se vê obrigado a abrir o show de Tommy Sweet, um velho pupilo, estourando nas paradas de sucesso. Ensaiando uma volta por cima em sua carreira e começando um relacionamento intenso com Craddock e seu filho, surgem problemas com o álcool.

O country funciona como um fio condutor na historia. Através da musica, adentramos no mundo de Bad Blake, sofremos, rimos, cantamos com ele. Liderando de uma forma brilhante e simplista, Jeff Bridges, interpreta com magnitude e nos cativa a cada cena, mostrando ter sido merecido o Oscar ganho.

Maggie Gyllenhaa constrói de uma forma concisa a jornalista Jeane Craddock, seu receio de relacionar-se com o protagonista é encantador. Colin Farrel interpretando Tommy Sweet consegue transmitir o sentimento de agradecimento carregado por seu personagem. Por ultimo o excelente Robert Durval, que descarta apresentações, mesmo com um papel pequeno, atua bem e participa de um dos momentos decisivos para historia, além de ser um dos produtores do filme.

A narrativa foge dos clichês tradicionais de filmes sobre músicos, os diálogos não se aprofundam nos problemas ocorridos, simplesmente homenageia este universo. A concepção total é basta.nte sincera, tornando-se humano demais

Oscar 2010


É mais um ano a Rede Globo espera o Big Brother Brasil terminar para iniciar a transmissão do Oscar na metade da premiação. Uma falta de respeito ao público interessado pela festa. Algo que poderia ter sido evitado caso tivesse um planejamento na programação da grade, porém, extremamente utópico, perante a realidade pela busca da audiência.

Não é interessante o BBB acabar cedo no domingo, onde a família brasileira espera ver intrigas dentro daquela casa e dormir satisfeito, tendo o que conversar na semana seguinte de trabalho. Portanto, os vencedores das categorias de ator coadjuvante, animação, canção, roteiro original, curta metragem de animação, documentário em curta metragem, maquiagem, roteiro adaptado e atriz coadjuvante, não foram televisionados, por motivos compreensíveis, claro.

A 82º edição do Oscar começou para muitos brasileiros, na categoria de direção de arte, na qual Avatar ganhou.

A cerimônia girou nas escolhas previsíveis, nas quais os jornais já apontavam anteriormente como favoritos. A academia surpreendeu somente na categoria de filme estrangeiro, premiando o segredo dos seus olhos, do argentino Juan Jose Campanella.

Steve Martin e Alec Baldwin foram divertidíssimos apresentando a festa, o melhor momento da dupla foi quando satirizaram o terror Atividade Paranormal.

Numa breve homenagem ao gênero de terror, crepúsculo conseguiu a façanha de figurar no meio de clássicos, como Nosferatu, À hora do pesadelo e Drácula. Nitidamente uma brincadeira de mau gosto.

O discurso mais legal ficou a cargo de Michael Giacchino, vencedor e autor da trilha sonora de Up, pedindo para garotos criativos buscarem seus sonhos.

A novidade foi à homenagem aos indicados a melhor ator e atriz, por meio dos companheiros de trabalho ou atores amigos de longa data. Jeff Bridges levou a estatueta de melhor ator por sua interpretação em coração louco e Sandra Bullock levou de melhor atriz por sua interpretação em um sonho possível.

Guerra ao terror recebeu seis prêmios e foi o maior ganhador da noite, incluído melhor filme e diretora para Kathryn Bigelow, primeira mulher a ganhar. Desbancando James Cameron de avatar, que ficou com três premiações.

A academia ainda é conservadora, os vencedores acabam sendo escolhidos por critérios duvidosos, favorecendo os interesses da indústria hollywoodiana. Queria que Bastardos Inglórios fosse o vencedor da noite, o que não foi possível. Será que um dia algum filme de Tarantino ganhe o Oscar de melhor prodcução do ano?

A Revolução Não Será Televisionada


A principio para dupla de cineastas irlandeses Kim Bartley e Donnacha OBriain estar na Venezuela significava registrar alguns momentos íntimos do presidente Hugo Chávez e depois voltar a terra natal para editar e finalizar com um documentário desvendando quem é a pessoa por trás do titulo presidencial. Porém, nenhum deles imaginavam a atual crise política vivenciada no país. Imediatamente o foco do trabalho mudou, as imagens gravadas se tornaram fundamentais para analisar o golpe de estado sofrido no governo Chávez em 2002.

No inicio mostra-se um Chávez expondo opiniões contrarias sobre a globalização e o neoliberalismo exposto pelos nortes americanos. Nos discursos pra milhões de venezuelanos, enfatiza uma política visando à classe baixa.

O cerco político se fecha, quando Chávez propõe a distribuição dos rendimentos do petróleo á classe carente, gerando revolta nos elitistas de plantão.

Diante de um jogo de interesses, a imprensa e o governo promovem uma batalha de discursos na grade televisiva.

O ponto crucial para realização do golpe de estado acontece durante um encontro intencionado entre chavistas e opositores, nos arredores do palácio presidencial Miro Flores. A imprensa privada usa uma imagem na qual os chavistas atiram da ponte Llaguno em Caracas, para manipular a sociedade, para pensarem que Chávez ordenou a execução dos tiros contra os opositores. Segundo o documentário os tiros foram respostas pelo ataque sofrido dos fracos atiradores liderados por opositores

O governo de Chávez ficou enfraquecido depois do acontecimento e as Forças Armadas da Venezuela tinham o respaldo suficiente para entrar nas dependências internas do Palácio e pedir a renúncia do presidente. Retirado do poder, Chávez, afirma ter saindo por intermédio de uma ameaça de bombardeamento em Miro Flores e não por renunciar.

Pedro Carmona foi declarado novo presidente da republica, horas depois. Uma parte da população saiu às ruas para protestar a decisão, ocasionado um conflito entre os policiais.

Os protestos se tornaram diários e incontroláveis. A sociedade caminhou rumo a Miro Flores e se tornram peças fundamentais para volta de Chávez no poder. A guarda Civil do país chegou ao local alegando proteger o governo de Carmona, no entanto expulsaram todos os membros que haviam tido posse no poder executivo. Carmona conseguiu fugir a tempo. Portanto, a presidência retorna a Hugo Chávez e o povo festeja nas ruas.

Evidente que o relato descrito no documentário e uma visão contada por um lado só. Por este motivo o filme peca, por ser tão partidário do governo Chavez.

O segredo dos seus olhos


(imagem creditada ao site adoro cinema)



O segredo dos seus olhos estreou em circuito nacional na ultima sexta feira, dirigido pelo argentino Juan Jose Campanella. Um nome um pouco desconhecido pelos cinéfilos de plantão, o diretor estréia o seu quarto trabalho e consegue alavancar uma indicação ao Oscar 2010 na categoria de filme estrangeiro. Particularmente descobri o seu trabalho recentemente, sem conhecê-lo direito assisti o seu primeiro trabalho o mesmo amor, a mesma chuva, um drama romântico que aborda o idealismo de um jornalista e um romance distante. Iniciando a parceria do ator Ricardo Darín e da atriz Soledad Villamil que se repete nesta nova obra.

A narrativa intercala entre dois períodos, o estado presente do personagem vivido por Darín, um oficial de justiça aposentado pretendendo lançar um livro sobre uma antiga investigação que marcou a sua vida e o passado onde é desenvolvimento passo a passo esta investigação, na qual conta com a ajuda de seu amigo de trabalho e sua chefe que tornaria sua paixão.

Numa atuação brilhante, Guillermo Francella, o amigo do protagonista, se torna o melhor personagem da historia, com diálogos geniais, como na sua fala ao atender ao telefone, “banco de espermas no que posso ser útil?”. Sua participação rouba a cena, uma indicação ao Oscar de ator coadjuvante não seria nenhuma loucura. Outro momento de destaque na trama é mostrado nos minutos finais quando uma ação do protagonista mostrada no inicio tem relação direta com uma maquina de escrever na qual usava no trabalho e que não funcionava a letra A.

A duração é extensa, em determinados momentos o cansaço e notório. As cenas transcorrem em vários gêneros, nas ocasiões mais tensas a comedia aparece pra quebrar o gelo, quase sempre ineficiente. Sem o carisma apresentado pelo protagonista o romance se torna superficial.

Bem intencionado Campanella tentar colher num mesmo espaço diversos ingredientes, porém não funciona e acaba perdendo a direção do roteiro. O erro fatal foi não ter se posicionado.

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